Ouroboros

337 14 3
                                    

Vivemos um tempo embaralhado, são muitas Eras juntas,

Vivemos tudo que já houve e haverá de uma só vez,

Perdidos em alguma história ainda não escrita de Stephen King.

A sopa primordial ainda fervilha, o fogo é descoberto,

O grande fêmur vira uma arma, se constroem pirâmides,

Cristãos são comidos por leões,

As fogueiras ainda queimam bruxas,

A chibata ainda estala e nunca se matou tanta gente.

São mortes via implosões silenciosas,

As dores e sofrimentos como um vírus em mutação.

Bombas atômicas explodindo dentro do coração do honesto,

A Grande Guerra na mente de quem se vê impotente e angustiado,

As torturas da ditadura no suspiro diário do assalariado,

O meteoro que matou os dinossauros na ignorância planejada.

As almas estão sendo fagocitadas pela própria psique,

A força gravitacional aumentou de dentro pra fora.

Os generais marcham com seus exércitos nas fachadas dos bancos,

Os bacanais de Roma acontecem em Brasília,

O imperador nomeando um cavalo para um cargo em comissão,

Neandertais planejando a morte de homossapiens.

Que tempo é esse que parece existir em lugar nenhum?

O mundo se devora, se consome em turbilhão,

Mortes de dentro pra fora, de fora pra dentro,

Morte civil, psicológica, pela falta de lógica em viver,

Não se pensa logo não se existe, gente que morreu e nem sente.

É cobra comendo cobra meu irmão,

Como um enterro de um imortal indigente,

Alguém aperte o reset para que o futuro venha novamente.

Transtorno PoéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora