Quando nossas bocas se afastaram, depois de segundos eternos de felicidade, olhei fundo no rosto moreno de Salazar. Os lábios estavam ainda mais vermelhos e úmidos, o olhar calmo, com uma inegável satisfação estampada.Era uma expressão tão bonita, tão honesta, que por pouco não voltei a beijá-lo novamente. No entanto, esperei que ele dissesse algo, que me mostrasse o que se passava em sua mente após aquele momento.
O garoto me encarou com a mesma intensidade que eu o encarava, parecendo também esperar por alguma frase minha.
Ficamos assim, nos olhando, enquanto nossas respirações voltavam lentamente ao ritimo normal, enquanto a vermelhidão de nossas bocas se esvaia.- Esse foi o meu primeiro beijo._ Salazar disse, coçando a nuca.
Bem, o que posso dizer? Eu me senti honrado e sortudo ao ouvir tal coisa, mas também bastante surpreso.
Eu tinha sido a primeira pessoa a beijar aquele garoto lindo e incrível?! Sério mesmo mundo?! Obrigado cosmos!
- Você já tinha beijado alguém antes?_ ele questionou.
- Sim, uma garota bêbada me beijou na praia uma vez. Mas...não foi bom.
Talvez esse tivesse sido o momento certo para dizer a ele que eu não gostava de garotas, mas antes que eu ponderasse mais sobre isso, lá estava ele com outra pergunta.
- Por que tá vestido de mulher?
Eu poderia dizer que era por causa dele, mas era bem provável que ele se sentisse culpado e ficasse triste.
- Hum...bem, era a única forma de fugir do colégio._ respondi.
- Eu gostei._ Falou, me olhando dos pés a cabeça.
Salazar era sempre uma caixinha de surpresas.
Eu sei, eu devia ter aproveitado o clima e me confessado, mas eu deixei passar, e logo seguiamos para as nossas respectivas casas. Caminhamos uma parte do trajeto juntos, conversando e rindo, como sempre fazíamos. Não houveram promessas nem juras de amor eterno, e isso era algo bom, deixar que as coisas fluissem com calma, até que eu dissesse a ele todos os meus reais sentimentos, era o mais correto ao meu ver.
Nos despedimos com um abraço forte, e antes de pegar seu próprio caminho, Salazar afagou meu rosto, dizendo:
- Eu tô muito feliz.
Ah...Salazar, eu também estou...
Até chegar em minha residência, eu estava enxergando o mundo em cor de rosa, cantarolando pelo caminho quase como se estivesse em um vídeo clip bem cafona e ridiculamente feliz.
Com certeza a minha cara devia estar idiota e boba.
Entretanto, aquele dia ainda tinha um punhado de horas para acabar, e ao chegar em casa, os minutos que se seguiram, foram no mínimo estarrecedores.
A expressão dos meus pais ao me verem adentrar a cozinha vestido de cheeleader foi sem precedentes. Os olhos do meu pai pareciam que iam saltar das órbitas, e minha mãe fez praticamente uma careta de dúvida.
Corri para o quarto, me livrando rapidamente das peças de roupa feminina.
"Droga!" "Droga!"
Eu pensava, até ouvir a voz da minha mãe me gritando da escada, pedindo que eu descesse.
" Fudeu!"
Coloquei uma muda de roupa e desci, mais nervoso que um atleta em dia de competição.
- Kev, senta aqui comigo e seu pai._ minha mãe disse, me apontando o sofá.
Sentei me, ficando frente a ambos, que sentados lado a lado, me olhavam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Hate Apple! ( Romance Gay)
Любовные романыNão, eu não sou um adolescente que sofre bullying, eu não me acho feio, nem deslocado. Mas... bem, eu sou um gay dentro de um closet, porque armário é muito anos 90. Esse é meu relato sórdido e peculiar de como eu me apaixonei pelo ser humano mais...