Tom de Vingança

26 - Contando passos

Quis muito que esse capítulo saísse antes, mas não foi possível por vários motivos. Peço desculpas por respeito à vocês e espero que o capítulo compense a demora. Não é um🔞, mas eu gostei muito e espero que vocês gostem. Desfrutem!
Acompanha a música Canción Desesperada do grupo Pandora con Paty Cantú.

***
Eram por volta de sete da noite quando Natália chegou à cabana. Seu coração acelerou à medida em que ela foi se aproximando da construção. Passou por um pequeno portão que ficava a alguns metros da entrada da casa e voltou a reviver todas as sensações da primeira vez que havia estado ali com Gustavo. Quando eram jovens, eram clientes de um pequeno hotelzinho onde ele a levava para desfrutar seu amor. A cabana lhe provocava a mesma sensação.

Aproximou-se da porta como uma adolescente que se prepara para embriagar-se de paixão e a abriu sentindo toda a alteração que o amor provoca no corpo. Era mais do que fato e ela já não podia negar. Havia voltado a se apaixonar por Gustavo com a mesma força de sua juventude, se é que algum dia o havia esquecido.

No caminho parou em um supermercado e fez algumas compras. Deixou tudo preparado para que, quando Gustavo chegasse, servisse uma massa, organizou tudo para que tivessem um jantar à luz de velas e foi tomar um banho para se arrumar. Queria estar bonita para ele. Queria ver nos olhos de Gustavo aquele desejo que a estremecia. Queria viver um momento romântico com ele como se nada mais importasse.

🎶 Ya no hay nada, nada, nada...
Espere tres días sin saber,
De ti yo creí que tal vez la distancia y el tiempo
Te harían volver y romper el silencio,
Que al no estar conmigo y quedar indefenso
Podrías volver a ser tú. 🎶

Enquanto terminava de secar seus cabelos, sorriu ao olhar para si e perceber que era, outra vez, uma adolescente apaixonada. E não pôde evitar sentir alguma amargura. Se aquela história já havia sido intensamente complicada na adolescência, agora estava ainda mais difícil de dar certo. Os níveis de complicação haviam subido e ela não podia negar, muito disso se devia a ela mesma e às suas atitudes.

E mesmo ali, naquele momento, ansiosa e insegura como uma jovem que vai receber o namorado do qual não tem certeza dos sentimentos, ela ainda não sabia ao certo se queria abrir mão de sua vingança em nome do amor que sabia que sentia por ele. Há semanas que protagonizava esse jogo perigoso com Gustavo e sempre estava deixando para pensar, para racionalizar depois. Não havia ainda se dado conta de que o depois já havia chegado e que os dois estavam vivendo uma história que deixaria, para bem e para mal, marcas irremediáveis em seus corações.

***
Gustavo ficou algum tempo analisando e tentando chegar à uma conclusão com aquele bilhete em sua mão. Não queria deixar-se enredar por Natália, já não tinha dúvidas de que não devia confiar em suas palavras e muito menos em sua habilidade de sedução na qual ele, inevitavelmente, estava se perdendo. Talvez se fosse beber ou passar a noite com Ana Paula pudesse esquecê-la.

Optou pela primeira porque, apesar das fraquezas morais das quais ele estava tomando consciência de que possuía, não se sentia bem usando Ana Paula para esquecer Natália. Se fosse qualquer outra mulher ele não se preocuparia, mas sentia que devia à sua namorada um mínimo de respeito por tudo em que compartilharam naqueles anos todos em que estiveram juntos.

A Romero Produções já estava vazia e ele caminhou até a sala de reuniões onde ele sabia que tinham alguma garrafas de uísque servidas esporadicamente em reuniões com artistas e seus empresários. No pequeno bar em um canto da sala ele pegou um copo, uma garrafa, sentou-se na mesa, observou o copo e direcionou seu olhar para um canto qualquer no vidro que separava a sala de reuniões de uma sala multimídia. Por obra do acaso, a TV ligou automaticamente e a reprodução do documentário Natália Fernández, da infâmia à fama começou em um ponto aleatório da obra.