À NOITE mal tinha caído quando desceu do mezanino com os cabelos curtos ainda molhados, usando jeans, tênis e camiseta branca. Ia encontrar a Irmandade dos Nove na casa de Lisbeth Jensen. Aquela semana surfou em ondas intrigantes. Houve o atentado na academia e o desaparecimento de Sofia, além da descoberta de Diana Archemi. As linhas um dia formam círculos não importa o tempo necessário para que isso aconteça, refletia enquanto atravessava os equipamentos de treinos. Com a suspensão das aulas noturnas, o silêncio caia estranho aos ouvidos.
Ativou o sistema de segurança, fechou a porta nova e avistou o Corvette cinza, com adesivos tribais pretos no capô e sobre os frisos das portas, que pertencia a Beto Lopez. O carro esportivo se assemelhava a rebeldia do dono, que lembrava um lobo, com o timbre de voz grosso e arrastado, a cabeleira longa, de fios finos e espessos, colocada atrás da orelha e bigode e cavanhaque compridos. Como ele e Klaus, Beto também era alto e forte. Seu gosto por vestimentas alternava-se entre raras ocasiões em que surgia mais refinado e, outras, mais displicente. O irmão era sociável e vivia com uma humana, Clarisse. Tinha ciência de que teria que cair fora do relacionamento, e não era o primeiro em que debandava pelo fato de envelhecer lentamente.
— E aí mano, tudo em ordem? – Beto o cumprimentou assim que entrou no carro, socando levemente um ao outro.
— Tudo... e você fez o lance lá, na Teia Protetora – Beto já havia arrastado o carro.
— Fui hoje à tarde – tratava-se do Instituto Mais Chance que dizia defender os interesses dos exilados fora do Cinturão de Segurança. Eles punham humanos filiados à organização para reunirem-se com esferas menores do governo, exigindo informações do que acontecia fora do Cinturão. Era a fachada da Teia Protetora. — Solicitei formalmente uma posição do Primeiro Comando sobre quem atacou a academia e levou uma criança híbrida com traços sirianos. Deixei, com o coordenador da Teia, Tadeu Ferreira, as imagens do prédio de Melissa e outras que os gêmeos e Bruno surrupiaram do sistema da Quarta Região – contava Beto enquanto acelerava rápido e punha no automático. O sistema do automóvel se encarregava em guiar nas ruas e avenidas, obedecendo as sinalizações. — Tadeu é o primeiro homem oficial de Sorya aqui. Vai pôr direto o problema para Mikah Rother – Beto, dentre desertores da Irmandade era quem mantinha contato com os sirianos de Sorya. — Deixei um holograma com questionamentos para o comandante Rother... – Beto sorriu em deboche.
— Eles vão ter que explicar, pois qualquer um de nós só vem de um lugar, de um portal interdimensional, de uma base, a responsabilidade aqui por Sorya é do Primeiro Comando.
O carro trafegava pela orla e parou num Verificador de Identidade. Eles puseram as mãos nas telas para leituras de digitais dos pins nos equipamentos que ladeavam o automóvel e olharam para o ponto que pudessem obter as imagens de suas íris e faces. Depois, o esportivo voltou a circular. Perdia-se ao observar o mar com suas águas que dançavam a mercê da lua e das marés sob o compasso uníssono das ondas batendo na areia e do vento, o oceano finito parecia inacabável e admirava aquela dialética entre a aparência e a realidade. Adorava nadar ou ficar na praia bem cedinho, sentindo o vento e o cheiro de maresia.
— Existe uma remota possibilidade que não consideramos – Beto o trouxe para a realidade. Sentia-se meio entorpecido. — Os homens que levaram Sofia e te atacaram serem ligados a outra base – sete bases da quarta dimensões atrelavam-se ao planeta, permitindo as passagens entre os mundos e Sorya era uma delas.
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Mundos Secretos ⚠️ HIATO por tempo indeterminado ⚠️
FantascienzaDireito Autoral AVCTORIS|| Essa é uma história sobre duas raças de aliens que habitam a Terra sem serem percebidos. Num futuro próximo, a geopolítica está modificada e os sirianos e axeanos se misturam aos humanos nativos e dão prosseguimento a suas...