Capítulo 22.

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Moowa é um lindo e praticamente intocável parque florestal, possuidor de uma grande flora, com uma diversidade rica e exuberante. Quase três horas de viagem separam essa perfeição da natureza do centro da cidade, e as visitas a tal maravilha, são autorizadas poucas vezes ao ano.

Os estudantes do Gordon, e também dos outros colégios, não são obrigados a ir a tal acampamento, entretanto, a grande maioria comparece, fazendo um mar de adolescentes barulhentos, tirar a paz da mata silenciosa.

Salazar não se mostrou interessado em juntar se ao passeio, e só depois de me ver falando sem parar sobre como eu havia me divertido, e de todas as atividades que fiz, ele por fim, aceitou fazer parte da comitiva escolar, rumo ao meio do mato.
Sua mãe levou uma eternidade para assinar a autorização, sabendo que eu quem insisti para que ele fosse. Sem nem disfarçar que não confiava nem um pouco em mim, ou na minha súbita amizade com seu filho.

Alguns dias se passaram, e logo, acupávamos os ônibus do colégio, rumo a um final de semana cheio de natureza e hormônios de jovens elétricos.
A viagem transcorreu animada, com alguns alunos cantando, fazendo piadas bobas uns com os outros, nada fora do lugar comum que era um bando de adolescentes juntos.

Eu confesso que segui a estrada um pouco birrento, eu não conseguira sentar junto de Salazar, ficando na companhia de uma garota que passou toda a viagem tirando selfies. De longe podia ver meu amado sentado ao lado de um dos garotos do clube de teatro, dormindo. Mina não estava no mesmo ônibus que nós dois, ela e Saturn boy vinham no automóvel seguinte.

Ao chegar, cada um carregando suas tralhas, que iam de mochilas enormes, a sacolas de barraca de camping, caminhamos em pequenos grupos, sendo conduzidos pelos monitores do parque. O Gordon enviava junto dos alunos dois professores, que tanto no ano anterior, quanto nesse, eram o preguiçoso Jones, professor de educação física, e Willians, professora de química. Eles não eram uma imagem real de ameaça a libertinagem dos alunos, pois ambos estavam muito mais preocupados em flertar descaradamente um com o outro. Quem ficava mesmo de olho em todos, eram os monitores, que sabiam bem frear as loucuras de alguns de nós.

Logo a natureza exuberante e majestosa se mostrou aos nossos olhos, uma infinidade de longos pinheiros e outras árvores centenárias e imensas, se dispunham pelo caminho estreito que percorriamos em fila. Na primeira clareira ficava a base do acampamento e onde poderíamos montar nossas barracas. À cerca de trezentos metros ficava a cabana dos monitores e também dos professores.

Pouco à pouco os outros colégios chegaram, e uma pequena reunião com o líder do acampamento aconteceu. Servindo como um momento de boas vindas e uma explicação sobre as regras.

Como no ano anterior, as regras permaneciam as mesmas.

1) Garotos não podem dividir as barracas com meninas.

2) Não é permitido sair do limites do parque.

3) Cada um é responsável por sua própria alimentação e seus objetos.

4) Depositem todo o lixo que produzirem no latões específicos.

5) Nada de drogas ou álcool.

Claro, a primeira e última regra seriam completamente ignoradas, no ano anterior, na calada da noite eu vi incontáveis garotos e garotas entrarem nas barracas uns dos outros, bem como beberem bastante. E eu não duvidava que isso aconteceria novamente.

E bom, tive certeza logo que Mina me chamou aos gritos, puxando uma garrafa de vidro da mochila, que mesmo olhando rapidamente, constatei que era vodka.

A garota raivosa parecia radiante, animada e cheia de gás. Essa era a primeira vez dela no passeio, e tanto ela quanto Salazar pareciam encantados com tudo ao redor.

