7. Josué Silva (Laymai Aiz)

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Quarta-feira,27 de novembro de 2057.

A CORTINA esvoaçava na janela do quarto do hotel. Mais uma vez, Nina aparecera na noite anterior para lhe fazer companhia. Apenas de cueca, ressonava quando finalmente despertou com os olhos voltados para os cabelos aloirados e, num súbito susto, pensou que fossem espinhos, então, deu-se conta de tudo em que estava enfiado. Tinha certeza de que nunca havia sido tão torturado na vida, não bastasse a trupe de sirianos, ainda precisava bajular aquela humana. Nem disfarçara o nervosismo para Nina, e lhe dissera, na noite anterior, que precisava descansar. A moça, como uma cadelinha obediente, apenas se deitou ao seu lado com uma camisola branca de rendas curta, que em nada o atraia.


Quase nem conseguira pregar os olhos com tudo que se sucedia de modo conturbado. Logo Silvio e Sergio, seus ex-subordinados, futuros moribundos, tinham conseguido desvendar a chave para a reprodução entre axeanos e humanos? E ele, que tanto tempo havia se dedicado a essa pesquisa, nunca conjecturou que era o ovo quem deveria abrigar o embrião e não um útero humano. Devia ter pensado nessa hipótese. Sentia-se um bundão, um merda. Poucas axeanas emergiram e tivera uma, por mais de um ano, que carinhosamente poderia ceder seu ventre. Como fora um tolo esse tempo inteiro tão obcecado por esconder Theixa, por descobrir como fazer transição sem sacrificar os poderes dos nódulos e da cauda que exalava um inebriante e excitante perfume!


Levantou chateado e Nina ainda dormia. Dava vontade de esganá-la. Contudo, iria despejar sua raiva sobre Silvio e Sergio, derreter os corpos deles e surrupiar o resultado do ovo negro. Sim, seria um cara mau, precisava angariar algo a seu favor. Ainda havia o segredo que Theo o proibiu que pensasse, o que era primordial para sua ascensão e o siriano desconhecia. Foi direto ao banheiro. Acionou o chuveiro no morno e deixou a água o encharcar por alguns minutos. Precisava relaxar e recarregar os ânimos para enfrentar aquela quarta-feira perigosa. Iria, rapidamente, à governadoria e depois para o laboratório. Os merdas dos sirianos não o ajudaram em nada para poder escapulir de suas obrigações. Além disso, por causa dos tecidos de Theixa incompletos fizeram aquela algazarra, tratando-o como um malfeitor. Estava atravessado com aquela irmandade escrota, contudo, por hora, precisava dela e a engoliria...

— Bom dia, meine liebe – Nina abriu o blindex e ele revirou os olhos sem que ela percebesse. Contou até três para voltar-se a ela, vestida apenas com uma calcinha branca e pequena, com os seios grandes e oferecidos a mostra. — Quer companhia? – perguntou com voz quase infantil, num sotaque irritante.


Foi ao inferno e retornou em fração de segundos, teve vontade de puxá-la para baixo da água e arrancar a pele branquela, quer dizer, se fosse ainda um original. Contudo, já possuía problemas demais e, com certeza, acostumar-se àquela humana insaciável lhe traria segurança.


— Meu amor, estou muito atarefado. Essa é uma semana tensa para mim... eu... – enquanto se lamentava teve uma ideia maravilhosa. — Vamos fazer o seguinte. Darei uma escapulida do trabalho só para ficar contigo. Espero é não criar problemas para você e nem a mim. Quero agradá-la, meu anjinho loiro – sorria pleno, pois era um gênio. — Tenho algo especial para lhe dizer... na verdade, para pedir – os olhos de Nina vidravam a cada palavra dita cheia de uma alegria incompreensível.

— Maravilhoso!!

— Converse com seus pais que irá se ausentar por um dia, talvez, dois comigo. Vamos navegar pela baía – desligou a ducha, impregnado por sua perspicácia. Arquitetava seu plano para voltar ao laboratório enquanto se enxugava sobre os olhares sedutores de Nina, que mordiscava os lábios.

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