Eu sei, não acredito que dinheiro traga felicidade,
Só quero dormir tranquilo e conseguir pagar as contas,
Não sonho com carros importados e um mundo de faz de conta.
Mas não vou negar que tenho privilégios,
Nasci em berço de ouro, que não reluz, mas transborda luz.
Porque como herdeiro de uma fortuna recebi muito carinho,
Vi uma Rainha ser a matriarca de uma nação de três homens e um cachorro,
Vi um Rei já cedinho na labuta, lutando a guerra lá no fronte,
Sem aos domingos faltar um banquete real com lasanha e falsa modéstia.
Descobri um tesouro em cada amigo, uma majestade em toda criança,
Uma coroação em toda queda, um diamante em cada lágrima.
Porque sou rico de um vinho em promoção, da Paris de Woody Allen,
Dos livros que já li, das rodas de violão,
De toda sorte de amores e desamores,
Do mar que é de graça, da graça dos amigos,
Dos primeiros porres e ressacas, de todas as alegrias e dores.
Rico por querer mudar o mundo, por buscar um Eu profundo,
De toda poesia, das noites que sofri,
Sou rico do dia que sempre amanhece trazendo uma nova cor.
É impossível calcular tudo aquilo que vivi:
- Deposito a fé no próximo, ostento apenas a verdade e só acumulo o amor.

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Transtorno Poético
PuisiPoesia patológica, verso subversivo, sob o crivo do enredo. O poeta tenta apreciar a vista, ele não é atração, tampouco artista, sofre disso.