I. The moon is high

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"The Moon is high, like your friends were the night that we first met"

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Assim que coloco os meus pés no asfalto empoeirado eu sei que minhas férias estão arruinadas. Não me leve a mal, eu costumava amar essa ruazinha cheia de crianças correndo com os pés descalços atrás de uma bola ou enroscando as pernas em elásticos ao som de uma musiquinha que agora eu não me lembro como é, mas, agora eu sou diferente e, aparentemente, nada aqui mudou. 

Sem um sinal digno de celular, sem os barzinhos e as festinhas para sair no final de semana, sem a intimidade com meus antigos amigos de infância, sem absolutamente nada para preencher os meus três meses longe de um ambiente acadêmico.

Bom, isso é culpa da minha mãe, seu império empresarial, sua psicóloga interior e sua super proteção.

1) Ela precisa viajar para o Japão para conseguir fechar um contrato quaquilinário com uma franquia de roupas de grife que eu não ligo em saber qual é.

2) Ela acredita que eu preciso de novos ares antes de começar a universidade e que seria levar rever nossa velha cidade, nossa família interiorana e barulhenta e me desconectar da tão tóxica e viciante vida online.

3) Ela não quer me deixar sozinho em Londres, em nosso apartamento, porque acredita que assim que sair pela porta, eu serei morto e assaltado.

Foi assim que acabei em Holmes Chapel pela primeira vez em 8 anos, na frente de uma linda casa mediana com tijolos aparentes e telhado curvado de barro, escondida por árvores altas e um jardim de grama mal-aparada. A casa em que morei até os 10 anos de idade, antes que mamãe a entregasse para minha tia e sua esposa. 

Ela investiu o que herdou da minha falecida avó na bolsa de valores e ganhou uma bolada ainda maior enquanto fazia faculdade na cidade grande — eu era pequeno — e abriu uma agência de publicidade em Londres. Acabou que ficar indo e vindo ficou complicado para ela e nós nos mudamos. A adaptação foi um saco e eu sentia falta dos meus primos e amigos e da liberdade da cidade pequena, mas, de repente, eu me tornei um garoto londrino. Um daqueles que todos costumavam deixar de lado nas brincadeiras. Um que não pertence mais àquele lugar.

Mamãe é completamente apaixonada e grata por Holmes Chapel, mas, dificilmente consegue tempo para passar aqui e eu não fazia muita questão. Saudade não existia mais em mim como existia nela. Isso preenchia meu interior com culpa porque esse lugar sempre será um pedaço de mim, mas, as lembranças são distantes e borradas, parecem vir de uma vida que não é minha.

Eu queria e, de certa forma, me pressionei um pouco para ter um momento emocional ao voltar para casa, só que não consegui, nem mesmo quando reconheci meu nome lascado no tronco da árvore com um balancinho de madeira e cordas grossas. Creio que eu fiz aquilo antes de me mudar de vez, queria me eternizar naquele lugar. 

Pra onde será foi esse sentimento?

Louis! — Ouvi alguém chamar enquanto ainda observava minha caligrafia torta — Caramba, você veio mesmo!

Conheçam Taylor Swfit-Tomlinson, minha prima mais velha. Ela agarra todo mundo desse jeito extremamente afetivo e carinhoso, mas, é ainda mais intenso porque faz muito tempo que não nos vemos, uns quatro anos, acredito eu, quando ela e suas mães viajaram para nos visitar. Eu a adoro, de coração, então, tendo me despir do meu susto inicial para retribuir seu abraço.

— Seu cabelo está enorme — É o que eu digo, ainda meio acanhado e desconfortável pelo ambiente.

Ela parece uma sereia ou uma surfista, com seus olhos muito azuis, sua pele bronzeada (não sei como) e seu vestido rosa e longo de barra estranha com uma estampa de pássaros coloridos e abstractos. Seu sorriso é tão grande que me sinto melhor por passar meus dias livres na companhia de alguém que realmente está feliz em me ver.

Paper Rings || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora