Capítulo 14

13 2 0
                                    

Walter ria aliviado, seguro de que estava protegido, uma vez que a criatura não conseguia sair completamente da terra e alcançá-lo. Estava tão aliviado que não chegou a perceber o foco de luz que brotara abaixo de seus pés. Apenas sentiu o par de mãos segurar com força seus calcanhares e antes que pudesse olhar para baixo sentiu seu corpo ser puxado terra abaixo.

A terra arranhava seu rosto enquanto descia sem parar a uma velocidade monstruosa. Acreditava que logo chegaria ao centro da terra. O arrependimento de ter brigado com Cristiane se dissipou. Sabia agora que a amiga falava a verdade, uma vez que conseguia sentir cada um daqueles ferimentos. O ar foi ficando úmido, achou que morreria por falta dele. Tentou balançar os pés para se livrar daquela criatura, quando o ar voltou e sentiu seu corpo ser arremessado para bem longe.

A puxada havia lhe levado para outra floresta, mas não havia sinal de monstros azulados ali. Estava em uma trilha em meio a várias árvores. Começou a andar, preocupado aonde chegaria. Sentia frio, muito frio. Levou as mãos dormentes para baixo das axilas na tentativa de aquecê-las. Andou um pouco mais e avistou um corpo caído no chão. Foi se aproximando e percebeu que no corpo faltavam braços e pernas, como se tivesse sido comidos por algum animal. Evitou olhar para a parte comida e olhou para o que ainda estava inteiro. Seus olhos arregalaram-se e um grito rouco saiu de sua boca. Correu até o corpo estendido no chão e se ajoelhou. Tocou na face do homem para ter certeza que o que via era verdade e seus trêmulos lábios se contorceram para falar o nome dele: Breno.

Soltou outro grito, jogando-se no corpo do amigo e chorando. Com a cabeça pressionada no peito do cadáver não chegou a reparar nos vários pares de olhos vermelhos que se acendiam por entre as árvores. Um gruído o vez olhar para trás, ficando cara a cara com a pantera deformada e tendo o mesmo fim do amigo.

ParoníriaOnde histórias criam vida. Descubra agora