Capítulo 7

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Esses dois últimos dias que passei na casa de Jeongguk levaram meu coração apaixonado às alturas. Nunca imaginei que ele poderia ser tão amigável comigo quanto estava sendo agora. As brigas eram quase inexistentes e quando aconteciam, eram apenas provocações que não iam muito adiante, Jeongguk sempre procurava uma forma de me fazer rir e lembrar do nosso trato. Nada de brigas.

Seus pais também sido uns doces e até iria sentir saudades deles. Mas agora estávamos indo para a minha casa, e esse fato fez toda a minha alegria dos outros dias escorregarem por entre os meus dedos.

— É o nosso trem. — Jeongguk me despertou dos meus devaneios sonolentos.

Eu estava encostado no banco de espera da estação com o capuz sobre a cabeça. Quem me visse agora pensaria que eu seria um drogado em recuperação. Voltar para casa sempre abalou todas as minhas estruturas.

Nos acomodamos nas poltronas confortáveis do nosso vagão. Jeongguk abriu sua mochila e tirou de lá o notebook, colocando-o sobre a bancada e abrindo a Netflix.

— O que vamos assistir? — Jeongguk lambeu os lábios, coisa que fazia quando estava ansioso. — Eu trouxe chocolate e refrigerante.

— É, tanto faz.

Jeonnguk suspirou alto e fechou a tampa do notebook.

— O que foi? — Ele perguntou.

— O que foi o quê? — Apoiei a têmpora na janela vendo o cenário mudar rapidamente conforme o trem avançava.

— Você está ranzinza e distante desde que acordou hoje cedo. Então, o que aconteceu?

— Não aconteceu nada. Coloca logo aí o filme.

Ele permaneceu um bom tempo parado analisando os meus olhos. Ergui as sobrancelhas e ele pareceu acordar de um transe. Assistimos à o primeiro de episódio de uma série — que eu nem curti muito, mas não tinha forças arrumar confusão para trocar — e então ao segundo. Comemos doces e eu cochilei na metade do terceiro episódio. Devagar senti a minha cabeça escorregar pelo encosto do banco e apoiar na janela, mas aí mãos quentes me puxaram para o lado oposto, apoiando-me em um ombro macio. O cheiro de Jeongguk invadiu todos os meus sentidos e eu dormi como um bebê.

Quando acordei tonto e enjoado pelo chacoalhar do trem, sabia que também se dava ao fato de que a minha ansiedade estava a mil. E o caminho até a minha casa nunca me pareceu tão rápido. Agora eu estava parado em frente à porta criando coragem para entrar e por algum milagre Jeongguk estava quietinho atrás de mim. O cheiro de nicotina cortou o ar quando abri a porta.

— Tia?

Ela estava sentada no sofá com um cigarro aceso entre os lábios e uma garrafa grande de cerveja numa das mãos magras enquanto assistia algo na televisão.

— O que você está fazendo aqui? — Ela perguntou sem nenhum interesse verdadeiro. — Foi expulso de lá?

— Tivemos umas férias.

— Me busque outra. — Estendeu a garrafa em minha direção. Engoli em seco e o fiz, indo até a geladeira praticamente vazia e pegando uma cerveja cheia. — E quem é você, garoto? Nunca te vi por aqui.

O Jeongguk estava bem paradinho na entrada da casa sem saber ao certo o que fazer. Minha tia conseguia intimidar qualquer pessoa existente na face da terra.

— É um amigo da faculdade — eu disse. — Jeongguk o nome dele.

Ela bufou e tomou a cerveja da minha mão com brusquidão.

— Onde está a TaeMi, tia? — Como ela me ignorou, apenas peguei a minha mochila e subi as escadas com Jeongguk no meu encalço. — Hã, aqui é o meu quarto antigo. Você pode ficar com ele.

Love Enemies ੈ✩‧₊ taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora