Capítulo 29.

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O garoto não estabeleceu um nome para o que sentia por mim, e honestamente isso não fez muita diferença.
Ele não me rejeitou, afirmando que sentia algo, mesmo que esse algo não pudesse ser explicado com um rótulo.

Isso por si só já era muito, mas muito mais do que eu poderia sonhar que fosse acontecer.
Não importava que o seu sentimento não tivesse um título específico, então, por que se ater a esse detalhe?

Dito isso, sem medo de soar redundante, eu digo que Salazar é uma grande e inesgotável caixinha de surpresas.

Nos dias e semanas que se seguiram, não eram raros os momentos em que bastava que ficassemos a sós para que o garoto me pedisse um beijo.
Mesmo que fosse nas arquibancadas do colégio, ou na ida para casa, qualquer que fosse a chance, lá estávamos nós matando a sede na saliva.

Eu nunca, jamais, imaginei que beijar alguém poderia ser tão viciante quanto beijar aquele lindo garoto. Nosso lábios se encaixavam como se tivessem sido projetados para se completarem, como uma engrenagem perfeita.

Cada roçar de lábios, cada toque de uma língua a outra, causava um frisson inexplicável e maravilhoso. Era o doce deleite do beijo que eu esperei a vida toda para provar.

Mas tão logo nossos beijos ficaram mais frequentes, Salazar, com sua honestidade gritante, passou a me mostrar mais de suas facetas.

E confesso, eu adorei conhecê-las.

Certo dia, passamos todo um sábado juntos em minha casa. Minha mãe fez rosbife para o almoço, jogamos baralho depois. No final da  tarde subimos para o meu quarto para jogar vídeo game.

Escolhemos Call of Duty, e jogamos durante um bom tempo no modo multiplayer.
Eu gostava de ver a concentração do seu rosto ao jogar, o jeito como franzia as sombrancelhas grossas ao se movimentar pelo campo de guerra lotado de inimigos. O modo como mordia a pontinha da língua ao mirar com a sniper.

Sentados sob o tapete, depois de muitas partidas, em que confesso, perdemos muito mais do que ganhamos, Salazar deixou o controle ao lado do console, deitando se no chão, com a cabeça apoiada nos braços.

O questionei se não queria mais jogar, ou se queria trocar de jogo, ao que ele negou com um asceno.

- Vem cá, deita aqui comigo._ o garoto falou, dando palmadas no chão ao seu lado.

O garoto que eu amo me convidando a deitar com ele? Pergunta se maromba gosta de ovo.

Deixei o controle de lado, e segui, ao passo em que Salazar esticou o braço para apoiar minha cabeça.
Lateralmente deitado, ficando com o rosto abaixo ao seu. O quarto silencioso, demorou a ganhar algum som, parecia que não era preciso dizer nada quando estávamos juntos, a quietude era uma parte charmosa de nossos momentos.

O nervosismo de toda interação entre nós que eu costumava sentir, deu lugar a uma sensação tão confortável e natural, tão simples, que eu rapidamente entendi que essa sensação só podia provir do amor.

- Kev._ Salazar interrompeu minhas divagações.

- Hum...

- Eu posso te beijar agora?

Levantei o rosto, soltando uma gargalhada ao olhar para ele.

- Por que você sempre pergunta isso?_ indaguei ainda rindo.

Salazar me fitava, aqueles olhos castanhos tão brilhantes.

- Eu preciso saber, né?

- Eu já disse que gosto de você, cê acha que não vou querer te beijar?_ disse, apertando de leve sua bochecha.

Quentin retirou o braço debaixo de mim, me puxando com alguma firmeza para cima dele. Nos encaramos próximos o bastante para sentir a respiração quente de ambos no rosto um do outro.
O garoto levantou o torso o suficiente para ficar sentado, me segurando pela cintura para que eu seguisse seu movimento, me deixando em seu colo.

Na sequência me beijou. No início, cálido, sultil, como ele sempre fazia. Com delicadeza explorou meus lábios, sugando minha língua, suavemente, o que sempre me mandava direto para as nuvens.

Entretanto, havia algo diferente naquele beijo, algo que a princípio eu não consegui identificar.
As mãos do garoto, ainda segurando nas laterais de minha cintura, estavam ligeiramente trêmulas, sua nuca, que eu segurava entrelaçando meus dedos em seus cabelos, suavam.

Era quase imperceptível, mas havia uma mudança ali. Logo o beijo que outrora era contido e doce, ganhava seus primeiros contornos sensuais, quando o garoto passou a espremer seus lábios com mais força e voracidade nos meus, dando chupões em minha língua que chegavam a estalar.

Seus dedos esguios, deslizaram por dentro da minha camiseta, apertando a pele da cintura, ao passo em que eu o abracei mais forte.

Não, não vou vir com aquele papo manjado, de eu senti uma descarga elétrica percorrer meu corpo, ou uma sensação de arrepios na pele. Não!

Eu estava com tesão! Isso mesmo! Eu estava excitado para um caralho!

E sim, ao abrir os olhos rapidamente virando os mesmos para baixo, eu notei logo que Salazar estava duro. Muito, muito duro!

Tantas obscenidades passaram pela minha mente naquele momento... Mas eu não tinha qualquer experiência, e eu não sabia até que ponto ele queria ir.

Me senti um pouco nervoso, e junto ao tesão descomunal que eu sentia, tentei deixar claro, sem nada dizer, que eu queria mais.

Muito mais.

Apertei forte sua nuca, mordiscando sua boca, juntando meu corpo ainda mais ao seu. Mas ao fazê-lo, o garoto sessou seus movimentos, soltando a boca da minha.

Me encarou sério, a respiração acelerada. Eu não fazia ideia do que passava por sua mente e de repente um medo absurdo me invadiu.

- Eu quero tocar você. Você deixa?_ Quentin falou baixo, a expressão embebida em timidez e um desejo crescente.

Confirmei com a cabeça, sentindo meu peito ferver em antecipação.

- Fica à vontade._ disse, abrindo os braços.

I Hate Apple! ( Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora