I Hate Apple! ( Romance Gay)

Capítulo 32.

Vocês sabiam que a vida pode ser estranhamente boa às vezes?

Pois é, ela geralmente é.

Meu aniversário estava próximo, e como sempre, minha perguntou se eu tinha algum presente em mente, ou se queria algum tipo de festinha.
Eu nunca liguei muito para aniversários, o mais comum era que Isaac viesse para minha casa, jogávamos algum jogo, pedíamos umas pizzas e era só isso mesmo.

Claro, Sra. Yant me lembrou que dessa vez era uma data especial, faria dezoito anos, deveria comemorar com entusiasmo. Mas, sinceramente, era só mais um dia como qualquer outro. Um número a mais na idade.

Eu ainda não havia contado a Salazar sobre meu aniversário, eu não sei, achava estranho do nada falar isso, sempre me soou como alguém querendo ganhar algo.

Não nego, o melhor presente que eu poderia ganhar, eu já havia ganhado, que era sem dúvidas ter Salazar para mim. Se é que eu podia dizer isso, pois não tínhamos um nome para o tipo de relação que estávamos tendo, estávamos juntos, entre amizades, beijos, carinhos e risos, mas nada disso tinha uma posição oficial. Eramos eu e Quentin, juntos. E isso já era o suficiente.

Minha data festiva anual caiu em uma terça, o que era comum, foram raras as vezes até hoje em que essa data caia em um final de semana.

Acordei cedo, e em meu celular já havia um áudio embolado de sono de Isaac me desejando felicidades, o que me fez lembrar que após a cena no refeitório Saturn boy e Mina andam bem juntinhos e cheios de chamego um com o outro. É esquisito pra caramba ver meu amigo assim, todo bobo e risonho por uma garota que parecia que comeria ele vivo.

Bom, talvez ela queira mesmo comer ele. Se é que vocês me entendem...

Tomei um café da manhã reforçado que minha mãe deixou pronto sob a mesa, junto de um bilhetinho muito fofo. Ela pode ser meio doida às vezes, mas sem dúvidas é muito carinhosa. 

No colégio tudo seguiu seu ritmo comum, aulas chatas, salgadinhos e suco no intervalo.

Salazar sem saber sobre a data, não me parabenizou, nem Mina, meu amigo ainda fez menção em falar algo, mas eu sinalizei que não.
Eu acho que as pessoas tem que descobrir sozinhas quando é seu aniversário, pois eu parto do princípio de que se alguém é importante para você, esse é o tipo de detalhe que você vai querer saber.

Ao final das aulas seguimos os quatro juntos pelo caminho, nos separando um tempo depois. Salazar meu deu um singelo selinho e logo cada um foi para a sua respectiva choupana.

Ah, bom, meus pais me deram uma bicicleta nova de presente. Eu queria um carro, mas não posso dizer que não gostei do presente, afinal eu gosto muito de pedalar, e um possante, tava fora de cogitação, pois o Sr. e Sra. Yant sempre dizem que carro deve ser comprado com seu próprio dinheiro para que se dê valor.

Aquela conversa sobre responsabilidade e tal... Sabem como é?!

Jantamos os três juntos, minha mãe fez macarrão com queijo, uma das minhas comidas favoritas, e cantamos parabéns com um muffin de limão, com uma única e brilhante velinha.

- Desculpa amor, mamys não teve tempo de comprar um bolo de verdade._ ela disse me abraçando.

Isaac apareceu um pouco depois, me deu um boné novo, com a logo do Siamés, banda que ele sabe que eu curto muito.

-  Vamos pedir pizza?_ indagou.

- Ah, cara, eu acabei de jantar. Por que não veio antes? A gente podia tá comendo pizza agora._ reclamei.

- Tav...tava ajudando minha mãe a comprar umas coisas na internet.

- Tá, deixa pra lá. Bora ver um filme então?_ falei, pois era isso ou jogar algum jogo até a hora de dormir.

De repente Isaac deu um pulo da cama, como se tivesse acabado de ter uma epifania.

- Pede o carro da sua mãe! Vamos dar uma volta, dirigir sem rumo, como a gente fazia quando você aprendeu a dirigir!_ o cabeçudo falou eufórico.

Ficar vagando de carro pela cidade não parecia nada convidativo, mas o garoto parecia muito empolgado tentando me agradar. Cedi, pois ver um filme também não parecia nada empolgante. Se ainda fosse com Salazar...

- Ok, vamos lá.

Pegamos a estrada com o som no máximo, cantando juntos e gritando como sempre fazíamos quando eu comecei a pilotar. É, eu tenho que admitir que isso era bem, bem legal, idiota, mas divertido.

Andamos pelo centro, perto do colégio, a cidade vazia como sempre em dias de semana naquele horário da noite.

Quilômetros depois, muitas músicas depois, o garoto pega o celular do bolso, a tela acesa. Abaixo o som, para que Isaac possa atender a ligação que está sendo recebida.

Logo que ele atende percebo que é Mina do outro lado, Isaac gagueja um pouco e fica imediatamente vermelho.

Ah esses pombinhos...

O garoto responde meia dúzia de "sim", e "claro." Desligando e falando em seguida:

- P...Podemos dar uma passada na casa dela? É rapidinho, p...prometo.

- Nada de ficar de namoro, não posso demorar com o carro.

O que a gente não faz por um amigo, o aniversário é meu, e ele quem quer ganhar presente.

Pego a estrada rumo ao parque, desço na alameda baixa e poucos minutos depois estaciono na frente da casa.

Saturn boy sai rápido do veículo, e da uma corridinha até a varanda, de longe vejo Mina surgir e abraça-lo forte.

" Mas que safado esse meu amigo!"

Penso e sorrio.

Os dois se falam por um tempo, e vejo quando Mina acena me chamando com a mão.

- Ah droga, o cabeçudo deve ter falado que é meu aniversário._ reclamo, saindo do carro.

Ando devagar, ajeitando o meu mais novo boné. A garota sorri de uma orelha a outra, e penso o quanto meu amigo é sortudo, Mina é realmente muito linda.

- Yant! Feliz aniversário!_ a garota exclama, me puxando para um abraço forte assim que me aproximo.

- Valeu._ respondo, retribuindo o abraço com carinho. 

- Entra, que tal uma cerveja pra comemorar? Dezoito anos hein?! 

- Acho melhor deixar pra próxima, amanhã temos aula, e eu tô com o carro da minha mãe.

- Ah...deixa de ser chato, só uma, prometo. Fica sendo seu presente._ a garota insistiu, abraçando Isaac pelo ombro.

- Só uma._ respondi.

É, eu sou meio fácil de convencer às vezes.

Entramos, e já na cozinha Mina nos trouxe duas latas bem geladas. Sentamos nos ao redor da grande mesa retangular e bebericamos, enquanto eu era obrigado a ver os dois se babando, sem um pingo de vergonha.

- Na verdade, eu tenho um presentinho pra você, não é nada caro ou maneiro, mas acho que vai gostar._  Mina disse, se levantando.

- Presente?!

- É, presente, vem, vou te dar. Espero que goste, eu embrulhei com carinho.

Nos levantamos e seguimos pela casa, passando pela ante sala, sala de Tv, chegando até o quarto da garota.

- Vem, espero que goste._ a garota falou, empurrando a porta do recinto.

- Puta que pariu!_ exclamei, petrificado.

Enlaçado com uma fita vermelha, lá estava Quentin Salazar sentado sob a cama.