Todos fomos autorizados a montar nossas barracas, e foi exatamente isso o que todos passaram a fazer rapidamente, com a intenção de começar a aproveitar o dia naquele lugar. Salazar e eu combinamos de ficar na mesma barraca, então nos apressamos a monta la, o que acabou levando mais tempo do que gostaríamos.

Quando enfim terminamos, a maioria dos estudantes já haviam saído da clareira, se juntando em grupos e começando a explorar o lugar. Até mesmo Isaac, que ainda nos esperou por um tempo, depois sendo arrastado por Mina a juntar se a ela e um grupo de meninas.

- E então, o que quer fazer agora?_ perguntei a Salazar, enquanto abria uma garrafa de água.

O garoto pensou um pouco, olhando ao redor, me respondeu:

- Não sei, o que quer fazer?

- Que tal uma caminhada? Tem umas grutas pra lá. É legal, vamos?_ disse, apontando para minha esquerda.

Salazar assentiu, pegando uma pequena mochila, onde colocamos água e alguns salgadinhos.

Seguimos por uma trilha estreita e curta, que logo nos levou a passar próximos a morros cobertos de árvores com galhos largos e pesados. Ao nosso redor plantas e flores dos mais variados tipos e cores se dispunham harmoniosamente, enfeites naturais e intocados do lugar.

Encontramos outros estudantes pelo caminho, alguns do nosso colégio, outros não, mas continuamos a seguir só nós dois. Vimos alguns esquilos, muito comuns naquela região, assim como muitos pássaros.

Levei a máquina fotográfica que raramente usava, mas que tinha uma qualidade muito superior as tirada em celulares. Eu gostava de fotografar, principalmente coisas reais, natureza, árvores, mas não chegava a ser um robe, pois raramente o fazia.

O garoto ao meu lado parecia e estava encantado, olhando com a expressão curiosa tudo ao redor, apontando animais, plantas, e até mesmo o céu azul que podia ser ligeiramente visto entre a copa das imensas árvores.

Seu sorriso mostrava o quanto ele se deliciava com cada ítem daquela bucólica paisagem, mas ele pouco falava. Porém, eu não me importava com esse fato, visto que era nítido o quanto ele aproveitava cada passo dado naquele lugar.

Um pouco cansados, nos sentamos aos pés de uma colina íngreme, onde comemos um pouco, bebemos muita água, e depois descansamos durante um breve momento.
Eu estava suado, sentia a camiseta colada em meu corpo, e o mesmo podia ser dito de Salazar, entretanto, a camisa suada só acentuava os músculos do seu corpo, fazendo meu coração balançar.

- Onde estão as grutas?_ ele perguntou.

- Eu acho que peguei o caminho errado._ confessei por fim, pois tinha a certeza que já deveríamos ter chego as fendas de pedra.

Salazar riu, me olhando de lado, com uma linda expressão ao questionar:

- Tudo bem, mas e agora?

Pensei por um instante, lembrando que não muito longe havia um lago, não seria tão difícil achá-lo.
Dei a idéia, e logo voltamos a caminhar, e dessa vez, achamos a linda piscina de água natural com facilidade.

Não havia ninguém próximo, só nós dois e aquela linda água quase transparente a nos olhar junto de toda a parede de plantas e árvores ao redor.
Deixamos nossas mochilas no chão, e antes mesmo que eu dissesse algo, Salazar retirava a camisa, correndo em direção a água. Mergulhou com tudo, reaparecendo segundos depois já no meio do lago.

Ele sorria largamente, seus olhos apertados. Corri e me lancei a água também, estava fria, mergulhei fundo, até aparecer à sua frente.

Nos olhavamos sem nada dizer, sorrindo um para o outro, meu peito estava aquecido. Mesmo dentro daquela água fria, eu não podia me sentir mais quente.

Nadamos em silêncio durante muito tempo, mergulhando e boiando despreocupados até sentir nosso corpo murchar naquela água. Era uma sensação calma e feliz, com nada além de nós dois e o mundo natural a nossa volta.

I Hate Apple! ( Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora