Acordo e ao observar o relógio percebo que eram 13h da tarde. O que me faz pular da cama em direção a escrivaninha que tinha no canto do quarto. Pego rapidamente um caderno, uma caneta, mas meus pensamentos surgem mais fortes e me impedem de anotar qualquer informação.
- Aqueles três homens! Tenho certeza que eles fizeram algo contra o Daniel. Se não os três, um deles. Mas como vou saber? – Sussurro. "Mate todos!". Uma voz surge em meus pensamentos. Era Daniel. Eu sentia que ele estava me dando um sinal. E seus assassinos deveriam pagar pelo que fez. Mesmo que eu não soubesse qual dos três haviam feito Daniel sofrer até a morte, eu não poderia arriscar e deixar que o verdadeiro assassino continuasse vivo. Por isso a voz em minha cabeça tinha total razão. Eu precisava aniquilar os três, só assim eu teria a certeza que Daniel teria sido vingado e assim, eu ficaria mais feliz e tranquila.
Desde pequena eu gostava de lutar e por isso acabei adquirindo uma certa resistência física. Até mesmo porque meu pai pagava uma escola de luta para mim. Isso com certeza me ajudaria neste momento. Afinal, eu tinha 17 anos e não poderia lidar com um homem tão grande, se não tivesse pelo menos algum conhecimento técnico para me defender.
Saio de casa sem dizer nada a minha mãe. Refaço o mesmo caminho no centro da cidade que eu e ela havíamos feito aquele dia. Observo as roupas naquela loja e observo também a rua, procurando por alguma pista dos homens, mas não há nenhum sinal deles. Continuo caminhando e penso naquilo que realmente me faltava para o plano dar certo. Entro em um beco que havia na avenida principal. Sempre uns caras ficavam na frente oferecendo alguns objetos. Observo no fim do beco uma escada subindo, que dava até uma porta. Na porta estava escrito "Bugigangas do John". – Um nome muito cafona, para o que ele tinha guardado ali dentro.
Abro a porta do lugar e um sino que havia na parede sinaliza minha chegada.
- Ora, ora, ora... Que ventos trazem uma garotinha muito bonita ao "Bugigangas do John"? Está à procura de alguma boneca, princesa? – Diz um homem saindo de uma cortina ao fundo da loja. Ele aparentava ter uns 60 anos, com cabelo grisalhos e uma barba branca. Estava usando uma camiseta cor de mostarda com alguns rasgados e bem suja de graxa. Definitivamente minha vontade seria matar ele naquele momento. Mas eu ainda precisava dele e não gostaria de ter o sangue desse babaca em minhas mãos.
Na loja havia diversas prateleiras na vertical de quem entrava a porta. Havia um balcão com diversos itens velhos, que de verdade eu nem sabia para que servia. Realmente aquele lugar era cheio de bugigangas e trecos velhos e que cheiravam a mofo. Um típico lugar que vendia de tudo que eu precisaria. Afinal, era como se fosse um mercado negro no meio do centro da cidade.
- Preciso de algo, que tenho certeza que você pode me fornecer. – Digo a ele.
- Hummmm.... Uma garotinha quer algo, que talvez somente eu posso fornecer a ela... – Ele sorri e olha para meus seios. Insinuando coisas que certamente faria com que eu acabasse com ele. Mas eu precisava me conter, pois ele seria o responsável por me fornecer tudo o que eu precisava. Respiro fundo e me controlo para não dizer nada.
- Quero uma adaga, eu já vi uma dessas na cintura de um de seus capangas lá fora. – Ele sorri.
- Brinquedinhos desse tipo não podem ficar com uma garotinha tão inocente e frágil como você. – Ele caminha em minha direção, saindo de trás do balcão. Pego mil reais e o documento falso e coloco sobre o balcão. Ele arregala os olhos. – Onde conseguiu todo esse dinheiro mocinha?
- Sem perguntas, velho! Me fornece o que estou pedindo, que quando eu precisar novamente, retornarei. – Ele sorri e volta para trás do balcão. Se agacha, pega uma de suas adagas e coloca em cima do balcão. Não era tão grande, mas era definitivamente o que eu precisava. – Está afiada? – Questiono a ele seriamente.
- Se você fosse matar um elefante, certamente isso faria o serviço. – Pego a adaga, tiro a proteção de couro e a passo levemente no dedo polegar esquerdo. Imediatamente começa a sangrar. Era isso que eu precisava.
- Ótimo! Quanto cobra para afiar? – Pergunto para saber o valor da próxima vez que eu precisasse afiar. Guardo a adaga na cintura junto com a proteção da lâmina, por dentro da calça.
- Com todo esse dinheiro, eu prefiro nem cobrar, minha princesa! – Balanço a cabeça em concordância e saio daquele lugar deixando o velho sorrindo enquanto olhava o dinheiro.
Caminho de volta a rua e percebo que já estava anoitecendo e só me restava saber onde aqueles "porcos" imundos estavam. Logo penso no cabaré que havia na cidade, lá se concentravam a maior parte dos homens iguais a eles. Caminho até o cabaré e observo a frente do estabelecimento. Era uma casa velha com uma placa de luz escrito "Entre" e uma seta indicando uma porta pequena, sinalizando o lugar onde deveríamos entrar. Haviam dois grandes seguranças na porta e uma prostituta, chamando os rapazes que passavam em frente ao local.
- Documento por favor! – Um dos seguranças estendem as mãos para mim. Esse era o mais alto entre os dois que estavam na frente do estabelecimento. Observo bem seus olhos verdes. Ele era um homem másculo e negro, com o cabelo cortado bem baixinho. O outro era mais baixo e branco, com o cabelo cortado bem baixo também. Entrego o documento e os mesmos me observam atentamente, tentando entender o que eu estava fazendo ali. Os dois seguranças se entreolham e o segurança mais baixo balança a cabeça em sinal positivo para que ele liberasse minha entrada. O homem alto e másculo devolve meu documento e abrem passagem para entrar.
Aquela situação de uma certa forma me causa um desconforto. Mas logo penso em Daniel. No quanto ele deve ter sofrido nas mãos desses canalhas e começo a subir as escadas em direção ao cabaré. Subindo em busca de uma só coisa...
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Alice - Um Desejo de Vingança
General Fiction"Observo aquele homem com desprezo enquanto o sangue escorre de seu pescoço. - Eu sabia que ele merecia aquilo. E eu ainda não havia acabado com ele completamente. - " Este livro não possui nenhum vínculo com a realidade. Todos os fatos que coincida...