Mundos Secretos ⚠️ HIATO por tempo indeterminado ⚠️

1. Josué Silva (Laymai Aiz)

TODA PENÚLTIMA terça-feira do mês, o axeano Josué Silva, representando os pesquisadores de sua raça, reunia-se com Xhai Toysi, e o líder do Clã Cinza, Solonius Zik, que também era o goverandor do estado. Naquela noite, Josué, que era o original axeano Laymai Aiz, ansiava por aquele encontro. Ele tinha um presente especial para Solonius. Imaginava que a informação o reposicionaria aos olhos do governador, e lhe daria mais projeção, afinal, era dono de ambições secretas.

No elevador, encontrou Xhai Toysi, que tinha uma aparência de bobalhão, embora fosse um leão arrogante nos negócios. Cumprimentaram-se cordialmente com aperto de mãos, ao modo dos humanos, e saíram no terceiro andar. Passaram pelas seis seguranças pessoais de Solonius, Josué acenou educadamente para eles e seguiram até a recepcionista, identificando-se: Xhai como Lourenço Oliveira e ele, como Josué Silva. Odiava aquele nome, mas tinha que carregá-lo por toda vida, bufou a si mesmo.

Um de cada vez, puseram as mãos no Verificador de Identidade (VI) interno e esperaram as leituras da íris e do pin, inserido na pele acima da porção muscular do tênar, na palma da mão. Os equipamentos comparavam as informações dos corpos com os arquivos do Sistema de Segurança. Tecnologia para humanos, pensou.

Em seguida, a recepcionista os acomodou na antessala de poltronas escuras, ar condicionado forte e duas luminárias sobre as mesinhas laterais. Havia ainda alguns portas-revista e, no piso, um tapete bege com fios grossos, em que os sapatos afundavam. Dois quadros do pintor Caribé complementavam o ambiente.

— Os senhores gostariam de café, água? – ofereceu ela.

Embora todos os meses viesse ali, os olhares de Dora, moça de feições comuns e cabelos presos em coque, fixavam-se nos de Josué da mesma maneira, sedutores e acompanhados de um sorriso oferecido. Ele não gostava do poder que exercia sobre as mulheres. Respondeu negativamente com desprezo, porém Xhai aceitou água. Dora saiu com um sorriso agradável e raspou-lhe mais uma olhadela.

Apanhou uma das revistas com um conteúdo sobre turismo e começou a navegá-la aleatoriamente.

— Como vão os negócios no Sul?

A cara de paspalhão de Lourenço logo se modificou com um meio riso, enfeitando o rosto de pele vincada, cabelos meio grisalhos, um bigode medonho, uma papada que tremia quando falava e uma saliente barriga destacada na camisa azul fina e paletó escuro.

— Ah... amigo, Josué Silva – entonou o nome de uma forma detestava. — Poderia ser melhor se a idiotice desse Cinturão não estivesse perdurando tanto tempo e o sol causasse menos danos à pele das pessoas.

Apenas assentiu, não quis dar prosseguimento às reclamações de Lourenço, pois já tinha os próprios anseios.

Lourenço o olhou de soslaio.

— Agora me conte, Josué Silva – mais uma vez destacando seu nome. — As quantas andam suas conquistas com as mulheres nativas?

Soltou uma sonora gargalhada. Depois fixou o olhar no amigo roliço.