Capítulo 2

2.9K 218 6
                                    

Pov. William

A escuridão pouco a pouco começa a desaparecer. Diante de mim está uma imagem um pouco borrada mas no final eu posso ver.

Há um pequeno quarto diante de mim. As paredes eram pintadas de rosa, violeta e branco, com algumas borboletas coladas na parede. É um quarto de menina. A cômoda e o guarda roupa são brancos, assim como o berço, A colcha e o protetor de berço são branco com flores rosas e violetas.

Me aproximo do berço e vejo uma bebê dormindo tranquilamente. Bom, sei que é uma menina pela forma que o quarto está decorado. Observo a bebê, ela tem as bochechas rosadas, cabelo castanho e pele branquinha. Não sei porque as características dessa bebê me parecem muito familiar.

- "O que estamos fazendo aqui? Quem é essa bebê?" - pergunto.

Vejo a mulher se aproximar do berço e acariciar a bochecha da menina. No momento em que ficou da sua altura, um colar em formato de coração de cor azul celeste ficou descoberto.

- "Essa bebê é a sua esposa, quando tinha poucos meses de vida." - ela diz sem me olhar.

Nesse momento um homem entra no quarto com uma mamadeira em sua mão. Ele se aproxima do berço e pega a menina no colo. Posso ver que a sua mão treme um pouco, é como se estivesse nervoso.

- "Minha pequena, minha linda menina. Está na hora de comer. É hora de mamar..." - diz o homem enquanto coloca o bico da mamadeira na boca da bebê, que começa a mamar com vontade.

Antes que eu diga algo a mulher ao meu lado, nós passamos para outro lugar.

Estamos na entrada da casa que fica localizada no povoado. A porta se abre e nós entramos. Vejo o mesmo homem que apareceu antes sentado em uma poltrona. Ao seu lado há uma mulher e duas meninas. Ambos os adultos estão conversando e não perceberam a brincadeira das pequenas.

Uma delas, a mais nova esta desenhando em uma folha, enquanto a mais velha esta correndo pela sala tentando chamar a atenção dos adultos. Nisso a mais velha tropeça na mais nova, acabando caindo no chão. Se escuta um forte choro. Com isso a mulher e o homem se aproxima das meninas, mas a mulher vai em direção da que esta chorando.

- "Filha, Aline...o que aconteceu?" - a mulher perguntou.

- "Alice...Alice...me derrubou." - a menina diz chorando.

- "Isso é mentira. Eu estava desenhando no chão." - diz a pequena.

A cara da mulher se deforma e se aproxima da pequena. A toma pelo braço e a levanta como se não fosse nada. Fazendo a pequena gritar de dor.

- "É sua culpa estar no chão. No chão não se desenha, não se senta. O chão é sujo, embora você...é uma menina suja...então sim, o chão é o seu lugar." - a mulher diz com desprezo.

O que esta acontecendo? Não se fala assim com imã criança!

- "Cale a boca de uma vez Helena!" - diz o homem pegando a pequena no colo enquanto tenta consolaá-la.

- "Só estou falando a verdade, Evan." - ela diz enquanto consola a outra menina.

- "Vou deixar Alice em seu quarto e depois nós dois vamos conversar seriamente."

O homem sai da sala e a mulher pega o caderno que a pequena estava desenhando e os lápis, e os joga dentro do lixo.

- "Essa menina é um estorvo. Ela nunca será minha filha, vou fazer a vida dela um inferno. Só existe uma princesa e é você minha pequena. Minha princesa Aline."

As paredes se afastam e entramos em outro quarto. Ali esta Evan consolando a pequena menina.

- "Meu amor...não chore." - ele diz ajoelhado na frente dela. Enquanto acaricia o bracinho onde a mulher apertou com muita força.

- "Sou suja mesmo tomando banho, papai?" - ela diz com lágrimas nos olhos. Eu sorrio por causa da inocência da menina.

