Não vamos fazer cena, a verdade é que a vida está mais para um filme de Woody Allen ou dos irmãos Coen.
Não se vive um dramalhão mexicano ou um blockbuster qualquer, apesar da certeza de ter namorado vilãs de Tarantino, de noites a la Stanley Kubrick e outras de perdição que, em segredo, poderiam estar em um filme de Lars Von Trier.
Não perca tempo fazendo drama, ou chorando na cama, ai está você sofrendo um desamor sem doenças terminais, sem questões sociais, sem uma guerra, nem o Central Park.
Veja, o suposto amor de ontem já é de alguém que não existe, persiste a obrigação inconsciente de sofrer, porque as relações se acostumaram com a culpa que já nos deram muito antes da gente nascer.
Cuidado para não se afogar em lágrimas de colírio, o desamor é um delírio, um devaneio do ego que prefere causar a dor no outro, uma hipnose sensacionalista que faz você sentir frio.
A vida é uma estranha comédia do cotidiano, cheia de pequenas agonias, cheia de pequenas ironias, às vezes uma grande piada.
Nada será como você pensou que fosse ser, você vai rever sua primeira namorada anos depois - ela estará gorda, envelhecida e com três filhos.
Você não poderia achar graça no mundo do politicamente correto, mas naturalmente achou, porque do drama só restou a bebedeira.
A vida é um teatro de improviso em uma matinê, ou em uma madrugada com aviso de tempestade, é o caos ao acaso se debatendo com começo, meio e fim.
O acaso tão protagonista quanto o destino, fazendo você escolher o tom e a cor dos seus desatinos.
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Transtorno Poético
PoesíaPoesia patológica, verso subversivo, sob o crivo do enredo. O poeta tenta apreciar a vista, ele não é atração, tampouco artista, sofre disso.