-- Capítulo 5: O Silencioso --

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 Um grande número de pessoas caminham por uma rua pavimentada. Essa é só uma via de muitas outras espalhadas por essa vasta capital. Ty, o centro do reino de Thycal, é um lugar muito próspero, abençoado com mentes sábias que elevam o nível tecnológico da capital em uma velocidade notável. Porém, nada é perfeito, existe uma considerável parcela da população que vive em periferias devido às suas baixas rendas. Talvez isso soe como algo inesperado, mas, o governo não despreza essas pessoas, ao menos, não totalmente. Com o tempo, vários projetos foram aplicados com eficiência, dessa forma evitando que o nível de pobreza dessa minoria chegasse a condições miseráveis.

 Indo para o interior de uma dessas periferias, temos aqui uma pequena casa colada a outras. Dentro dessa residência circula um ar bastante humilde. Duas crianças brincam com brinquedos improvisados enquanto correm pelo lugar. Em uma cama posicionada próxima da parede, está um jovem dormindo profundamente. Em um certo momento, a algazarra das crianças aumenta tanto, que um dos brinquedos acaba voando na cara desse rapaz. Ele acorda assustado, fazendo vários movimentos estranhos, que talvez lembrem golpes tortos de artes marciais chinesas. Os pequenos ficam rindo dessa situação. O rapaz, depois de se acalmar do susto, se levanta e se aproxima dos garotos. 

 Essa pessoa de pele parda tem cabelos laranjas bagunçados, uma expressão facial simples, que de certa forma o faz parecer ser meio sem graça, e uma altura de exatos 1, 75 m. Seu corpo não é robusto, mas é bem moldado do seu jeito. A roupa desse ruivo é de apenas uma camisa velha e uma calça folgada. 

 Ao chegar próximo dos garotos, ele se agacha e comunica algo por gestos de uma língua de sinais. O jovem parece um pouco bravo pela bagunça em que está o lugar. Os guris ficam desanimados com o que entendem, apesar disso, concordam em seguida com movimentos de suas cabeças sobre o que foi dito nessa bronca silenciosa. Em seguida, o rapaz se levanta e puxa debaixo da cama uma grande maleta velha, ao abrir ela, seu conteúdo se demonstra ser de apenas algumas poucas mudas de roupas. Ele pega alguns desses conjuntos e deixa em cima da cama, após isso, o ruivo guarda a mala no mesmo local em que ela estava antes.

 O ruivo dá uma olhada do lado de fora da casa por uma janela de madeira encardida, ele observa a posição do sol por algum tempo. No exterior do barraco, algumas pessoas simples se movem por essa rua de terra. O jovem volta para dentro e novamente com sinais ele avisa algo para as crianças. Ele parece determinado no que gesticula, os guris ficam sem graça ao compreenderem o que foi dito.

 — A gente realmente não pode faltar a escolinha hoje? — diz o garoto moreno. 

 — Por favor, deixa a gente ficar hoje! — fala o menino de pele parda.

 O rapaz balança a cabeça para demonstrar sua negação. Apesar da falta de interesse, as crianças acabam acatando. Depois disso, todos ali vão tomar banho juntos no quintal, usando vasilhas para pegar a água depositada em uma grande caixa. Em seguida, todos se vestem com as mudas de roupas que o ruivo já tinha separado e agora se movem para sair da casa. Próximo da saída o jovem pega um grande casaco marrom que estava pendurado por perto. Essa roupa está no processo de perda da sua coloração devido ao seu longo tempo de uso. E assim eles se vão por aquela rua de terra, uma das várias que se expandem pelo horizonte em formas tortas devido a falta de planejamento nas construções dos edifícios.

 O tempo passa. Em uma zona pavimentada e com casas mais bonitas, porém, ainda longe de serem luxuosas, o ruivo deixa as crianças na entrada de uma escola básica, depois de se despedir com um gesto, ele se vai dali. O rapaz vai andando por muitas ruas, algumas bem distintas, apesar das diferenças, todas passam uma boa paisagem. E com sua caminhada, essa pessoa vai se misturando com as outras, consequentemente desaparecendo na multidão.

LA: A Floresta do Céu de Trevas (FCT)Onde histórias criam vida. Descubra agora