Ao acordar a primeira coisa que me vem à mente, é no quanto eu perdi a oportunidade de matar aquele homem, mesmo com todas as informações. Era domingo e muito provavelmente ele não trabalharia hoje. Mas eu já sabia onde ele trabalhava e isso de uma certa forma me acalmava. Jonatan estava dormindo ao meu lado quando minha mãe abre a porta, mas rapidamente fecha para não incomodar. Ela era a melhor mãe do mundo. Jonatan começa a acordar e me observa.
- Bom dia amor. – Ele diz com voz de sono, em seguida me puxa e me dá um beijo. – O que é isso no seu braço? – Ele olha meu braço e pega para ver. Puxo de volta assustada para ele não poder descobrir tudo. Mas eu deveria inventar uma desculpa. E a mais óbvia vem à mente.
- Eu caí próxima a uns galhos de um arbusto que tem na rua. Mas não está doendo, nem nada. Foi só um corte! – Me levanto rapidamente. – Melhor você ir para casa. Minha mãe já bateu aqui na porta e não quero que ela tenha más impressões de mim. – Entro no banheiro do meu quarto e ligo o chuveiro. Ele entra atrás de mim.
- Eu te amo e quero que se cuide, ok? Se esse corte inflamar, iremos ao médico!
- Não! – Grito. Mas logo percebo que estaria dando na cara o que estava acontecendo. – Desculpa, mas sabe que não gosto muito de médicos. Vou ficar bem amor! Te amo muito! – Volto até ele e lhe beijo. Ele fica me observando desconfiado, mas logo vai embora.
Como todo domingo, não houve nenhuma atividade que fosse considerada diferente dos meus dias antes de Daniel morrer. Poderia considerar tudo que estava acontecendo em dois tempos, como se fosse duas faces da minha vida. A face Jennifer, onde eu era uma garota brilhante, que gostava de estudar, mas não da escola. Daria risada de tudo naquela época. Era feliz, inocente, completamente cheia de si e com propósitos gigantescos para o futuro. Mas e agora? Mesmo sendo maior de idade, eu não poderia simplesmente abandonar Alice, ela sim, seria minha segunda face.
Alice busca vingança. Decide tudo por impulso e simplesmente não tem planejamentos para o futuro. Pois o que pensar para o futuro? Tudo que havia de planejamento, era envolvendo Daniel. Mas agora, não tinha mais ele para me motivar. Alice possui vinte e três anos, fria e sem sentimentos. Não haviam motivos de ter felicidade em uma vida, que tirou de você, uma de suas bases. Contudo, havia outra base que ainda sustentava Jennifer, e era Jonatan. Por isso deveria cultivar esse amor. Mas essa semana, já fiz minha parte como namorada. Meu foco agora é outro.
Essa semana eu precisava aparecer na escola, afinal, fiquei longe durante a semana passada inteira. Logo, iriam me reprovar por faltas. Ao anoitecer resolvo ir até o lugar onde minha próxima vítima trabalhava. Era um galpão médio, em uma rua cheia de fábricas. Passo entre um vão na cerca de madeira que ficava em um terreno vazio ao lado do galpão. Dessa vez, eu tinha que ser cautelosa. Peguei algumas luvas de látex que minha mãe utilizava para pintar o cabelo e um vidrinho de álcool. Não gostaria de deixar nenhuma digital por aqui. Atravesso o corredor ao lado do galpão, chegando até a parte dos fundos. Havia uma caçamba de entulho e um pouco mais acima, uma janela que estava entreaberta. Subo nos entulhos e observo dentro do galpão. Haviam vários carros e muitas colunas que sustentavam o telhado. Continuo olhando e procurando algo que eu pudesse utilizar para fazer minha próxima cena do crime. Logo acho um objeto que seria perfeito para a execução.
A noite estava bem estrelada, com lua cheia e não havia nenhuma nuvem. Volto até a rua e começo a caminhar tranquilamente, enquanto o vento batia em meus cabelos, fazendo com que ele se mexesse lentamente. Mais à frente haviam duas garotas. Muito provável que estivesse fazendo programa. Ao passar por elas, uma me chama.
- Ei lindinha, vem cá, vem! Vamos ali conversar um pouquinho... – Me viro para ela e observo seu rosto. Era uma bela moça, loira, com os cabelos compridos, usava um espartilho vinho e estava com uma maquiagem bem forte. Começo a caminhar em sua direção.
- Aonde você gostaria de me levar? – Digo a ela, olhando em seus olhos.
Ela segura minha mão e começamos a caminhar. Sua amiga fica para trás. Após alguns passos entramos em um beco. Ela me encosta na parede e começa a mexer em meus cabelos.
- Você é uma gracinha hein. – Fico em silêncio, apenas esperando o que ela poderia fazer.
Em seguida ela começa a me beijar, meu corpo inteiro se arrepia. A mão da garota começa a percorrer meu corpo, da cintura em direção aos meus seios, até que ela começa a massageá-los. Continuamos nos beijando e neste momento minha mão estava em sua nuca. Seu perfume era bem forte, o que deixaria um rastro por onde passasse. Eu nunca havia feito nada igual. Nunca havia se quer tocado em uma mulher de maneira diferente. Jennifer nunca teria feito aquilo. Mas neste momento, não era a Jennifer que estava beijando aquela prostituta, e sim Alice!
Ela começa a beijar meu pescoço intensamente, após um breve momento sua boca começa a descer, estava indo em direção aos meus seios. Empurro ela lentamente, apenas para tira-la de mim.
- Desculpe, não posso fazer isso! – Começo a caminhar de volta a rua, porém percebo que ela estava me seguindo rapidamente. Logo seguro minha adaga que estava presa em minha cintura.
A garota de programa estava com algo na mão. Mas a minha adaga já estava pronta. No momento em que ela ia me golpear, enfio a adaga em sua barriga, dando várias facadas. Ela para e começa a caminhar para trás enquanto uma de suas mãos segura o canivete. A garota cai no chão. Aparentemente ainda estava viva, mas resolvo acabar logo com isso, enfiando minha adaga em seu pescoço. Rapidamente, pego o vidrinho de álcool que estava em um dos bolsos do moletom e jogo o líquido em suas mãos, para não deixar as digitais que eu havia tocado nela.
Em seguida pego minha adaga e seco o sangue na roupa da garota. Antes de chegar na rua, observo se a amiga dela estava lá. Porém não estava mais.
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Alice - Um Desejo de Vingança
Aktuelle Literatur"Observo aquele homem com desprezo enquanto o sangue escorre de seu pescoço. - Eu sabia que ele merecia aquilo. E eu ainda não havia acabado com ele completamente. - " Este livro não possui nenhum vínculo com a realidade. Todos os fatos que coincida...