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Matheus narrando
08:22

Estou sentado nessa cadeira de hospital sozinho só com os meus pensamentos faz tempo. O Lucas levou a minha irmã para casa, não havia condições de ela ficar aqui essas horas todas. O Miguel estava demasiado cansado, a Bruna adormeceu aqui e ele a levou também.

Eu vou ficar aqui o tempo que for preciso, não quero deixar a Gabriella sozinha tão cedo e o horário de visitas começa daqui a minutos.

O que é que eu vou fazer? Dizer? Não sei mesmo. Só quero estar do lado dela, segurando a sua mão dizendo que vai ficar tudo bem, mesmo não sabendo o que pode acontecer amanhã. Poder realmente falar dos meus sentimentos, mas só na melhor hora para falar.

Letícia: A MINHA FILHA, EU PRECISO DE VER A MINHA FILHA

Comecei a ouvir gritos no início do corredor e quando dei por mim, a mãe e o pai da Gabriella já estavam do meu lado gritando pela filha.

Letícia: Matheus, onde é que ela está? O que aconteceu? Como assim ela foi estrupada? - lágrimas caíam do seu rosto enquanto o marido a abraçava de lado com uma cara terrível, ele também estava mal com isso.

Bruno: A gente precisa de a ver enfermeira. É a nossa menina.

Enfermeira: Vocês são os pais da Gabriella Fernandes? - assentiram - ela está muito assustada com a situação, já lhe demos uma medicação que vai fazer com que ela se acalme e o mais rapidamente possível vamos marcar uma consulta com o psicólogo. Por enquanto ela ainda está acordada, e como são os pais podem ir vê la agora, me sigam. - e lá estou eu, sozinho outra vez nessa merda de hospital

Gabriella narrando

Flashes da noite de ontem percorrem a minha mente desde que acordei. Eu não consegui reagir, eu não fiz nada. E ele conseguiu o que queria, eu sinto um vazio gigante dentro de mim, como se faltasse algo.

Eu estou cheia de dores, cheia de roxos pelo meu corpo inteiro.

Letícia: Gabriella? - olhei para a porta do quarto vendo a minha mãe e meu pai, não queria que eles me encontrassem desse jeito - a gente está aqui meu amor, você não está sozinha.

Desabei naquele momento. Meus pais estão se fazendo de fortes por mim, mas sei que eles estão muito mal mesmo. Porra, porque é que isso me foi acontecer?

Meu pai ia em direção á minha testa, para deixar um beijo lá como ele sempre faz.. mas eu me encolhi só pensando no toque de um homem outra vez.

O encarei e vi que ele estava sem brilho nos olhos, mas deu um sorriso leve.

Ficou um silêncio estranho, eles se sentaram numa poltrona que tinha no quarto encarando o chão.

Gabriella: Algum deles está ali fora? - sussurrei e minha mãe assentiu.

Bruno: O Matheus está esperando que dê o horário de visita, parece que está aqui faz muito tempo.

Não tenho cabeça para pensar nele agora. Eu não o culpo, eu saí sozinha porque quis.

Gabriella: Eu me lembro.. que dois meninos me ajudaram. Sabem se eles voltam aqui? Eu queria agradecer.

Letícia: A gente não sabe amor, mas se quiser eu posso perguntar. - sorriu.

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Um tempo se passou e meus pais foram comer algo. Já passou das 9, então daqui a pouco alguém deve chegar para me ver.

Não quero que me vejam desta forma, eu sempre tentei ser o mais forte possível, por mim e por todos. Mas eu não estou conseguindo ser essa Gabriella, sei que quando entrarem aqui a única coisa que vão sentir é pena e eu odeio que sintam pena de mim.

O vizinho do ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora