Desconfie de pessoas que nem sequer xingam um “porra”,
Até a Senhora minha mãe xinga entre uma missa e a reza de um rosário,
Porque as palavras vãs destroem menos que a maldita hipocrisia
E aquele que aponta o dedo muitas vezes mora no armário,
Acusando quem é feliz de heresia.
Desconfie quando faltar loucuras aparentes,
Pelo menos uma impaciência, ou uma veia saltada em um dia ruim,
Porque definitivamente esse não é um mundo de santos,
Mais vale a verdade dos pecadores do que o pudor malicioso de tantos.
Desconfie da auto propaganda das pessoas certinhas,
Da mulher perfeita, ou do príncipe de cavalo branco,
Possivelmente há um monstro nas entrelinhas.
Desses espíritos da inquisição eu cansei,
Defendem a moral se dizendo ofendidos com um casal gay,
São ferozes julgadores e não cansam de bater o martelo,
Mas à noitinha se vestem de femme fatale,
São a Madame Margot e praticam o auto flagelo.
- Desconfie antes que seja tarde e alguém lhe cale!

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Transtorno Poético
PoetryPoesia patológica, verso subversivo, sob o crivo do enredo. O poeta tenta apreciar a vista, ele não é atração, tampouco artista, sofre disso.