Não vamos perder tempo falando sobre o clima, muito menos desperdiçando preciosas palavras descrevendo ventos, brisas e o estado do céu.Como ficou perfeitamente claro anteriormente, aquele dia estava quente, e bem, com a chegada de Salazar a temperatura aumentou alguns graus. Pelo menos em mim.
Após sua entrada silenciosa e triunfal, Mina o recepcionou alegremente. Saindo da piscina, a garota o convidou a sentar se, a beber cerveja, e claro, jogar se na água. De onde eu ainda não havia saído.
Salazar a respondeu baixo, de modo que de onde eu estava não pude ouvir. Em seguida, deitou se em uma das espreguiçadeiras proximas a mesa do cooler, ficando a sombra do imenso guarda sol. Me fazendo concluir que talvez o garoto não fosse o maior fã do astro rei.
Mina se ocupou em colocar uma música mais animada, e depois de pegar uma bebida, sumiu para dentro da grande casa na companhia de Susan, que por sua vez deixou sua amiga sebosa sozinha. O que ela logo tentou corrigir, indo de encontro a Salazar.
Eu vi a garota se inclinar, e provavelmente falar algo a ele, enquanto com os braços apoiados na borda da piscina, tendo a companhia de Isaac a boiar despreocupado, eu os olhava, irritado e azedo. Porém, tão rápido quanto chegou até ele, saiu, exibindo uma belíssima cara de bunda.
Ri da cena, achando o máximo aquela vaca metida ter sido enxotada por ele.
Enquanto uma música era seguida por outra, em uma playlist exageradamente good vibes, que ok, era condizente com uma reunião na piscina em um dia de sol, mas que começava a me irritar, Isaac depois de nadar mais que um golfinho nariz de garrafa, se juntou a mim na borda de azulejos, que já estavam ficando com a forma de meus cotovelos.
- Vai lá falar com ele._ Saturn boy disse.
Eu olhei bem para o magricelo ao meu lado, me questionando se ele queria me ajudar ou me fazer passar uma bela vergonha.
Mas, bem, o caso é que se eu pretendia seguir meu plano de conquista, aquela sem dúvida era uma oportunidade de ouro.
E eu não a deixei passar.
Saí da água em um impulso, passando as mãos em uma toalha extremamente estampada pendurada sob as escadas da piscina. Dei a volta na mesma, andando e fingindo uma tranquilidade que de jeito nenhum eu possuía naquele momento.
Me enxugando, segui até o cooler, pegando uma cerveja, meu coração disparado. Com a bebida na mão, achei uma forma trivial e nada suspeita de puxar assunto.
- Quer uma?_ perguntei, exibindo a garrafa longneck em sua direção.
- Não._ Salazar respondeu, enquanto balançava a cabeça.
Claro, aquela resposta foi como um balde de água fria. Mas, eu mentalizei que precisava ser insistente se almejava conseguir conversar com ele. Por isso, fiz a minha melhor expressão cara de pau, e me sentei na cadeira ao seu lado.
Dentro de mim, uma batalha acontecia, nervosismo, vergonha e medo guerriavam agitadas contra meu amor por ele. Me deixando em silêncio por um longo tempo, disfarçando enquanto dava goles na cerveja gelada.
Por fim, a coragem que até então estava escondida dentro da minha briga interna, deu um chute nos outros sentimentos, tomando o reinado dentro de mim, me levando a articular uma frase:
- Não gosta de cerveja?
- Não. _ mais uma vez uma resposta monossilábica.
- Você só sabe dizer não?_ falei sorrindo, e vendo a vitoriosa coragem de antes, voltar a ir sentar no seu cantinho.
Mas nesse instante algo no mínimo curioso aconteceu, quando o garoto pela primeira vez virou em minha direção, me olhando.
- Não._ ele disse, mas dessa vez, seu tom de voz era um pouco diferente.
- Viu?! Você disse não de novo.
Dessa vez, ele nada disse, me fazendo questionar o que eu deveria fazer a seguir.
- Vou fazer perguntas até que você responda algo diferente de não._ disse, o fitando.
Olhei bem para aquele belo e indecifrável rosto, imaginando o que dizer. Salazar olhava para a água a sua frente, onde Isaac nadava e provavelmente já havia se tornado uma uva passa.
- Gosta dessa música?_ perguntei, me referindo a canção de Bebe Hexa que tocava.
- Não.
- Outro não?! Ah não acredito!_ exclamei, dando mais um gole na bebida.
Mina saiu da casa com Susan, e vendo onde eu estava, deu um leve sorriso, indo ao encontro da outra amiga.
- É difícil arrancar uma outra palavra de você, não é?_ Mais uma vez tentei.
E novamente outra resposta negativa foi o que eu ouvi.
Aquilo me pareceu um desafio, um jogo. E eu Kevin Yant, não gosto de perder.
- Ok, eu acho que deveria desistir, não é? _ disse, fazendo uma última jogada arriscada, desejando que mais uma vez sua resposta se repetisse.
O olhei, começando a me levantar, enquanto um silêncio que pareceu eterno pairou.
- Não. _ ele falou.
Nunca foi tão bom ouvir um não.
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I Hate Apple! ( Romance Gay)
RomansaNão, eu não sou um adolescente que sofre bullying, eu não me acho feio, nem deslocado. Mas... bem, eu sou um gay dentro de um closet, porque armário é muito anos 90. Esse é meu relato sórdido e peculiar de como eu me apaixonei pelo ser humano mais...