Capítulo 31 - Eu tive o melhor professor

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Recado da autora:

A esperança é a última que morre, por isso estou aqui atualizando essa fic tão querida! E que felicidade entrar aqui e ver nossa posição no ranking! Devo isso a vocês. Muito obrigada!

Então sem mais delongas, vamos lá!

Fim do recadinho

A cirurgia de Katherine foi muito complicada. Quase perdemos ela por três vezes. Na metade do procedimento precisei substituir o DeLuca pela Grey, pois, apesar dele ser um excelente residente, eu precisava de uma médica experiente para me ajudar com uma tarefa daquelas. Amélia teve muita dificuldade para reverter a lesão no cérebro da Doutora Fox e ainda não sabe dizer se ela terá sequelas daquele acidente. 

Link estava realizando a cirurgia no braço dela enquanto nós três esperávamos na galeria, prestando atenção em cada detalhe e torcendo para que o pós operatório fosse bom. Eu ainda não tinha ido falar com Jackson. Pedi a April que viesse até o hospital e ficasse com ele, além de contar também para o Richard. Já estávamos há oito horas ali, no total. Na nossa vez, permanecemos sete horas em pé naquela sala de operação. Agora estávamos há uma hora acompanhando o procedimento de reparação do braço direito. 

— Nós vamos precisar de um cirurgião plástico — Quase tomamos um susto quando a voz de Link quebrou o silêncio na galeria — Jackson está de plantão, mas não pode entrar. Vocês precisam achar um outro urgentemente. 

— Certo — Assenti e saí da sala para resolver isso. 

— Ei, o outro cirurgião plástico que atende aqui está viajando de férias. Temos que arrumar alguém de fora — Ouvi a voz de Meredith atrás de mim e parei de andar. Meu corpo cansado de tudo aquilo e minha mente exausta daquela situação. 

— Ok, então. Você conhece algum nome? Eu não conheço muita gente aqui em Seattle e não conheço nenhum cirurgião plástico que não esteja morto ou com a mãe numa mesa de cirurgia. 

Minhas palavras saíram com um gosto amargo. Era uma mistura de impotência com cansaço e preocupação. Tudo bem, tínhamos conseguido estabilizar Katherine, mas e se ela ficasse com sequelas graves? E se ela não acordasse? E se ela passasse o resto da vida vegetando, presa em aparelhos para fazer qualquer coisa na vida? 

Era angustiante só pensar em tudo aquilo. E era angustiante pensar em Jackson sofrendo. Sua mãe tinha tanta energia, tanta força. A Doutora Fox era mandona, mas no fundo tinha um coração muito alegre e bondoso. E olha só, agora já estou pensando nela no passado, como se ela já não estivesse aqui. Meus ombros encolheram e eu senti o choro vindo. 

— Ei! Eu sei que não está fácil, tá bom? Mas você já passou por tanta coisa esse ano. Passamos por muita coisa juntas. Vamos passar por mais essa, entendeu? Não é hora de baixar a cabeça. A gente vai lá e vai trazer um cirurgião plástico nem que precisemos tirar o Hilbert das férias dele nas Bahamas. 

Quando ouvi as palavras de Meredith meus olhos marejaram e eu rapidamente os enxuguei, sabendo que não podia chorar. Acenei positivamente para ela e sorri. Ela retribuiu o gesto e seguimos juntas para encontrar alguém da plástica. 

[...]

— A gente não tem ninguém da plástica. O Jackson é quem estava de plantão — A voz do Owen é pesada. Ele tá dizendo o que a gente já sabe, mas parece que quer falar mais alguma coisa — A não ser… 

— O quê? 

— A Wilson tem mostrado muito interesse pelo Trauma, mas também tem se aplicado muito na plástica. Jackson tem tido ela como pupila, então… 

— Não podemos deixar uma residente operar a Katherine. É arriscado demais — Meredith falou. 

— Ela não vai fazer procedimentos de vida ou morte, Mer. Se ela tem prática na plástica, acho que deveríamos tentar — Hunt respondeu e eu só conseguia observar os dois, calada. 

