O Povo é o dono

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Nesse intento desvairado de poder ninguém me representa.

Há uma disputa quase artística, quase cômica se não trágica.

Lá estão eles fazendo cara que gostam de bebês e de gente pobre,

Se tornam seres iluminados e humildes em um passe de mágica.

Rostos maquiados e uma boca cheia de dentes com facetas,

Vendem até a mãe para não largar a boa teta.

Poluem a cidade com lixo, me irritam com carros de som,

Seres desprezíveis que escolheram a mentira como único dom.

Sério que eles acham que convencem alguém?

E ainda tem as sanguessugas balançando a cabeça e dizendo amém.

Eis os integrantes do processo democrático:

Aquele que lucra quatro anos,

Aquele que tanto faz a cor da bandeira se ganhar a dentadura,

Aquele que trabalha e que não acredita mais em nada a essa altura.

Um jogo nojento que nem tenta se esconder atrás do pano,

Na sua cara dizendo que acredita no Brasil.

O mentiroso habilidoso acredita na própria mentira,

Jura ter dito eu te amo, quando te mandou pra puta que pariu.

O povo não quer um Estado que seja pai e mãe, o povo já se criou,

É moleque crescido, não quer ser feito de otário,

O povo não é filho desse pai que esquece aniversário,

Dessa mãe que põe homens asquerosos em sua cama,

Desse pai que bate no filho todo dia dizendo que o ama,

Dessa mãe que devolve um trocado do dinheiro do sinal,

Desse pai que ensina o filho a ser um competente marginal.

Queria mais era ver esses rostos sorridentes perdendo o sono,

Com o povo descobrindo que não é filho coisa nenhuma,

Com o Povo descobrindo que é o verdadeiro dono!

Transtorno PoéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora