Paroníria

Capítulo 18

Sempre fizera calor em seu apartamento, mas naquela tarde Gilvan acordou com frio. O policial havia dormido abraçado com sua namorada que agora estava com o corpo inteiramente gelado.

– Amor? – Chamou ele enquanto a sacudia. A moça não respondeu nada, ficou imóvel. Gilvan puxou o corpo da moça para o seu lado se deparando com um rosto roxo. – Beatriz? – Chamou. – Beatriz, acorda... ACORDAA!! O que está acontecendo? Beatriz.

A moça abriu os olhos bruscamente, sugando todo ar que seu pulmão comportava. Gilvan viu aquela cena paralisado, enquanto a namorada ia ganhando novamente cor. Os olhos de Beatriz lacrimejavam, na sua boca ainda podia sentir o gosto de terra, seus olhos foram de encontro aos do namorado, foi quando não se conteve e jogou todo seu corpo no peito dele e começou a chorar.

_ Beatriz, o que houve?

_ Você me salvou. Obrigada.

Gilvan esperou ela se acalmar para lhe contar o que estava acontecendo. Beatriz sabia que pareceria loucura, mas precisava compartilhar tudo que estava passando com alguém. Pensou cautelosamente em cada palavra que usaria e foi contando tudo, entre choro e soluços, do primeiro ao último sonho. Quando terminou de explicar tudo houve um silêncio de dois minutos para Gilvan assimilar tudo e depois tomou coragem para perguntar:

 _ Você acredita em mim?

_Acredito

Beatriz olhou para ele espantado. Ele percebeu que não era a resposta que ela imaginava que ele iria dar.

_ Eu acredito em você meu amor _ Disse, segurando as mãos dela _ Essa noite eu tive que investigar um assassinato e a esposa da vítima contou essa mesma história, que os sonhos haviam matado o marido. Achei estranho, que ela fosse louca ou que estivesse escondendo alguma coisa, mas agora, com você me contando tudo isso. É tudo estranho, mas se aconteceu com você, com certeza a história dela tem um pouco de lógica.

_ Meu Deus, outras pessoas estão passando por isso também?

_ Aparentemente sim _ Disse pegando o celular, mexeu por alguns minutos e depois mostrou a tela do celular para ela _ Essa é a foto dela, o nome dela é Cristiane _ A cara de espanto de Beatriz foi nítida. _ O que houve?

_ Essa mulher, eu a vi no meu sonho, ela... ela me salvou.

_ Como assim?

_ Não sei explicar, mas os sonhos estão conectados. Ela estava no meu sonho e eu no dela. E ela me salvou.

_ Nossa, eu fui duro demais com ela.

_ Gilvan, precisamos fazer alguma coisa. Ela pode estar dormindo agora, pode estar em perigo. Precisamos encontrá-la. Precisamos saber se ela sabe alguma coisa, se descobriu alguma forma de acabar com isso.

_ Você tem razão. Vá trocar de roupa. Vamos atrás de Cristiane.