III. The wine is cold

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"The wine is cold
Like the shoulder that I gave you in the street"

...

A regra de "zero violência" da minha mãe ainda vale. Só isso me impede de bater em Harry até que ele chore. Sou chamado de "poop boy" toda vez que ele me vê ao longo da semana. E o pior, Zayn, Liam, Niall e Taylor curtem tanto o apelido que resolvem me chamar assim também. Taylor contou a história para minhas tias na hora do jantar do dia em que aparei a grama e tia Carol diz que acha nossa implicância "adorável", como quando éramos crianças, e se derrete em elogios ao filho mais velho de Anne Cox, que sempre leva seu cavalo para que ela possa cuidar na clínica veterinária. Seu cavalo chamado "Cookie" que eu fui proibido de zoar porque ele tem muita idade e devo respeitá-lo.

Dá para acreditar em uma injustiça dessas?

As coisas correm tranquilamente ao longo da semana tanto em casa quanto na fazenda. Tento ajudar em tudo porque não me agrada a ideia de ficar três meses na casa das minhas tias sendo um peso ou um incômodo, muito menos um sobrinho encostado. E eu duvido que Taylor me deixaria quieto, se ela sai para comprar um chiclete ela me arrasta junto, por esse motivo, passo muito tempo com ela e as garotas no porão, ouvindo-as ensaiar as composições românticas da minha prima.

Elas se apresentarão na quermesse da igreja dessa noite, que tem como objetivo arrecadar dinheiro para os orfanatos da região. Toda a cidade se juntará para participar de alguma forma, então, provavelmente irei me voluntariar para alguma barraquinha de jogos ou ficar vendendo docinhos com as minhas tias. Se eu tivesse coragem, venderia poeminhas datilografados — com a máquina da minha avó — em papel bonito de carta, mas, duvido muito que alguém iria se interessar em comprar, fora que ver alguém lendo algo que eu escrevi me deixaria a ponto de cavar um buraco no asfalto e me enrolar como um tatu dentro dele.

Minha mãe tenta me convencer desde a quinta série que eu tenho um futuro promissor com qualquer coisa que envolva escrita, mas, eu não confio na palavra da mulher que colava meus desenhos abomináveis na porta da geladeira toda emocionada, como se Edward Hopper os tivesse pintado. Provavelmente, trabalharei com redação publicitária, no máximo, mas, não terei grandes romances ou volumes enormes de poesias publicados em algum lugar. Bom, anonimamente no Wattpad por hobby, quem sabe? Com os comentários desativados para eu não sofrer com críticas duras demais.

— Lou, quer me ajudar com os bolinhos? — Tia Carol me chama quando saio do banheiro com uma toalha secando meus cabelos.

— Não sou a melhor opção de assistente.

— Sua mãe contou dos pequenos acidentes — Ela sorri, gentil — Por isso mesmo você vai praticar.

Qualquer vontade de contrariar sua vontade some quando vejo as duas trancinhas feitas desde a raiz, uma de cada lado, com uma florzinha branca no final da mecha. Tia Carol tem toda a bondade do mundo em seu coração e gentileza em seus olhos, dizer não para um pedido dela equivale a chutar filhotinhos de cachorro na rua. Por isso, visto um avental e coloco uma faixa fina no cabelo para tirar a franja longa da frente dos olhos e me coloco diante da longa mesa de madeira onde todos os ingredientes encontram-se separados e organizados em vasilhas de vidro: cacau em pó, leite, ovos, farinha de trigo, manteiga,açúcar e forminhas.

Tudo que tem potencial de se estragar nas minhas mãos.

— Tia, eu vou destruir tudo-

Paper Rings || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora