Capítulo 14

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          - Filha, Bom dia! Está tudo bem? – Acordo e observo minha mãe sentada ao lado do meu travesseiro me alisando os braços enquanto eu acabava de acordar. – Você está tão distante ultimamente. Está acontecendo algo?

          - Não mãe, estou bem. Nunca estive tão bem. – Digo baixo enquanto abria os olhos. Ela me observa tentando acreditar no que eu estava dizendo. Nos últimos dias eu não havia ficado muito tempo em casa e isso parecia estar preocupando um pouco ela. Existem muitos casos de pessoas que ficaram depressivas e até mesmo se mataram após a perda de um ente querido. Mas este não era meu caso. Ela fica em silêncio por um instante enquanto me observa, até que se levanta e diz:

          - Eu te amo minha filha. Sabe que pode contar comigo sempre que precisar. Eu sei que ando muito ausente nos últimos anos. Mas tudo aconteceu tão depressa, que eu acabei me deixando levar pelos problemas pessoais e consequentemente te deixando um pouco de lado! – Continuo a observando sem dizer nada. Retiro minhas mãos debaixo do edredom e seguro sua mão sem dizer nada. - Enfim, vou no centro comprar algumas coisas. Se precisar de alguma coisa me ligue. – Concordo com a cabeça e ela sai do quarto. Pego meu celular que estava no criado mudo ao lado de minha cama e percebo que havia uma mensagem de Jonatan. Ele estava perguntando se poderíamos nos ver hoje. Digo a ele para vir até minha casa.

          Levanto e tomo um banho. Eu ainda estava com aquela calcinha e sutiã da noite passada e precisava tirar aquilo de mim. O nojo logo tomou conta. Após tomar banho e me vestir com uma camiseta velha e um shorts, desço até a sala e ligo a televisão, enquanto vou até a cozinha pegar pão e leite. Mas algo me chama a atenção. Era o noticiário, estavam falando da explosão que teve na casa de um homem. Sorrio. Logo Jonatan abre a porta e entra.

           - Até você vendo isso? Quando eu saí de casa estava passando. A cidade inteira está comentando. – Ele me agarra pela cintura e beija meu pescoço.

          - Eu acho engraçado que sobre a morte de Daniel ninguém comenta nada. – Jonatan não responde. - E até agora eles descobriram algo sobre essa explosão? – Questiono ele, procurando algum sinal de possíveis evidências que eu poderia ter deixado.

          - Dizem que foi acidental. Que o cara foi esquentar a comida, mas estava bêbado o suficiente e acabou colocando fogo na casa. Ou melhor... Explodindo-a pelos ares.

           - Se beber, não cozinhe! – Sorrio. Ele sorri também e sentamos no sofá. Viro-me para ele e começo a beijá-lo. Mas nos primeiros beijos ele sente algo.

           - Que gosto estranho! – Ele tenta perceber com a boca qual seria o gosto, mas interrompo e digo.

          - É uma pasta nova que minha mãe comprou! Sabe como ela gosta de marcas baratas. – Vou até a estante e pego um DVD. – Olha o que comprei, para a gente assistir! É o novo filme que havia saído no cinema. – Digo a ele como se eu tivesse comprado o DVD, mas na verdade quem comprou foi minha mãe.

          - A imagem deve estar ruim! – Ele olha a capa do DVD. – Mas, pelo menos vamos assistir, sem ter que gastar fortunas. – Confirmo com a cabeça.

          Aquela tarde ficamos assistindo o filme. Minha mãe chegou logo após o filme acabar. Jonatan já estava indo embora, mas antes me questiona.

           - E suas aulas? Quando irá voltar? – Ele me pergunta, parado na porta.

           - Não sei se estou preparada para isso ainda. – Ele balança a cabeça em negativo e sorri. Logo depois fecha a porta.

          Após ele sair, eu vou até meu quarto e me visto. Coloco uma calça jeans preta e uma blusinha marrom. Não estava mais fazendo tanto frio e eu precisava ir até o enterro daquele homem. Precisava saber dos seus amigos, quem eram e onde eles moravam. Ou simplesmente tentar descobrir algo que pudesse me ajudar na minha próxima vítima. Como eu não sabia qual dos três matou Daniel, eu precisava me vingar de todos eles.

          Sem demorar muito, pego um táxi e peço para ir ao cemitério. Chegando lá, peço para que ele me espere na entrada. Este era o mesmo cemitério onde Daniel foi enterrado. Na verdade, só havia esse na cidade. Vejo uma movimentação próximo a alguns túmulos. Era ali que estavam enterrando o homem. Observo atentamente, enquanto finjo estar procurando algum túmulo. Mas quem eu estava procurando estava bem vivo. E vejo-o jogando flores em cima do caixão daquele que chamaria de amigo.

          O enterro estava no fim e todos começam a sair. Logo me junto a multidão, observando minha segunda vítima. Esse era bem mais alto e forte que o outro, careca também, cheio de tatuagens e piercings. Sigo ele até a parte de fora do cemitério, mas entro no táxi e peço que ele o siga. Após algumas quadras, minha vítima desce e entra em uma casa. Não ficava muito longe da casa do outro que tinha acabado de morrer. Gravo aquele lugar em minha mente, e peço que o taxista me deixasse no centro. - Eu precisava voltar naquele homem das bugigangas. Eu precisava de outro equipamento. – Penso.

Alice - Um Desejo de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora