-- Capítulo 39: Ordelix --

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Baixas nuvens de poeira circulam devagar pelo espaço próximo do muro da Caverna de Fios. A lua e a grande quantidade de estrelas no céu brilham intensamente, nem as trevas nas bordas da Zona Neutra poderiam reduzir a beleza desse momento. Próximo da barreira de luz não há mais nenhum monstro, o tempo de incitação da névoa para a guerra contra os Perdidos cessou.

Talvez seja assim por não existir mais necessidade de outro confronto para exterminar os invasores.

Por cima do território da gruta estão espalhados os corpos de: Babuíno, Rol Bost, Rogerinho e Sayru, que se encontram devastados. Isso os resume. Bassara, que foi jogado de forma violenta em uma árvore, ficou preso por lá em um estado horrível. Todos os indivíduos, principalmente os aldeões, têm seus corpos em uma aparência lastimável, além de terem perdido muito sangue, está mais do que claro a quantidade de feridas fatais que se estendem por seus corpos. Mesmo que a criatura magricela fosse morta, eles não veriam um amanhã.

Apesar de ser uma noite vitoriosa para a floresta, diferente de todas as outras Ondas, ela não toca sua tenebrosa sinfonia de comemoração.

O motivo?

É porque "ele" está de pé. Enquanto ele estiver de pé, as trevas irão se contorcer pelas lembranças das feridas que lhe foram causadas. São graves cicatrizes, que provam o peso de seu legado.

Vasto tem a Ordelix em mão, mesmo que a segure com pouca estabilidade. Com dificuldade ele está de pé, a arma é o que sustenta seu corpo. O chão está manchado de sangue. Logo a frente se encontra o ser magricelo, há vários metros de distância, mas, pelos seu feitos antes demonstrados, atravessar esse espaço de diferença seria algo rápido, quase instantâneo para ele.

O anão, com seu olhar decrépito, afronta o monstro de modo imponente.

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Voltando anos atrás no passado, para um local em que vários anões vivem como ferreiros, um evento inesperado se desenrola, mais especificamente, uma visita inesperada chegou ali. Uma multidão de trabalhadores vai se reunindo, todos os indivíduos dentro da caverna olham surpresos para o ser em sua frente, como se ele fosse um fantasma.

Com um sorriso arrogante, Vasto caminha pelo lugar em que viveu sua infância. Fora o elmo, ele usa uma armadura robusta de cor negra, sendo ela a com aspecto mais complexo se comparada com os modelos anteriores que já expôs. Seus equipamentos fazem ruídos metálicos a cada passo que dar.

- Garoto, pegue! - diz Vasto ao jogar uma de suas manoplas para um jovem anão. Todos olham curiosos para o equipamento, o que deixa o garoto nervoso.

Ao chegar em um canto apropriado, Vasto retira toda as partes de sua armadura e as amontoa em uma caixa, após isso ele vai para fora deste alojamento a carregando. Outra vez a multidão de ferreiros se forma em sua volta. A celebridade entrega a caixa para um anão próximo. Provavelmente esses equipamentos estão sendo dados como um presente para os trabalhadores dessa caverna.

- Estão empolgados, né?! - fala Vasto, o que toma as atenções que antes estavam focadas nos equipamentos negros. - São anões afinal de contas! Se eu fosse vocês em uma situação como essa, ficaria do mesmo jeito! Haha! - ele bate sua palma contra o elmo na caixa. - Em 10... não, vocês são talentosos. Então 5...! Em 5 anos, todos aqui devem conseguir dissecar de vez o conhecimento de forja incrustado nesse metal. - diz enquanto bate seu dedo algumas vezes contra o elmo, o que causa pequenos ruídos. - Eu também fiz algumas notas para os guiar. (...) Vamos! Não me olhem com desânimo, eu estou lhes dando o conhecimento que desenvolvi por décadas! Tem muita gente que pagaria uma fortuna por isso! - comenta com um sorriso suspeito, Vasto faz um gesto com a mão de "ok", mas que nessas terras significa dinheiro. - Então terão que fazer esforços para serem dignos de tudo isso. Vocês são anões, certamente será divertido. Já estão até tremendo de excitação, não é?! HA HA HA!

LA: A Floresta do Céu de Trevas (FCT)Onde histórias criam vida. Descubra agora