Continuo caminhando instintivamente á procura de como poderia tornar possível a vingança de Daniel. Mas eu não poderia fazer isso sendo eu mesma, precisava pelo menos de algum documento para poder comprar alguma arma ou equipamentos. Ao observar ao meu redor, lembro de um rapaz que sempre oferecia documentos falsificados. Vou até onde ele ficava e pergunto.
- Quanto custa para me fornecer um documento? – Pergunto ao rapaz que trabalhava com documentos falsificados. Eu sempre via esse rapaz fornecendo documentos falsos na porta de entrada de seu escritório, até o Jonatan fez um documento uma vez para poder se inscrever em um campeonato de futebol. Coisa que eu nunca havia concordado com ele, porém, neste momento eu precisava de uma nova identidade. Algo que tirasse todas as hipóteses de mim.
O rapaz estava em um lugar com uma fachada escrita "Compro e Vendo Ouro" e havia uma escada que dava acesso ao andar superior. Não sabia bem ao certo o que eles queriam dizer com isso. Mas eu sabia que ali eles forneceriam o que eu estava precisando.
- Você sabe do que está falando garotinha? – Ele mexia nas unhas, quando se vira para olhar para mim. Aparentava ter uns 28 anos, era bem alto, moreno, careca e estava vestindo moletom também, porém preto.
- Sei o suficiente para chamar a polícia e te fazer perder todo esse negócio fajuto que chama de "empresa". – Mostro-lhe uma quantia que era de minha mesada. O rapaz olha as notas em minha mão, pega e começa a contar.
- Você não veio aqui por brincadeira, não é mesmo? Tudo bem. Se é isso que você está procurando e está tão determinada, só me diga um nome. – Ele guarda o dinheiro e pega uma caneta e papel. Ele queria saber qual nome eu escolheria. Aquela quem eu deveria ser a partir de hoje. Penso por alguns segundos e falo.
- Alice! – Digo a ele rapidamente sem pensar. Definitivamente não era um nome que me familiarizava em nada. Talvez devesse ser por conta de um filme que assisti a muitos anos, sobre uma jovem chamada Alice que resolve se vingar de seus estupradores. Mas isso não me importava, eu só precisava de um nome e esse até que me caiu bem.
- Volte daqui duas horas, e não se esqueça da foto. Alice... – Ele faz um recibo simples de pagamento e me entrega.
Alice, era meu novo nome agora. Não poderia fazer nada do que tinha em mente, tendo apenas 17 anos. Eu precisava de um disfarce. Um nome, que ninguém me reconhecesse. E eu já tinha. Alice. Acredito que esse iria servir. Saio daquele lugar e observo que estava garoando do lado de fora. Vou até uma lanchonete onde compro um lanche. As poucas pessoas que estavam na rua, andavam apressadamente. Mas é assim que as pessoas de uma cidade grande vivem. Apressados! Após as duas horas, volto naquele lugar e retiro meu novo documento. Na minha carteira tinha uma foto 3x4 que havia tirado fazia algumas semanas, para a carteirinha da escola. Eu e Daniel, estávamos planejando em assistir um filme que sairia daqui a dois dias. Mas, agora não haverá mais Daniel e eu. Ele não faz mais parte de mim.... Não faz parte de minha vida. Somente de meus pensamentos e do meu desejo de vinga-lo, e quando tudo isso acabar, poderei ser eu mesma. Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto desço as escadas. – Não posso ser frágil! Não mais... – Digo a mim mesma enquanto caminho pela rua.
Vou até o banco fazer uma consulta em uma suposta conta que meu pai havia feito para mim. Ele dizia que sempre depositaria dinheiro nela. Mas de fato, eu nunca precisei acessa-la. Porém, dessa vez era mais do que necessário. Eu precisava do máximo de dinheiro possível. Ao consultar no caixa eletrônico, eis que aparece:
Saldo ............................ R$ 17.976,66.
- Uau! – Digo em voz alta e percebo que havia me expressado de forma indiscreta e algumas pessoas estavam me olhando. – Caramba. Até sessenta e seis centavos meu pai se preocupou em depositar. – Sussurro. Nunca havia imaginado que uma quantia dessas estivesse em minhas mãos. Na verdade, eu nunca precisei se quer olhar essa conta. Mas meu pai dizia que era para meus estudos. - Que se dane os estudos! Farei um uso melhor disso. – Sussurro novamente. Saco dois mil e deixo o restante.
Saio do banco e vou para casa. Eu precisava alinhar meus pensamentos e planejar o que fazer. Eu já tinha quase tudo. Só faltava uma coisa...
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Alice - Um Desejo de Vingança
General Fiction"Observo aquele homem com desprezo enquanto o sangue escorre de seu pescoço. - Eu sabia que ele merecia aquilo. E eu ainda não havia acabado com ele completamente. - " Este livro não possui nenhum vínculo com a realidade. Todos os fatos que coincida...