Amanhece e observo os raios de sol adentrando pela fresta que eu havia deixado na janela. Parecia estar um dia realmente muito bonito lá fora. Fico um tempo deitada tentando não pensar em muitas coisas, até que minha mãe aparece na porta de meu quarto.
- Bom dia filha. – Ela estava com uma bandeja de café da manhã nas mãos. De longe eu consigo observar alguns dos meus lanches mais preferidos, pão francês com presunto e queijo prato, um pedaço de mamão e suco de laranja. Faziam muitos anos que alguém não me levava café na cama. Isso realmente me surpreendeu. Porém, eu sabia que ela estava fazendo isso para tentar distrair minha mente e talvez me ocupar com o café. Prefiro não demonstrar muitas reações. Na verdade, eu não tinha tantos sentimentos bons naquele momento, pois minha mente estava vazia, como se tudo tivesse sido apagado. Decido-me sentar e fazer um esforço para comer, pois não havia jantado na noite passada e meu estômago já estava fazendo barulhos, sinalizando fome. Mas mesmo com certa insistência, consigo comer apenas metade do pão.
Jonatan havia me ligado durante toda a manhã, mas não atendi a ligação. Não estava pronta para falar com ele. Pelo menos não agora. Eu não estava preparada para falar. Após um longo tempo deitada na cama observando o teto de meu quarto, desço até a sala onde minha mãe estava.
- Te falaram qual foi a causa da morte dele? – Pergunto a ela e sento do outro lado do sofá. Ela estava no sofá maior, frente à televisão. Fito-a imediatamente.
- Acredito que talvez seja o momento de você saber todas as informações que foram nos passadas. – Minha mãe desliga a televisão e olha para mim. – No sábado, Daniel foi encontrado morto na estrada que liga a cidade do interior e a região norte. Segundo as informações da mãe dele, parece que ele havia ido na casa de um amigo passar o final de semana.
- E onde está esse amigo? – Eu sabia que ela estava se referindo a Ramon.
- O tal amigo informou que Daniel havia saído de sua casa no início da tarde, e que após isso não houve mais nenhuma notícia do paradeiro dele. O amigo passou o dia inteiro na delegacia no sábado com sua mãe. Ele parece estar muito abalado com a história toda. – Penso em como isso tudo poderia ser verdade ou não. Essa história realmente não estava me caindo bem. – Daí, Daniel foi encontrado morto na beira da estrada. Estava com sinais de enforcamento. Não houve estrupo nem nada. Eles acreditam que possa ser algo relacionado a roubo seguido de morte. – Essa hipótese eu não acreditava. Alguém deve ter matado ele por ser gay. Apenas isso. Penso.
- E a polícia? Não está fazendo nada? – Questiono minha mãe, aguardando ter uma resposta que me desse um pouco de senso de justiça, pelo menos.
- Filha, você sabe que a polícia de Nova Glória não é tão eficiente em casos de mortes como esses. Eles dizem que como não há imagens gravadas, fica muito difícil saber como tudo aconteceu. – Começo a imaginar tudo o que estava ouvindo sem acreditar. Continuo observando minha mãe, à procura de pelo menos um sinal de que alguma coisa será feita. Até que ela continua. – Existe um tipo de exame de corpo de delito, que eles já recolheram diversas amostras e levaram para um laboratório a umas milhas daqui. Porém, os resultados irão demorar cerca de três meses para ficarem prontos. Antes disso, não teremos mais informações. Temos que aguardar.
Neste momento eu já não conseguia mais prestar atenção na conversa. Aquilo realmente estava me colocando a prova do quanto eu estava preparada para perder alguém tão importante em minha vida. Fico pensando no quão ineficiente é o sistema de investigação criminal para resolver um problema e no quanto isso machuca os parentes e amigos das vítimas que já morreram. Isso não estava certo. E eu tinha que fazer alguma coisa.
Após um determinado tempo tomo um banho e me visto. Coloco uma roupa inspirada nele. Tudo que eu estava usando, eram presentes que ele havia me dado. Ele amava presentear a todos que amava. Antes de sair de casa, por volta das 16h00, minha mãe me questiona onde eu estaria indo. Volto para ela e digo que irei revisitar alguns lugares. Ela sabia que eu precisava do meu tempo. Não estava sendo nada fácil aceitar tudo isso.E de verdade, eu ainda não estava acreditando que Daniel havia sido morto.
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Alice - Um Desejo de Vingança
Aktuelle Literatur"Observo aquele homem com desprezo enquanto o sangue escorre de seu pescoço. - Eu sabia que ele merecia aquilo. E eu ainda não havia acabado com ele completamente. - " Este livro não possui nenhum vínculo com a realidade. Todos os fatos que coincida...