Capítulo 1 - Primeiro dia

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Narrador: Camille O'live

Hoje é o meu primeiro dia no Grey Sloan e acredito que estou nervosa quanto à recepção dos meus futuros colegas. Eu sei que sou qualificada para o cargo, mas eles ainda devem estar abatidos com a história do Hunt. Preciso ser amigável e mostrar que não estou querendo roubar o cargo de ninguém. Vamos lá, Camille, respira fundo e vai!

— Doutora O'live, seja bem-vinda ao Grey Sloan Memorial — O chefe Webber me recepciona com um sorriso e um aperto de mão caloroso. Ele parece está animado.

— Muito obrigada, doutor Webber! É um prazer integrar sua equipe!

Seguimos com o tour pelo hospital e enquanto Richard está me apresentando aos médicos e atendentes, não posso deixar de notar o tamanho desse lugar. É enorme e confesso que isso me abalou um pouco. Quando aceitei o convite realmente não ponderei onde eu estava me metendo.

— Doutor Avery, essa é nova chefe do Trauma, doutora Camille O'live — O rapaz sorriu desanimado e apertou minha mão, saindo logo em seguida sem dizer uma palavra.

— Não liga pra ele! Ele acabou de levar a ex-mulher no altar para casar com o mesmo cara de quem ele a roubou — Franzi a testa, não tava entendendo nada — Ah, deixa pra lá, acredito que aos poucos vá se enturmando com o drama daqui.

Eu sorri e me permiti ficar relaxada por um tempo. Talvez não fosse tão ruim assim. Bom, o pensamento durou pouco, pois avistei uma médica caminhando à passos firmes em minha direção e ela não parecia nada satisfeita.

— Ah, então quer dizer que é essa aí que vai substituir o Owen?

— Doutora Shepherd, essa é a doutora Camille...

— Olha só, eu não ligo. Aqui não é o seu lugar, o Hunt vai voltar e te botar pra correr, tudo bem? Quem você acha que é pra chegar aqui assim? Você nem esperou a vaga esfriar!

— Amélia, eu sinto muito pelo o que aconteceu, de verdade.

— Pra você é Doutora Shepherd e, por favor, evite cruzar o meu caminho, entendeu?

Ela saiu em disparada e não tive a chance de falar nada em meu favor. Nossa, eu tinha sido avisada sobre o temperamento da Amélia, mas encarar é muito mais assustador do que os relatos. Espero que eu possa contornar essa situação. Não tem como Trauma e Neuro não interagirem! Isso seria um desastre.

O Dr. Webber me passou uma ficha com tudo o que eu deveria saber sobre o setor e depois me troquei para descer pra emergência. Ah, eu ainda ia enfrentar muita coisa nesse dia.

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— O que temos aqui? — Falei entrando na sala e colocando minhas luvas.

— David Lexigton, 32 anos, fatura exposta na perna direita, com quadro de insuficiência respiratória. Foi atropelado por uma minivan quando atravessava a rua.

— Nossa, devia estar em alta velocidade para causar um estrago desses. Bipem a Orto e... - Nesse momento o paciente começou a sentir falta de ar e a se contorcer. Examinei as passagens de ar e estavam obstruídas — Passagens de ar obstruídas preciso fazer uma traqueostomia de emergência. Bisturi!

— Aqui, Doutora! - Um interno com um sotaque italiano me passou o instrumento e realizamos o procedimento.

— Vou querer uma tomografia, acredito que ele pode ter machucado os pulmões.

Quando o interno saiu, logo em seguida entrou um homem alto e sarado.

— Oi, sou o doutor Link da ortopedia, você mandou me bipar? — Ele perguntou.

— Sim. Nós temos um quadro de fratura exposta na perna direita. Precisei realizar uma traqueostomia, pois ele também estava com insuficiência respiratória.

Ele examinou o paciente atento. Me parecia ser um bom profissional e era muito bonito para um ortopedista. Quando concluiu, pediu aos internos para reservar uma sala de cirurgia com urgência.

— Você deve ser a Doutora O'live, é um prazer conhecê-la. Seja bem-vinda ao Grey Sloan.

Link sorriu simpático e apertou minha mão. Nesse momento o interno italiano chegou na sala com uma cara de assustado.

— O que foi, Delucca? - Agora ele já tem um nome.

— Isso foi achado ao lado do paciente no local do acidente — Ele balançou um saquinho com um pedaço de tecido dentro.

— Isso é o pulmão dele. Nós vamos entrar em cirurgia agora!

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Saí da sala de cirurgia devastada. Como assim era meu primeiro dia no hospital e eu já tinha perdido um paciente? Não podia decepcionar o Hunt desse jeito. Respirei fundo lavando minhas mãos na pia de preparação e repetindo na minha cabeça que eu não tinha como saber de nada disso.

— Olha, você não tinha como saber disso! — Link exclamou entrando na salinha.

— Tá tudo bem. Eu estou bem.

Nesse momento a Doutora Shepherd também entrou na sala com uma cara de deboche.

— Então quer dizer que você já fez merda? Eu esperava que fosse demorar mais um pouco.

— Amy, pega leve, agora não é hora pra isso — Link disse tentando aliviar a barra.

— Não precisa me defender, Doutor — Respirei fundo — Doutora Shepherd, o paciente tinha câncer no pulmão em estado avançado e pelo o que parece não estava recebendo tratamento nenhum. Ele já estava tendo a falência respiratória na hora do acidente.

Ela me olhou com uma cara assustada. Eu não estava entendendo mais nada do que tava acontecendo. Por que ela não estava me atacando? Será que falei alguma coisa que a ofendeu ainda mais a ponto de deixá-la chocada e não saber nem como responder? Ai meu Deus, que desastre!

— Por que está me tratando com tanta educação? E porque me respondeu já que eu não sou sua chefe? — Ela perguntou levantando as sobrancelhas.

— O quê? Por que tá incomodada com isso, Amy?

— Link, não se mete — Ela se aproximou, me analisando de cima para baixo — O que será que você e aquela outra doida estão aprontando?

Depois de mais alguns segundos me analisando, Amélia saiu da sala, deixando um clima bem confuso no ar. Meu Deus, aquele tinha sido só o primeiro dia e eu já tava tão ferrada assim? Vamos lá, Camille, não pense negativo. Ela só está em choque com tudo que aconteceu. Em breve vai superar e vocês vão se dar bem, não precisa ficar intimidada. 

A nova chefe do TraumaOnde histórias criam vida. Descubra agora