- "Você não é suja. Olha a sua pele. É branca como o leite. Deixa de pensar nisso. Vou buscar suas coisas para que você continue desenhando. Tudo bem?"

- "Sim papai." - ela diz.

- "Agora pare de chorar e sorri. Meu dia fica mais feliz sempre que vejo o seu pequeno e sincero sorriso." - a menina sorri e o homem sai do quarto feliz.

Outra vez a escuridão volta e depois dá lugar a outra imagem.

Agora estamos na praça do povoado. Ali se encontra duas jovens. Acho que pelas características físicas são as meninas da outra imagem. A mais baixa esta sentada com um livro em suas mãos e a outra está parada olhando para a mais nova de cara feia. Nisso um homem se aproxima da que está sentada e a mais velha, acho que se chama Aline, fica tensa e vejo fúria em seus olhos.

- "Olá bonita, o que você faz sozinha na praça, Alice?" - essa voz é de James.

- "Estou lendo, e você o que faz por aqui?" - ela pergunta com um sorriso.

- "Estava comprando umas coisas que minha mãe pediu e ai te vi sentada aqui, e resolvi falar com você." - ele diz.

Idiota. Não sei porque mas esta me dando vontade de quebrar a sua cara.

- "Não perca seu tempo, a pequena bastarda não é pra você, querido." - Aline diz.

Bastarda? Essa daí se acha o que? A Miss Universo?

- "Eu não sou uma bastarda e para de retratar assim. Nós somos irmãs."

- "Você e eu jamais seremos irmãs. Desde que você chegou em minha família, só tem sido um estorvo. Embora a minha mãe e eu tentámos te tirar de nossa casa e de nossas vidas nunca conseguimos. Você sempre esteve estorvando, pequena bastarda." - ela diz e sorri vitoriosa.

Vejo os olhos de Alice ficarem marejados, ela fecha o livro e se levanta.

- "Sinto muito James, mas tenho algumas coisas pra fazer. Foi um prazer te ver. Nos vemos por ai." - ela dá um beijo em sua bochecha e se vai, deixando uma Aline triunfante e um James irritado.

Depois disso milhões de lembranças passaram diante dos meus olhos. Não sei quanto tempo se passou, mas por fim posso lembrar da minha vida.

- "Porque você me mostrou isso?" - digo a mulher que me recebeu.

Agora estamos sentados no mesmo banco que estávamos antes das visões.

- "Para que você entenda um pouco sobre os medos de Alice. Ela pode te dizer e você pode entendê-los, mas vê-los...deixam tudo mais claro." - ela diz.

- "Eu sei quem você é, Bahar, a mãe de Alice. Não sei como você conseguiu aguentar ver o quanto a machucaram." - digo inconformado.

- "Eu não podia fazer nada em relação a isso. São muitas poucas vezes que este mundo e o outro entram em contato, mas mesmo assim tem coisas que não podemos fazer."

- "O que você quer de mim?"

- "Que você volte para minha filha. Ela precisa de você. Sei que ela será uma mãe maravilhosa, mas tem medo. Ela nunca teve um exemplo de mãe doce e carinhosa. Ela tem medo de acabar ficando igual Helena, já que foi criada por ela. Ela nunca vai te falar sobre isso. Você pode ter a minha ajuda para ser feliz, desde que você não a machuque mais."

- "Eu nunca voltarei a machucá-la. Você pode ter certeza disso."

- "É bom saber disso. Agora há alguém que gostaria de falar com você e é a última pessoa que você falará aqui. Você precisa voltar para a sua mulher."

- "Quem?"

- "Olhe pra trás." - Bahar diz antes de desaparecer.

Olho para trás e a pessoa que esta bem na minha frente, é a última pessoa que eu esperava ver.

- "Papai..." - digo em um sussurro.

LIVRO 3: Olhares de Amor: O Destino (Completo) Onde histórias criam vida. Descubra agora