Capítulo 4

2.8K 228 2
                                    

Pov. Alice

Um dia a mais nesse hospital. Um dia a mais que tenho que esperar que William acorde. Estou a quase duas semanas nesse hospital. Falei com o medico e pedi que trouxesse uma cama ou uma poltrona para o quarto, já que eu não iria sair do lado do meu marido. Se ele não me atendesse, eu não iria conseguir descansar, assim como ele me pedia nos últimos dias. O médico acabou aceitando contrariado e mandou trazer um sofá-cama para que eu pudesse descansar.

William ainda continua inconsciente mas já não esta em coma. O dia de ontem eles tiraram o oxigênio e segundo o que o doutor me disse, meu marido estava muito melhor e que se ele não acordava era porque ele precisa recuperar as forças mas que cedo ou tarde ele voltaria pra mim.

Todos os dias entram várias enfermeira e médicos para examinar meu marido. Meu pai também veio várias vezes e disse que amanhã deixaria seu braço direito cuidando dos assuntos da prefeitura para cuidar de mim, já que eu queira ou posso ter os bebês a qualquer momento. Com 36 semanas e meia de gestação, nunca se sabe.

Lily tem estado muito apreensiva. Não quis sair do meu lado e quando alguém a levam pra casa, horas depois a trazem de volta ardendo em febre porque não há quem consiga consolá-la. Só quando a pego no colo, ela se acomoda em meu peito e relaxa. Por esse motivo falei com a encarregada a área pediátrica para que me ajudasse com a alimentação de Lily. Eu tenho tudo aqui, exceto um lugar onde esquentá-la e ela gentilmente esta me ajudando.

Então estou aqui, ao lado do meu marido, cuidando dele como tenho feito todos os dias. Lily esta dormindo em seu carrinho. Coloquei nele um mobile que se mexesse a qualquer movimento e a pequena gosta.

Com cuidado eu aproximo Lily de William e ela, muito carinhosa acaricia as suas bochechas. Muitas vezes ela ria quando tocava o seu rosto de William por culpa de sua barba, coisa que ela adora porque fazia cosquinhas.

- "Querido a sua barba esta muito grande. Então eu terei que fazê-la, não se assuste porque essa não é a primeira vez que faço isso em você."

Com cuidado passo um pouco de água pela sua barba e depois passo um pouco de sabão, e como sabia que a água escorreria por seu pescoço, coloco uma toalha em seu pescoço. Com cuidado começo a fazer a sua barba eliminando o pelo do seu rosto. Repito esse processo alguns vezes, até que não reste nenhum rastro de barba em seu rosto.

Assim que termino, desço da cama com cuidado e levo tudo o que usei para o banheiro. Volto para o quarto e me sento ao seu lado, pego a sua mão e a levo ate a minha bochecha.

- "Amor, o que você esta esperando para acordar. Já se passou muito tempo. Preciso que você volte para mim, essa espera esta me matando. Não posso ter os bebês...sozinha. Preciso de você comigo na sala de parto." - digo acariciando suavemente a sua bochecha.

- "Apenas dê tempo a ele, filha. Ele precisa se recuperar. Não se deu conta que a morte não pode com ele? Ele esta aqui e respirando por si só." - meu pai diz entrando no quarto. Ele traz consigo, uma bolsa e um buquê de flores.

- "Não sei quanto tempo mais poderei esperar, essas duas semanas pareceram anos pra mim." - eu digo.

- "Se acalme minha menina."

- "Pai, estou com medo de que os pai dos meus filhos não chegue, ou melhor dizer, não esteja acordado para o parto."

- "Ele vai acordar. E mais, você também precisa descansar. E como os meus netos estão hoje?" - ele pergunta colocando a sua mão em meu enorme ventre.

- "Estão bem, mas eles andam muito agitados e não me deixam dormir."

- "Seu marido vai esta no parto. Disso eu tenho certeza."

(...)

