Capítulo 27.

451 84 67
                                    


Quando nossas bocas se afastaram, depois de segundos eternos de felicidade, olhei fundo no rosto moreno de Salazar. Os lábios estavam ainda mais vermelhos e úmidos, o olhar calmo, com uma inegável satisfação estampada.

Era uma expressão tão bonita, tão honesta, que por pouco não voltei a beijá-lo novamente. No entanto, esperei que ele dissesse algo, que me mostrasse o que se passava em sua mente após aquele momento.

O garoto me encarou com a mesma intensidade que eu o encarava, parecendo também esperar por alguma frase minha.
Ficamos assim, nos olhando, enquanto nossas respirações voltavam lentamente ao ritimo normal, enquanto a vermelhidão de nossas bocas se esvaia.

- Esse foi o meu primeiro beijo._ Salazar disse, coçando a nuca.

Bem, o que posso dizer? Eu me senti honrado e sortudo ao ouvir tal coisa, mas também bastante surpreso.

Eu tinha sido a primeira pessoa a beijar aquele garoto lindo e incrível?! Sério mesmo mundo?! Obrigado cosmos!

- Você já tinha beijado alguém antes?_ ele questionou.

- Sim, uma garota bêbada me beijou na praia uma vez. Mas...não foi bom.

Talvez esse tivesse sido o momento certo para dizer a ele que eu não gostava de garotas, mas antes que eu ponderasse mais sobre isso, lá estava ele com outra pergunta.

- Por que tá vestido de mulher?

Eu poderia dizer que era por causa dele, mas era bem provável que ele se sentisse culpado e ficasse triste.

- Hum...bem, era a única forma de fugir do colégio._ respondi.

- Eu gostei._ Falou, me olhando dos pés a cabeça.

Salazar era sempre uma caixinha de surpresas.

Eu sei, eu devia ter aproveitado o clima e me confessado, mas eu deixei passar, e logo seguiamos para as nossas respectivas casas. Caminhamos uma parte do trajeto juntos, conversando e rindo, como sempre fazíamos. Não houveram promessas nem juras de amor eterno, e isso era algo bom, deixar que as coisas fluissem com calma, até que eu dissesse a ele todos os meus reais sentimentos, era o mais correto ao meu ver.

Nos despedimos com um abraço forte, e antes de pegar seu próprio caminho, Salazar afagou meu rosto, dizendo:

- Eu tô muito feliz.

Ah...Salazar, eu também estou...

Até chegar em minha residência, eu estava enxergando o mundo em cor de rosa, cantarolando pelo caminho quase como se estivesse em um vídeo clip bem cafona e ridiculamente feliz.

Com certeza a minha cara devia estar idiota e boba.

Entretanto, aquele dia ainda tinha um punhado de horas para acabar, e ao chegar em casa, os minutos que se seguiram, foram no mínimo estarrecedores.

A expressão dos meus pais ao me verem adentrar a cozinha vestido de cheeleader foi sem precedentes. Os olhos do meu pai pareciam que iam saltar das órbitas, e minha mãe fez praticamente uma careta de dúvida.

Corri para o quarto, me livrando rapidamente das peças de roupa feminina.

"Droga!" "Droga!"

Eu pensava, até ouvir a voz da minha mãe me gritando da escada, pedindo que eu descesse.

" Fudeu!"

Coloquei uma muda de roupa e desci, mais nervoso que um atleta em dia de competição.

- Kev, senta aqui comigo e seu pai._ minha mãe disse, me apontando o sofá.

Sentei me, ficando frente a ambos, que sentados lado a lado, me olhavam.

I Hate Apple! ( Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora