Capítulo 28 - A minha graça te basta

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Oi, gente! Desculpem o sumiço, mas agora voltei. Espero que gostem. Comentem o que acharam!



Os dias pareciam se arrastar em um interminável espiral de tristezas e alegrias. Eu sorria com Jackson, ia à igreja, ajudava no que podia, comecei a fazer consultas no hospital, enquanto Owen assumia o cargo de Chefe do Trauma novamente. Eu não podia mais realizar atendimentos de urgência, já que a cadeira de rodas me impedia de correr e ter agilidade pelos corredores do Grey Sloan. Em alguns dias eu amaldiçoava esse coma que retirou as minhas habilidades motoras e em outros dias conseguia retirar boas lições de tudo isso. Mas, de uma forma ou de outra, eu desejava que as coisas mudassem. 

Era um dia de sábado. Eu deveria estar me arrumando para ir fazer algumas compras no mercado, já que faria um jantar comemorativo para os aspirantes ao batismo. O pastor Phill tinha pedido a minha ajuda e como Jackson era um desses que iam se batizar, eu achei que seria legal participar. O que eu não esperava era que o meu humor oscilante ficasse no meio disso. Não estava com vontade alguma de sair da cama e aprontar nada para ninguém. Não estava nem querendo ver alguém naquele dia. 

Tudo o que eu queria era me encolher naquela cama e ficar ali, sem precisar enfrentar o mundo na minha nova condição. Eu olhava minhas pernas, em perfeito estado, e não entendia como eu não conseguia nem ao menos mexer o dedinho do pé. Meu coração ficava gelado sempre que eu pensava que talvez fosse algo irreversível, que eu nunca mais andaria e ficaria para sempre longe de todas as atividades que eu amo, como operar por exemplo. 

— Meu Deus, por favor, não me deixe ficar assim para sempre. Eu te imploro. — Murmurei sentindo os olhos queimar. 

Eu tinha uma bíblia na mesinha de cabeceira da minha cama, mas podia dizer que ela estava empoeirada de tanto tempo que eu não lia. Não me leve a mal, eu ainda acreditava que nela existia a Palavra de Deus, eu só não acreditava que ali havia esperança para mim. Sentia que a leitura era vazia e fui diminuindo até parar de ler completamente. Neste dia eu decidi ver se algo me ajudaria a levantar da cama e então agarrei o livro preto e coloquei-o sobre meu colo. 

Folheei até chegar em 2 Coríntios 12. Meus olhos correram direto para o versículo 7 que dizia: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte”. Respirei fundo. Eu conhecia a continuação daquela passagem. O apóstolo Paulo, autor da carta à igreja de Coríntios, fala que pediu ao Senhor por três vezes que o libertasse desse espinho. Ele não diz o que era especificamente que o incomodava, mas é nítido que isso o causava imensa aflição. 

Nesse momento meu coração endureceu e as lágrimas começaram a rolar pela minha face. 

— Eu não quero me acostumar com isso, Deus! Eu não quero... Eu não sou o apóstolo Paulo, não tenho forças para aguentar esse sofrimento. Não me peça para suportá-lo ainda mais. Por favor, sei que tu podes me curar. 

Esperei para que algo falasse ao meu coração. Esperei para sentir o toque do Espírito Santo, algum consolo, alguma resposta, mas não obtive nada. O silêncio fazia meus olhos queimarem com as lágrimas que agora desciam livremente. Meu coração parecia apertado. A bíblia que eu tinha aberto já estava fechada ao meu lado, visto que eu me recusava a aceitar essa mensagem. 

— Senhor, eu sei que a tua graça me basta. Já sei disso, Senhor, mas me conceda a cura, por favor. 

Nesse momento eu senti algo quase audível surgir na minha mente. Sei que não era uma voz, pois não conseguia ouvi-la, mas era tão forte que realmente parecia que a qualquer momento ela soaria fora da minha cabeça. 

A nova chefe do TraumaOnde histórias criam vida. Descubra agora