Abro os meus olhos e vejo a hora. São quatro horas da manhã e acho que fui dormir por volta das três. Os bebês estão  muito agitados e os seus chutes não paravam de doer.

Me sento e comprovo que a minha pequena bem. Olho para onde William esta e vejo que nada mudou. Suspiro resignada.

Me levanto e olho para a janela. A noite faz com que a tranquilidade inunda toda a cidade. As luzes dão a ela um toque misterioso.

Quando dou um passo, sinto uma leve pontada isso me fez parar. Não foi uma contração, foi apenas uma pontada. Respiro profundamente e a incomodidade passa. Não me assusto, já que já havia sentido algo parecido antes e segundo a minha médica, é porque o momento do parto se aproxima.

Vou no banheiro para me refrescar, talvez assim eu consiga conciliar o sono de novo. Quando passo do lado de William, beijo a sua testa, seu nariz e lábios, e depois volto para a cama.

Me viro de um lado para o outro e finalmente consigo encontrar uma posição mais ou menos confortável. Estou a ponto de fechar os olhos, um grunhido faz com que eu os abra completamente.

Meu estômago não foi e muito menos Lily. Esse grunhido é muito baixo para ser de uma de nós. Me viro para olhar para William mas ele esta quieto. Eu suspiro.

Me levanto novamente com cuidado e me aproximo dele. Abafo um grito ao ver as mudanças que há em seu corpo.

Sua mão esta segurando a intravenosa que esta em outro braço. Seus olhos se movem em baixo das pálpebras.

Deus, meu amor esta voltando pra mim!

Outro grunhido escapa de seus lábios e quando seu corpo se move, se queixa de dor.

- "William?" - ele não responde nesse momento .- "William...amor...por favor...abre os olhos." - digo contendo a vontade de chorar.

Vejo como o seu rosto se contraí pela dor. Vejo ele tentar abrir os olhos mas a luz o cega. Com cuidado apago a luz e volto para o seu lado. Acaricio a sua bochecha e o escuto suspirar.

- "Abra os olhos por favor..." - digo em um sussurro.

Vejo ele voltar a lutar para abrir os seus olhos e quando ele consegue, milhões de lágrimas começam a escorrer por minhas bochechas.

- "William..." - digo. Não sei se é um sussurro ou algo parecido.

- "Alice." - ele diz.

Deus, como eu senti falta de ouvir a sua voz!

- "Sim meu amor, sou eu...obrigada por voltar pra mim." - digo chorando pior do que uma menina de dois anos.

- "D...dói..."

- "Eu sei querido. Logo vai passar." - eu digo.

- "O que aconteceu? Como você esta? Como Vocês estão?" - ele se preocupa inclusive quando ele acaba de voltar da morte.

- "Estamos bem. Todos nós estamos bem." - digo com um sorriso.

- "Eu nunca me rendi...Sua voz em minha cabeça nunca se calou." - ele sorriu.

Eu me aproximo um pouco mais e beijo os seus lábios, e ele corresponde imediatamente. Como sentia falta disso!

- "Senti muito a sua falta." - eu digo.

- "Não precisa sentir mais...eu estou aqui." - ele sorriu.

Finalmente um pouco de paz volta para o meu corpo e suspiro pesadamente.

De repente, vejo William começar a se mexer na cama.

- "O que você esta fazendo?"

- "Quero dormir...com minha mulher..." - eu sorrio.

Vou em busca do carrinho de Lily e deixo ele perto de nós e com cuidado, me deito ao lado do meu marido.

- "Sua barriga...esta...maior..." - eu nego com a cabeça.

- "Os meninos estão aqui, é óbvio que estão crescendo." - eu digo.

- "Nossos meninos." - ele diz.

Eu me acomodo seus braços desfrutando a volta de William e a oportunidade de esta em seus braços. De voltar orara minha casa, de voltar para nossa casa. Para o meu lar.

LIVRO 3: Olhares de Amor: O Destino (Completo) Onde histórias criam vida. Descubra agora