I Hate Apple! ( Romance Gay)

Capítulo 24.

Despertei aos poucos, ouvindo os sons  agitados do lado de fora da barraca, constatando que Salazar já não estava ao meu lado.

Saí da minha pequena cabana de plástico e borracha, depois de me espreguiçar incontáveis vezes, preguiçoso e ainda cheio de sono.
Ao redor, grupos de garotos e garotas arrumavam mochilas, comiam o desjejum, se preparando para mais um dia de aventuras.

Isaac estava logo à frente, sentado em no chão, sobre um carvalho de folhas rosadas; em sua companhia estavam Mina e Salazar.
Meu amigo e a garota raivosa expressavam uma bela ressaca, e meu amado, comendo um sanduíche, conversava calmamente com os dois.

Caminhei até os três, imaginando se Salazar havia se dado conta de suas atitudes na madrugada. Me perguntava se em algum momento ele percebeu o que acontecia, e se havia despertado ainda agarrado a mim.

Só de imaginar tal coisa, sentia meu rosto ruborizar.

- Bom dia! Tem alguém de ressaca aí?_ falei rindo, enquanto me sentava ao lado de Isaac.

O cabeçudo sorriu fraco, arrumando as astes do óculos, antes de me responder:

- Kev a noite passada foi louca, né?

"Nem me fale meu amigo."

Piscou na minha mente.

- Ah...cara eu só queria dormir o dia todo._ Mina falou, entrando na conversa.

- Se os monitores tivessem percebido, vocês estariam muito fodidos._ eu disse, batendo de leve no ombro do Saturno boy.

Conversando com os dois ressaquiados do dia, olhava de soslaio para Salazar, que continuava comendo e olhando o transitar de jovens ao redor.

- Toma, come._ me estendeu um sanduíche igual ao que terminava, me olhando pela primeira vez naquela manhã.

Não notei nenhuma mudança no seu olhar, nem em seu tom de fala, o que me fez respirar aliviado.

- Valeu cara._ falei, já abocanhando o pão recheado de geléia de morango.

Terminado o lanche, o qual eu devorei rápido, visto que acordei embebido em vergonha e a fome de um animal selvagem. Logo,  questionei aos meus amigos qual seria a programação do dia.

- Os monitores formaram dois grupos: um irá em uma trilha para a montanha, o outro irá para a área de preservação arqueológica._ Mina explicou, alternando palavras e bocejos.

- Legal, pra onde vão?_ perguntei.

- Por que não vamos todos ver os achados arqueológicos? Parece maneiro._ Isaac disse, mostrando empolgação.

Mina bufou ao dizer:

- Eu quero dormir, não ver ossos velhos.

- Qual é Mina?! Não é você a aventureira? Dorme quando a gente voltar._ disse ao me levantar, voltando a falar, dessa vez diretamente para Salazar.

- E você? Vamos todos juntos?

Ele ficou calado por um breve momento, olhando para mim com os olhos indagosos, como se pensasse em uma questão muito importante. Por fim, falou:

- Podemos ir ao lago depois?

- Claro!

Levou o que pareceu uma eternidade até que todos se aprontassem e se dividissem nos respectivos grupos. E só então, eu e o trio ternura, seguimos rumo ao sítio arqueológico de Moowa.

Isaac e Mina mais se arrastavam do que andavam, ficando bem atrás de nós, que nos mantínhamos em passos bem mais ligeiros junto ao pequeno grupo principal.
Quase uma hora andando na mata fechada, e lá estávamos vendo pela primeira vez incontáveis relíquias de milhares de anos atrás.