Alice - Um Desejo de Vingança

Capítulo 22

         - Ramon! – Grito enquanto acordo desesperada. Observo meu quarto e percebo que estava tudo bem. Passo as mãos em meus cabelos arrumando-os. – Como eu não pude perceber que ele seria o real assassino de Daniel. Não tem ninguém mais óbvio que tenha matado ele, se não Ramon. Apenas ele sabia onde Daniel estava. Apenas ele estava com Daniel horas antes dele morrer. Só pode ter sido ele!

          Vou até o banheiro e enquanto penso sobre o assunto, decido que era momento de voltar à velha escola. Só encontraria Ramon em um lugar. E este lugar era lá. Como em todos os dias antes da morte de Daniel, me arrumo e pego minha mochila. Era estranho estar indo para a escola depois de tudo que aconteceu. Eu não era mais a garotinha de antes e certamente, se algum colega me dissesse algo que eu não gostasse, enfiaria minha adaga em sua garganta. Afinal, neste momento Jennifer não estava aqui. Alice é quem estava tomando conta de tudo agora.

          Ao chegar no portão da escola, vários colegas de minha sala começam a me observar. Passo por eles como se fossem pessoas insignificantes, mas escuto sussurros e meu nome saindo de seus lábios. Minha vontade era de matar todos, mas me controlo. Sigo em direção a sala e entro como se não fosse novidade alguma. Sento-me na última cadeira na parede onde ficava a porta. Ao entrar na sala, a professora olha para mim e caminha em minha direção:

          - Minha querida, que bom que está de volta! Sei o quanto foi difícil essas últimas semanas para você. Mas é muito importante que você retome sua vida novamente. Passei alguns trabalhos, só pedir a algum colega e eles te passam. – Ela aperta minha mão, que estava em cima da mesa. Confirmo com a cabeça e ela vai até a lousa.

          Em seguida alguém senta a meu lado. Meu corpo se arrepia por inteiro. Era Ramon! Olha-lo me fazia lembrar Daniel e no quanto ele era apaixonado por esse garoto.

          - Oi Jennifer... Sei que não foi fácil tudo que você vivenciou nos últimos dias. E sabemos o envolvimento que eu tinha com ele. Mesmo que escondido e tudo mais. Mas eu quero dizer que se precisar, estarei aqui. – Observo ele friamente. Como ele ousa falar coisas desse tipo, sendo que ele mesmo matou Daniel. Não poderia confiar nas palavras que saiam da boca dele.

          - Na verdade, eu gostaria que você fosse em um lugar comigo. Daniel gostava muito de você e acredito que ele ficaria feliz em saber que você está lá. – Ele balança a cabeça em concordância e volta sua atenção a professora.

          Observo ele praticamente o dia inteiro. - Como um assassino poderia estar vivendo uma vida tão normal, simplesmente fingindo ser alguém que não é. Isso é tão brutal. Tão maligno. Alguém assim, não deveria se quer ter a dádiva de respirar. E eu faria isso... faria por Daniel. – Penso.

          Não escrevo nada durante as aulas. Apenas fico planejando como seria a morte de Ramon. Não poderia pensar em estudos mais. Nada disso fazia mais parte de mim. Eu estava naquela escola apenas atrás de um objetivo e boa parte dele já estava sendo concluído.

          Ao acabar as aulas, seguimos para o lago onde eu e Daniel costumávamos ir para fazer piquenique. Daniel certamente amaria ver seu assassino sendo morto naquele lugar. Seria definitivamente o lugar perfeito. Quando chegamos lá, Ramon fica encantado com a paisagem, se aproxima do rio enquanto eu coloco a mochila no chão e coloco minha adaga na cintura.

          - Que lugar fantástico! – Ele observa os carvalhos e os pássaros cantando.

          - Daniel e eu adorávamos vir aqui nos finais de semana. Ficávamos horas e horas pensando em como seria o futuro. Em como tudo seria diferente daqui uns anos. – Ramon me observa atentamente. - Tínhamos um sonho muito bonito.

          - Sério? E qual seria? - Ramon volta sua atenção ao lago enquanto eu caminho em sua direção.

          - Sonhávamos em ir para a Disney. Andar naqueles parques de diversões. Montanha russa e tudo mais. – Me aproximava cada vez mais.

          - Foi realmente uma perda muito grande. Eu imagino que deve estar sendo muito difícil para você! Pra mim já está sendo bem complicado de aceitar. Imagine você que conviveu a vida inteira com ele. – Ele volta a me observar enquanto estou chegando bem próximo dele. Coloco a mão em minha cintura, segurando minha adaga.

          - Está sendo uma perda muito difícil para mim. Eu jamais me imaginaria sem ele. Mas agora tenho que aceitar. Mas a morte de Daniel não ficará impune. Eu irei me vingar por ele. Até a minha última suspeita. – Ramon me observa desconfiado. – E sabe o que é mais engraçado? Estou olhando o assassino de Daniel neste exato momento.