Capítulo 15

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          - Boa tarde princesa, vejo que gostou da peça que te entreguei da última vez. – John estava atrás do balcão quando abri a porta de entrada. Ele estava usando uma camisa velha xadrez. Parecia estar cansado. Realmente ele estava diferente da última vez. Ou talvez eu estivesse.

          - John, quais tipos de machados possui em sua loja? – Ele arregala os olhos para mim, tentando decifrar o que eu faria com um machado.

          - Machado? A temporada de corte de árvores já passou. Sabe como é, tem o tempo certo para isso. – Ele me observa.

          Fito ele com os olhos e sem ter uma resposta ele desiste e vai atrás de alguns machados. O homem entra em um corredor atrás de si e abaixa procurando o objeto. Até que volta com três tipos de machados diferentes. Um era totalmente rústico e pesado. Daqueles que apenas os madeireiros usam. O segundo era até que legal, parecido com aqueles que ficam dentro dos trens, caso aconteça algum incêndio ou algo do tipo. Mas prefiro o terceiro, a lâmina dele definitivamente me chamou a atenção. Enquanto observo melhor cada um, peço a ele que afie minha adaga.

          - Deixe-a bem afiada por favor! – Ele me observa por uns instantes e vai até o canto da parede onde estava o afiador. Ele começa a afiar e volto a atenção aos machados.

          Pego cada um em minhas mãos, o primeiro era muito pesado. Os outros dois eram mais leves. Por fim, decido ficar com o terceiro mesmo. Ele era definitivamente perfeito e seu cabo era leve e possuía uma precisão única com os golpes que eu estava fazendo no ar. Além de ser mais feminino. John volta com a adaga afiada, coloco o dinheiro no balcão e saio. Vou até uma parte da cidade onde haviam várias árvores. Começo a treinar meus golpes em algumas. Quando eu treinava luta, também tive algumas aulas com um pedaço de bamboo, no qual eu aprendi a bater naqueles sacos de boxe. Era a parte que eu mais gostava das aulas. Porém, não houve muitas aulas, pois, o professor acabou se mudando de cidade e não tinham outro para ficar no lugar. Após cerca de duas horas testando minha mira, percebo que já estava pronta o suficiente para minha próxima vítima.

          Observo por trás de alguns arbustos a casa da vítima, do outro lado da rua. Atrás de mim, havia uma floresta. Já começava a escurecer naquele momento. Percebo que o homem havia pedido uma pizza e um rapaz veio entregar.

          - Sr. Cleiton? – O entregador grita do lado de fora. Sem demorar muito o homem aparece. Cleiton parecia morar sozinho naquela casa. Após receber o pagamento, o entregador vai embora. Esse era meu momento.

          Caminho até a floresta que tinha atrás de mim, deixo o machado atrás de uma das árvores a alguns metros de distância da rua. Rasgo minhas roupas usando a adaga e faço um pequeno corte em meu braço esquerdo. Tecnicamente aquele que não uso tanto. Dói bastante, mas seguro o grito para que ninguém me escute. O sangue então começa a escorrer, pego um pouco e espalho pelo rosto, pernas e braços, de modo a perceber que eu estava muito ferida. Bagunço meu cabelo e misturo um pouco de barro em minhas roupas e pele também.

          Volto a observar a casa e a rua. Quando não havia absolutamente ninguém por ali, caminho rapidamente até a casa de Cleiton. Aperto a campainha várias vezes. Rapidamente mudo minha fisionomia. Agora eu não poderia ser uma assassina e sim era uma garota desesperada! Cleiton abre a porta e observa meu corpo todo ensanguentado e sujo.

          - Moço, pelo amor de Deus! O senhor precisa me ajudar. Meu pai, meu pai está lá! – Começo a tremer e rapidamente o homem se assusta e me questiona.

          - Seu pai? Ele está aonde? O que aconteceu? – Ele diz olhando para o lado de fora da casa e depois para as marcas em meu corpo.

          - O nosso carro capotou lá embaixo, depois da floresta e meu pai está preso nas ferragens, você precisa nos ajudar! – Finjo brevemente um choro entre as palavras e o homem rapidamente sai da casa, e começo a guia-lo. Intensifico o drama e começo a chorar ainda mais, logo ele diz:

          - Ei garota, calma, vamos tira-lo de lá. – Ele segura meu ombro direito e continua caminhando em direção a floresta.

          - Meu Deus, ele deve estar morto, não acredito nisso! – Digo após estarmos bem próximo do local onde acabaria com ele. Consigo chorar como nunca feito antes. Parecendo estar em uma cena de novela. Ele passa por mim mais apressadamente procurando o suposto carro. O homem começa a procurar algum sinal, enquanto pego o machado atrás da árvore. Mas não há nenhum carro ali e eu já não estava mais chorando. Neste momento a assassina já havia voltado.

          - Onde está o carro que havia di... – Diz Cleiton se virando para mim, mas antes que ele pudesse terminar, eu o golpeio com o machado e ele cai, dando um grito de dor. Ele olha para mim espantado, sem acreditar no que estava acontecendo. Eu estava irreconhecível e não mais uma garota desesperada. Minha sede de vingança só aumentava neste momento e tudo isso era por ele.... Era por Daniel!

Alice - Um Desejo de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora