Houve uma época que se precisava merecer,
Que o sol não se sentia culpado pela lua,
Nem as avenidas pelas ruas,
Nem os jardins botânicos pelos canteiros de margaridas.
Sobrou até para o amor, que foi equiparado a uma conta,
Um projeto de governo, de inclusão sentimental,
Calculado em reais, em um mundo de faz de conta.
Uma promessa populista de sorrisos e aparências,
Uma mentira que por lei entrou nas cotas da verdade e da essência,
De um mundo que se esvaziou, um marketing viral,
Uma propaganda eleitoral de um pleito sem coração.
Já fui de direita e vivi um amor careta e sem sal,
Socialista e dividi um querer, já fui liberal e até comunista.
Não pense mal de mim, eu me tornei um anarquista,
Queria levantar uma bandeira e discutir nos botecos e bares,
Ter olhos apaixonados e defender propostas,
Gritar no palanque, ou ser xiita e mandar tudo para os ares,
Só para ter a ideologia viva de ser o que nascemos para ser,
Mas o mundo segue apático, parece caminhar de costas,
Assim eu amo nulo, de um direito de fachada,
Que me vejo impedido de exercer.
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Transtorno Poético
PuisiPoesia patológica, verso subversivo, sob o crivo do enredo. O poeta tenta apreciar a vista, ele não é atração, tampouco artista, sofre disso.