Capítulo 3.

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Depois que cheguei em casa, já no fim da tarde, com Isaac a tira colo, pois o saturn boy, passava mais tempo na minha choupana do que na sua própria, comemos um bolo de nozes inteiro, que minha mãe havia feito no dia anterior, e fomos jogar vídeo game.

Isaac é um hétero convicto, até a raiz dos cabelos, embora nunca tenha tocado, nem visto uma xota ao vivo em toda a sua existência de dezessete anos. No entanto, ele ama me fazer perguntas relacionadas a minha homossexualidade.  O que não me irrita, bom, quase sempre.

Enquanto jogávamos um jogo de luta qualquer, em que eu ganhava, claro, porque ele é péssimo nesse tipo de jogo. Lá veio ele com mais uma das suas indagações.

-Kev, como você descobriu que gostava de homem?_ ele disse, me olhando por cima dos óculos que mais pareciam binóculos de tão grossas as lentes.

Eu respondi a verdade a ele, bom, não tão detalhada quanto eu contarei agora a vocês, mas eu disse a verdade.

Enfim, eu acho que ninguém descobre que é gay, a gente sempre sabe, bem lá fundo que somos diferentes. A gente só vai se certificando ao longo do tempo.

Eu desde muito pequeno me sentia diferente em relação as meninas, e não, não estou falando daquela raivinha e implicância que os meninos tem na infância, que mais tarde se torna desejo. Eu honestamente não via nada demais nelas, calma, eu acho as mulheres incríveis, lindas, e muito melhores que os homens em tudo. Mas eu não me importava com nada relacionado a elas.  

Então, conforme eu crescia, e ganhava algum entendimento sobre as coisas, eu me achava mais e mais diferente. Eu gostava de reparar nos meninos, no modo como falavam, riam e como ficavam bonitinhos quando estavam vermelhos de jogar bola. Já na meninas, bem, eu só notava que elas existiam.

Não havia nenhuma malícia sexual na minha observação, afinal, eu ainda era muito criança. Mas isso mudou quando eu tinha por volta de treze anos, quando em uma festinha de aniversário, eu tive meu primeiro real contato com o sexo masculino.

Will era filho dos nossos vizinhos, nós brincávamos sempre juntos, eu, embora sem segundas intenções, já havia reparado no quanto ele era bonito. Loiro, olhos verdes e sardas nas bochechas. Ele era um bom colega, e passávamos bastante tempo juntos.

No seu aniversário de treze anos, seus pais fizeram uma grande festa, e alugaram diversos brinquedos, que não condiziam com nossas idades, o que não nos impediu de brincar nos mesmos como selvagens.

Enquanto os adultos bebiam seus drinks de verão, eu, Will, Isaac e outras crianças do bairro nos divertíamos entre a piscina de bolas, o tobogã e a cama elástica.

E foi na bendita cama elástica que tudo se iluminou para mim, tal qual o brilho dos figurinos de Rupaul's Drag Race.

Eu e Will estávamos lá, pulando e rindo como duas crianças idiotas que éramos, bem, eu ainda sou idiota. Quando em um salto, nos chocamos no ar e caímos, eu por baixo, e sim, ele por cima de mim, e com a posição, o meu pau e o dele, foram imprensados um no outro.

Fora só alguns poucos segundos, e enquanto meu rosto queimava, vermelho como a bunda de um babuíno, Will gargalhava alto. E naquele curto espaço de tempo, a ficha caiu.

Porque eu gostei muito daquele breve contato corpo a corpo, e pelos saltos altos de Lady gaga, eu gostei muito!

Passei semanas, senão, meses pensando naquilo, no suave roçar dos nossos corpos, na fina linha de suor que escorria por seu pescoço e pelo som da sua risada. Não preciso nem dizer que nunca mais o olhei do mesmo modo, mesmo continuando a brincar com ele quase diariamente.

Um tempo depois ele e sua família se mudaram para outra cidade, e desde então, nunca mais o vi nem ouvi falar dele. Mas imagino que ele deva estar muito mais bonito hoje em dia.

Não muito tempo depois, como se a minha mente quisesse uma confirmação absoluta de que eu gostava mesmo de garotos, eu decidi, depois de ganhar um laptop de natal, acessar sites pornográficos. Quem nunca né?

E óbvio, após tentar e falhar miseravelmente em assistir vídeos héteros de mulheres lindas, eu enfim, tive coragem de buscar por pornô gay.

E meu amigos…

Na primeira cena, quando dois morenos musculosos começaram a se beijar, a minha mente já pirou. Tenho certeza que um fio de babá escorreu pela minha...boca.

Na sequência, os caras passaram a se masturbar e logo depois um deu ao outro uma belíssima chupada. Pela beleza de Jason Momoa, meu pau cresceu tanto que pensei que ele fosse rasgar meu short de algodão.

Não preciso dizer o que aconteceu a seguir, e claro, eu me masturbei como um louco, gastando dúzias de lenços de papel.

Ao final, uma sentença foi dada a mim mesmo, quando pensei.

" É isso, eu gosto de pau."

I Hate Apple! ( Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora