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Natália não conseguia sequer pensar em acalmar Gustavo, seu único e maior impulso era tentar dar a ele qualquer pista que o levasse ali. Seja quem fosse a pessoa que havia sequestrado-a, não podia ser coincidência que a tivesse levado precisamente ao lugar onde passou os mais intensos momentos com ele. Onde se perdoaram e descobriram que ainda se amavam. Onde se entregaram àquele sentimento em um momento em que parecia em que tudo que restava entre eles era digladiarem-se até se destruírem. Onde a vingança deu lugar à paixão. Onde seus corpos e suas almas se conectaram de maneira irremediável.Aquele homem continuava apertando-lhe o ombro, aparentemente irritado porque ela demorava a responder. Não teve mais escolha, senão dar a Gustavo a única pista que poderia para que ele pudesse, quem sabe, resgatá-la.
— Gustavo? — A voz saiu num sopro.
— Amor, você está bem? Como você está? Está com frio? Está confortável? — Afobou-se Gustavo.
As perguntas dele deram-lhe um clique. O inverno estava forte na Cidade do México e em seus arredores naquela ocasião, mas, ainda assim, eram poucas as casas que tinham lareira. As das famílias mais abastadas e as cabanas de inverno como aquela compartilhavam um privilégio pouco comum. Possivelmente Gustavo também quisesse conseguir algum tipo de pista com ela.
— Estou bem, não se desespere. A lareira está acesa, não se preocupe com o frio. — A pista saiu direta, sem meias palavras.
— Eu vou tirar você daí, meu amor, eu prometo! — Garantiu Gustavo emocionado com um inexplicável desejo de que aquela ligação não terminasse nunca.
— Ahhhh — Gritou Natália ao o impacto de que o telefone fosse arrancado de súbito de sua mão e o homem colocou novamente no mudo, alertando-a:
— Diga-lhe o que precisa ser dito! Nada mais que isso! — Ordenou colocando o telefone de novo na mão dela.
— Está bem... Gustavo, meu amor... Faça tudo que eles mandarem... Isso é tudo que você precisa fazer. — As lágrimas saíram tão intensas que começaram a molhar a venda.
A ligação foi encerrada e seu algoz a puxou da cadeira levando a de volta para o quarto.
— Como você sabe da lareira? Você a viu? — Estranhamente ele não parecia irritado pelo fato de que Natália pudesse estar reconhecendo o lugar.
— Eu a ouvi. Ouvi o som da madeira queimando. Não há muitos sons diferentes para se escutar aqui. — Respondeu segurando o choro.
— Não tente dar uma de espertinha ou senão você poderá se dar muito mal. O que você acha? Que o Gustavo vai te tirar daqui? Ele está muito feliz com onde você está agora! Tudo o que ele queria era encontrar uma maneira de te tirar de circulação! — Afirmou gargalhando antes de sair do quarto.
Ao se perceber sozinha, Natália tirou a venda dos olhos e olhou para os lados. Toda aquela escuridão começava a sufocar-lhe ainda mais. Ela levou as mãos à barriga e pensou que não podia haver existido um momento pior para aquele sequestro. Por fim, ficou processando as palavras do carcereiro e, finalmente, reconheceu sua voz. Seu nome era Fausto e ele trabalhava como caseiro na cabana, vivia ali. Natália o havia visto algumas das vezes em que esteve na cabana com Gustavo e, pelo que havia entendido, seus honorários eram pagos pela Romero Produções.
Suas palavras lhe davam a entender que, talvez, Gustavo estivesse por trás daquele sequestro com a clara intenção de deixá-la muito desconfiada. Não poderia se deixar levar por aquelas intrigas num momento em que ela e Gustavo haviam construído tanta confiança a ponto de decidirem estarem juntos para sempre. Haviam trilhado um caminho tão tortuoso para que aquele amor se tornasse tão imprescindível para que palavras de um homem que se prestava a vigiar uma mulher sequestrada fizessem diferença. Provavelmente, quem a sequestrou tivesse a intenção, de fato, de jogá-la contra seu namorado e isso podia indicar que iria mantê-la viva. Ao menos esse refresco ela poderia ter.
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Tom de Vingança
RomanceChegou a hora do CEO pagar! Quanto tempo você esperaria por uma vingança? Depois de vinte anos, Natália Flores não hesita em tomar nas mãos uma oportunidade única de se vingar de Gustavo Romero, um homem que no passado, levou-lhe ao céu para logo lh...