— Quem vai se responsabilizar por isso? — Ela questionou. 

— Podemos falar com o Jackson ou com o Richard. Eles podem autorizar e… — Owen começou, mas eu o interrompi.

— Somos os chefes do trauma, a responsabilidade cirúrgica é nossa. Se falarmos com o Jackson ele vai querer assumir e gerar mais estresse. Precisamos confiar nessa decisão e ir em frente — Suspirei — Bipem a Wilson, peçam para que ela se prepare para a cirurgia. 

[...] 

— Obrigada pela oportunidade, Doutora O’live. 

— Tudo bem. Por favor, não desperdice nossa confiança. 

Entramos eu, Jo e Meredith na sala de cirurgia. Link já estava concluindo a reparação do osso após três horas de procedimento. Já estávamos caminhando para dez horas naquela sala de operação, no total. Eu estava tremendo e por isso ia ficar responsável apenas pela sucção. Grey assumiu o cargo de auxiliar da Wilson e então começamos. 

[...]

— Jackson? — Chamei.

Meu namorado estava de costas para a porta que dava acesso à sala de espera. Ele estava em pé e batia o pé em ritmo compassado, tendo os braços cruzados contra si. Richard e April estavam sentados no sofá e se levantaram ao nos ver. 

— E aí? Como ela está? Já se passaram 12 horas, Camille. 

— Ela está bem — Falei respirando fundo, minha voz falhando. 

— Ainda não sabemos se ela apresentará sequelas. Só poderemos afirmar isso quando ela acordar da anestesia — Amelia complementou — Mas consegui reparar a lesão do cérebro. 

— A hemorragia interna também deu trabalho, mas conseguimos controlar — Foi a vez de Meredith falar. Eu observava tudo meio absorta. 

— A fratura do braço direito foi reparada. Ela precisará fazer fisio por um tempo, mas os movimentos devem voltar ao normal com o passar dos dias. 

— Jackson, nós também tivemos que fazer um procedimento de plástica — Comecei a falar, mas a minha voz estava muito fraca. 

— Mas o Hilbert tá de férias e eu não fui bipado, quem fez o procedimento então? 

Nesse momento Jo Wilson saiu de trás da gente e se apresentou, bastante receosa e com medo de ser repreendida por Jackson. 

— Fui eu, doutor Avery…

— Eu consenti com a sugestão do Hunt. Ela estava sendo treinada por você e era nossa melhor opção. 

Jackson olhou para mim e por um momento não consegui decifrar sua expressão. Em seguida ele voltou os olhos para Wilson. 

— Obrigado! — Eu soltei o ar de meus pulmões no momento em que o vi sorrir para sua pupila — Espero que não tenha feito nenhuma besteira com o braço da minha mãe, hein? — Seu tom era mais leve, mas ainda com um ar de preocupação. 

— Pode deixar, eu tive o melhor professor! — Jo respondeu e todos sorrimos. 

Avery voltou a olhar para mim. Eu estava exausta. Os ombros caídos, meus braços abraçando o corpo, só queria chorar e aliviar toda aquela tensão. Ele caminhou até mim e segurou meu rosto, fazendo com que eu olhasse para ele. Naquele momento meus olhos se encheram de lágrimas que eu não pude conter. Estava tão cansada, física e mentalmente. É muita pressão ter que salvar a vida da mãe do homem que você ama. 

— Eu te amo. Muito obrigado por cuidar dela — Ele disse e em seguida me abraçou. 

Senti as lágrimas rolando ao mesmo tempo em que sentia os braços de Jackson me envolvendo. Seu calor e o seu cheiro apaziguando as sensações ruins dentro de mim. Antes de fechar os olhos, olhei para April e sussurrei um “obrigada” por ela ter ficado ali aquele tempo todo. Então cedi àquela sensação de estar protegida nos braços dele. 

A nova chefe do TraumaOnde histórias criam vida. Descubra agora