Capítulo 14.

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Você já se sentiu como se estivesse pisando em nuvens?

Pois bem, foi exatamente assim que eu me senti quando Salazar me disse aquele não.

Após sua negativa mais do que bem vinda, eu voltei a me sentar, tentando assumir uma postura relaxada e divertida. Por fora, minha expressão era comum e calma, mas por dentro unicórnios dançavam pole dance, tamanha era minha expectativa e alegria.

Parece pouco, e de fato é, mas para quem não tinha nenhuma esperança de conversa, aquilo era como um novo impulso para o meu plano.

Recostei na espreguiçadeira, assim como ele estava, e como se aquela conversa não significasse nada, o que era uma grande mentira, voltei a falar:

- Então... Último ano do colégio hein?! Pra qual universidade tá pensando em ir?

Na mesma hora em que falei, me arrependi, sério?! O que meu cérebro fazia nessas horas? Ia passear? Que porra de pergunta idiota foi aquela?!

- Eu não sei se vou para a universidade. Mas se eu for, pensei em veterinária._ ele respondeu.

Claro, não me surpreendeu sua escolha de curso, já que pelo visto, ele gostava muito de animais.

- Você gosta de animais então?_ perguntei o óbvio, para prolongar o assunto que parecia do seu interesse.

Seu eu soubesse teria começado esse assunto muito antes, visto a expressão que tomou conta do seu rosto. Seu olhar se iluminou, e pela primeira vez eu pude ver um singelo, porém perfeito sorriso desenhar seus lábios.

Era a coisa mais linda que eu já havia visto em toda a minha vida.

- É o que mais gosto no mundo._ Salazar disse, mostrando os bonitos dentes.

Meu peito balançou, o coração falhou na batida, e por muito pouco eu não derreti, pelo calor do clima, misturado a quentura inocente e honesta das suas palavras.

- Você também gosta?_ dessa vez foi o lindo garoto a me perguntar, me tirando do meu palpitar de emoções.

Na verdade eu nunca fui muito fã de animais, nem mesmo quando pequeno. Nunca fui aquela criança que insiste para ganhar um cachorrinho. Mas naquele instante, me parecia que dizer isso, quebraria o momento bom da conversa, e decide que era melhor responder de forma genérica.

- Eu acho legal. Você tem algum bichinho?_ falei, emendando uma pergunta um pouco mais pessoal.

E lá estava novamente o sorriso mais lindo do mundo.

- Tenho vários._ o garoto disse.

- Mesmo?! Quais?_ questionei, vendo que falar sobre aquilo realmente o agradava.

- Hum... Dois gatos, dois cachorros, um furão e uma tartaruga._ Salazar respondeu, fazendo questão de mostrar os números em seus dedos.

- Wow, são muitos hein?! Deve dar trabalho. Seus pais não se importam?_  trouxe sua família para a pergunta, pois queria saber tudo o que eu pudesse sobre ele.

- Minha mãe gosta mais deles do que de mim.

O fato dele responder se referindo apenas a mãe, me fez imaginar se ele não tinha pai, ou se o pai não gostava dos bichos. Mas preferi não insistir nisso, talvez não fosse algo que ele gostasse de falar.

Conversamos durante um bom tempo, e logo a tarde ganhava seus primeiros tons escuros, quando a noite se apresentava. Parecia um sonho finalmente conversar com ele, no início me senti tão nervoso, que minhas mãos suavam e meu peito não parava quieto, mas aos poucos, uma pergunta e um sorriso por vez, o papo fluiu, e eu me senti confortável e seguro para falar mais e mais, fazendo algumas piadas bobas, que saiam naturalmente enquanto falávamos.

Por vezes ele ria mais, alargando o sorriso, que eu jamais me cansaria de ver.

Quando dei por mim, só nós dois ainda estavamos a beira da piscina, as meninas e Isaac sumiram para dentro da casa. As estrelas começavam a aparecer tímidas e brilhantes, quando ele se levantou, esticando os braços para o alto enquanto começava a falar:

- Hora de ir.

- Ah, claro, nossa, já é noite._ falei, triste, pois eu não queria que aquele dia acabasse nunca.

- Foi divertido conversar com você. Me desculpe se eu não sou tão legal.

Se ele soubesse que bastava ele falar comigo para tudo ser absolutamente legal...

- Você é muito legal. Foi ótimo conversar com você. Espero que se torne um hábito._ acrescentei a última frase com tamanha honestidade que cheguei a tremer a voz.

Me senti patético, mas estava sendo sincero.

- Espero que sim, Yant.

Salazar disse, acenando pra mim enquanto seguia para ir embora.

Vocês conseguem imaginar o quão feliz eu fiquei?

I Hate Apple! ( Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora