A escola em que estudávamos, era a única que tinha no bairro onde morávamos e por isso concentrava a maioria dos jovens e adolescentes que moravam na região. Principalmente, por ter um ensino consideravelmente invejável por muitos que tentaram se matricular, mas infelizmente não conseguiram. Mesmo sendo pública, era referência no aprendizado e no quanto seus alunos acabavam se tornando grandes profissionais no futuro. Não sabia ao certo quando ela havia sido fundada, porém era uma escola que sempre estava em constantes reformas, fazendo com que sua aparência, sempre fosse contemporânea e moderna. Mas de todas as formas, eu não gostava muito de ficar presa em uma sala de aula, tendo de escutar uma professora falando durante horas. Isso me causava muito sono e consequentemente, irritada.
- Juro que se eu ficar mais uma hora dentro daquela sala de aula e com aquela professora, eu vou morrer! Ela fala demais e tem uma voz muito estridente! – Digo para Daniel enquanto caminhamos ao refeitório.
Daniel não me responde, pois estava observando Ramon, que conversava com várias garotas sentadas ao seu redor. Ramon definitivamente era um jovem muito atraente, com os seus grandes olhos azuis, cabelo liso e curto, e sempre ia para à escola com roupas muito bonitas, se tornando um jovem estiloso e atraente.
- Como ele consegue ser desse jeito? Fez juras de amor para mim ontem e agora finge que nem me conhece... – Diz Daniel cruzando os braços, enquanto esperamos na fila da cantina para pegar o lanche. A cantina da escola ficava ao lado do pátio, onde diversas crianças do Ensino Fundamental brincavam naquele momento.
- Você sabe que esses tipos de caras são assim, né amigo? Eles possuem várias no pé e ficam com quem eles acham mais atraentes! Até você, ele já conseguiu! Quem diria, que ele pegaria meu melhor amigo... – Penso no quanto de garotas que ele engana dizendo ser o hétero "machão". Daniel dá de ombros.
Após algumas horas, a aula termina e voltamos para casa. Daniel, como de costume, sempre me acompanhava até a porta. Afinal, ele sempre passava em frente, pois sua casa era duas ruas atrás da minha. As residências do meu bairro não tinham portão e nem muro, no estilo americano. A cidade onde eu moro, se chama Nova Glória em referência à Gloria Werneck, historiadora do século XVII, que estava em busca de novos estudos sobre os fósseis que eram constantemente encontrados em nosso país. A cidade tinha poucos habitantes e as regiões eram divididas em três (Norte, Centro e Sul), além de outras cidades no entorno, porém, bem menores. Os habitantes da região norte eram os mais ricos, onde haviam grandes casarões e mansões por todos os lados. A região central era o polo do comércio, onde possuía uma grande variedade de lojas espalhadas por todos os lados. Tudo encontrávamos lá! O lado sul da cidade, o subúrbio, era onde eu morava. Os habitantes de minha região não eram tão pobres, mas tinham que trabalhar muito para poder sustentar a vida da melhor maneira possível. Eu gostava muito de morar aqui, apesar da maioria dos jovens de minha idade querer ir para países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos.
- Você vem hoje para o "cine pipoca"? – Abro a porta de casa e volto-me a olhar para Daniel, esperando uma resposta dele. – O Jonatan vai vir também, mas eu falei para ele que não daremos nenhum beijo na sua frente. Não quero que você fique vermelho! – Sorrio.
- Beleza! Só não quero "melação" do meu lado Jenny, até porque, não estou afim disso e o Ramon não estará aqui... Quem irá saciar minha vontade? – Ele revira os olhos para mim, rio e exclamo.
- Você tem o Bob! Ele vai amar lamber você a noite toda! – Digo, referindo ao meu cachorro.
- Se eu gostasse de cachorro, iria até um canil, Jennifer engraçadinha! Enfim, até mais tarde! – Ele se vira e vai embora, o observo chegar até o fim da rua e volto-me para dentro de casa.
Passados algumas horas, a chuva tomava conta lá fora. A campainha toca e Jonatan entra como de costume, sem esperar ninguém abrir. Ele estava com shorts de fazer atividades físicas e uma camiseta de basquete. Eu estava sentada no sofá com um cobertor velho. Em minha sala haviam dois sofás, que formavam um L e uma televisão de tubo em cima de uma pequena estante. Este era o primeiro cômodo da casa, onde havia uma saída na lateral direita, para quem entra, que dava acesso à minha cozinha. Ao lado da entrada da cozinha, tinham as escadas, com um banheiro embaixo, que davam acesso a meu quarto e de minha mãe.
- Saudades de você, por que não me ligou? – Ele se senta ao meu lado e me beija. Pergunto e observo que ele estava com os lábios roxos. – Vai me dizer que estava no futebol novamente? – Franzo a testa e ele sorri.
Jonatan era meu namorado há quase dois anos. Ele era um jovem alto, com cerca de um metro e oitenta, másculo e muito bonito, possuía cabelos castanhos, curtos e enrolados, e era pardo, como eu. Sua presença era notável em qualquer lugar que ele fosse. Possuía um charme que chamava a atenção de várias garotas pela cidade, o que me deixava muito frustrada. Mas, eu sabia que ele me amava e jamais me trocaria por qualquer uma.
- Você sabe que eu amo futebol! Afinal, o que será de mim no futuro, se não um jogador de futebol? – Ele me abraça com seu corpo todo gelado.
- Alguém que precisa tomar um banho bem quente e beber um copo de achocolatado, para poder esquentar esse corpo, que me pertence! – Nossa conversa é interrompida pela campainha. – Daniel - penso.
Levanto-me para abrir a porta e vejo Daniel todo agasalhado, com toca e cachecol, aparecendo apenas os olhos para fora. Olhei imediatamente no relógio e ele diz.
- Eu trouxe seu filme preferido! "A última casa da rua". – Pego o filme, vejo a capa e dou um pequeno sorriso, afinal, ele sabia de todos meus gostos.
- Daniel, entra meu amigo! – Jonatan me dá um pequeno empurrão e puxa Daniel pelo braço, adentrando a sala. – A Jenny nem sabe como se deve tratar os amigos!
- Daniel já é de casa Jonatan, ele nem precisa de convite! – Digo após fechar a porta. - Vou preparar o brigadeiro e a pipoca. – Jonatan e Daniel se sentam no sofá à minha espera.
Os dois ficam conversando algo que não consigo decifrar por conta do barulho da pipoca. Minha cozinha era mediana, com um grande armário de parede na cor de madeira rústica, que chamava a atenção por ser tão grande. No meio, havia uma mesa de madeira com apenas duas cadeiras, pois minha mãe acreditava que não precisava mais do que isso, afinal, morávamos somente eu e ela. Quando retorno para a sala, um silêncio mortal paira no ar.
- Parece até que eu atrapalhei a conversa... – Sento-me ao lado de Jonatan e ligo o DVD com o controle remoto.
Após uma hora de filme, os dois já estavam dormindo, inclusive Bob, que estava deitado no tapete da sala, nós dois não tínhamos um relacionamento muito bom. Pego um cobertor para Daniel em meu quarto e volto ao lado de Jonatan, no qual me cubro com o cobertor velho, que minha mãe usava para passar as tardes frias, enquanto assistia televisão no sofá. Ficamos por ali mesmo, todos jogados no sofá, até o outro dia. Acordo e olho ao redor buscando Daniel, ele não estava lá. - Talvez tenha ido ao banheiro - Penso. Ao pegar o celular, deparo-me com uma mensagem dele:
- Jenny, o Ramon pediu para encontrá-lo, dou notícias assim que puder.
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Alice - Um Desejo de Vingança
Aktuelle Literatur"Observo aquele homem com desprezo enquanto o sangue escorre de seu pescoço. - Eu sabia que ele merecia aquilo. E eu ainda não havia acabado com ele completamente. - " Este livro não possui nenhum vínculo com a realidade. Todos os fatos que coincida...