Estação

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Existe um querer a qualquer tempo que nos lembra de viver,
E era assim, eu não a deixava nua com o olhar,
Não dava tempo, era ela que me despia,
E os olhos percorriam em telepatia,
Existia uma métrica musical de fundo,
Duas forças da natureza, uma ardente poesia,
Que saltava aos olhos dos transeuntes,
Sem sequer se importar com o resto do mundo.
Não demorou para ela se desfazer das calças jeans,
Era verão o ano inteiro, sempre pronta para mim,
De saias e vestidos, uma primavera sem fim,
De fugas públicas, de discretas travessuras,
De calcinhas covenientemente esquecidas,
De piadas só nossas, de desejadas loucuras,
De um tempo refeito, de horas perdidas,
De mãos hábeis, de pés embaixo das mesas,
De uma simples razão e poucas certezas.
Criamos uma estação, que era quente e chovia,
Que não importava se o vizinho nos ouvia,
Percorri suas brechas, por prazer sentia o gosto,
Derreteu tantas vezes em minha boca, ela apertava o meu rosto,
Com a voz rouca, me servia com seus seios,
Já nos parecia sensato largar tudo e virarmos naturalistas,
Ela cochichava no meu ouvido me dando pistas,
Eu respondia sem receio, ela não podia mais calar,
A verdade, é que ali, exortos em nós mesmos,
Despidos de nossos corpos, o mundo podia se acabar.

Transtorno PoéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora