Capítulo 6.

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Eu tenho uma facilidade quase vergonhosa em dormir. Se eu estiver com sono, eu durmo literalmente em qualquer lugar. Sentado, deitado no sofá, no chão, no carro, em qualquer lugar mesmo. Tipo aquela sua tia avó, que está conversando com a família e quando todos percebem está dormindo. Eu sou essa pessoa quando estou com sono.

Porém, naquela madrugada de domingo eu nunca estive tão desperto. E eu lhes digo o porquê.

Depois do que Mina me falou, eu pensei durante muito tempo, e devo admitir, ela tinha razão em muitos pontos. Eu era apaixonado por Salazar, isso era um fato inegável, contudo, eu entendo que minhas chances com ele eram quase nulas.

Apesar disso, eu também sabia que se eu quisesse mudar esse fato, dependia de uma coisa muito específica. Chamada: atitude.

Sim, eu era um covarde escondido no closet, mas a vida não me daria uma oportunidade, a minha historia não é um filme do John Hughes, em que eu pegaria uma detenção com Salazar em um sábado, e depois nos amaríamos para sempre. Não! 

Eu deveria ao menos tentar.

E eu tinha o ano letivo inteiro para isso. Provavelmente eu falharia? Sim, provavelmente. Mas ainda assim, não fazer nada, ficando com todos esses sentimentos me consumindo todos os dias era terrível demais. 

Gostar de alguém por si só já é algo que nos deixa com medo, os sentimentos são confusos, estranhos e parecem definir nossos dias como a única coisa a se pensar. Tudo é tão intenso  e novo. Agora some isso tudo a ser gay e a pessoa que desperta seu amor não saber que você existe. Difícil, não?

Contudo, eu decidi lutar, ir em busca do que eu queria. Não contaria mais com a possibilidade do destino me brindar com uma troca de olhares pelos corredores do colégio, com um trabalho em grupo ou mesmo uma briga em que descobriríamos nosso amor eterno. Não!

Se tudo desse errado, o que era quase certo de acontecer, talvez eu me odiasse. Mas o meu eu de agora, prefere não mais ficar esperando um esbarrão em camera lenta, ou um encontro casual na lanchonete da cidade, em que ele repararia nos meus belos olhos azuis e se apaixonaria. O meu eu de agora, queria ao menos tentar.

Por isso, eu passei a noite bolando um plano, unindo todos os meus desejos, mais a combinação de guloseimas de aparência duvidosa, que tinham um delicioso gostinho de Chernobyl.

Claro, a possibilidade dele me rejeitar e me humilhar era tão grande quanto a cabeça de Isaac, e claro essa possibilidade me assustava e me fazia repensar tudo isso, mas pior do que ser rejeitado e talvez passar a maior vergonha da minha adolescência, era esperar que algo mudasse, sem precisar fazer nada. Se tudo desse errado, o que certamente iria acontecer, meu coração seria partido, eu provavelmente iria chorar mais que um fã de titanic, mas seria um ponto final, triste, porém, um ponto final. E eu seguiria em frente.

Então, contra todas as possibilidades de que isso daria certo,  me jogaria de cabeça, porque se queremos algo, temos que ser nós mesmos a buscar.

E eu queria Quentin Salazar.

Eu o queria tanto quanto Regina George queria emagrecer comendo barrinhas de proteína. Ou tanto quanto Thanos queria comer seu café da manhã sossegado no meio do nada.

E diferente deles, eu esperava conseguir.

No dia seguinte eu daria início ao plano quase suicida, de conquistar o extra terrestre dono do meu coração.

No dia seguinte eu daria início ao plano quase suicida, de conquistar o extra terrestre dono do meu coração

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I Hate Apple! ( Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora