Capítulo 15 - Cantando a plenos pulmões

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**Recadinho da Autora**

Não é possível que essa Fanfic esteja sendo atualizada pelo segundo dia consecutivo!! Hahahaha Estou feliz em estar conseguindo escrever. Espero que estejam gostando.

Beijão!

**fim do recadinho da autora**

Encontrei com Jackson no estacionamento para irmos para casa. Sim, confesso que estou acostumada a sempre voltarmos juntos. Exceto pelos dias que nossos plantões se chocavam, estávamos sempre compartilhando esse momento. Ele estava parado encostado no carro com a máscara pendurada em uma das orelhas. Tinha os braços cruzados e a cabeça inclinada para trás. Estava me esperando. 

— Esse não é o jeito certo de usar a máscara. — Falei rindo e me aproximando dele. 

— Engraçadinha. — Ele sorriu, se ajeitando para entrar no lugar do motorista. — Eu estava precisando tomar um ar, sabe? Isso tudo está sinistro demais. O pior é que não sabemos nem quando vai terminar. 

Suspirei sentando no banco do carona. Coloquei o cinto e fechei os olhos, encostando a cabeça no acolchoado. Depois abri os olhos e olhei para Jackson, ele estava dando a partida no carro e tinha colocado a máscara de volta. 

— Vou ligar a rádio, tá? 

Falei tentando começar um diálogo mais leve. O radialista anunciou a programação de flashbacks e eu me preparei para uma daquelas baladas antigas, mas inesperadamente ele começou a tocar Maroon 5, Daylight. 

— Ué, essa música é flashback? — Perguntei confusa. 

— Claro que é. Vejamos, eles devem ter lançado em 2011/2012 por aí. — Ele respondeu rindo da minha admiração. 

— Eu não acredito! Caramba eu estou ficando velha, hein? — Comecei a rir e Jackson me acompanhou. — Deus do céu! Eu amava demais essa música. 

A música se encaminhava para o refrão e eu já estava preparada para explodir em cantoria quando Avery me surpreendeu e começou a cantar primeiro do que eu. 

— And when the daylight comes I'll have to go, but tonight I'm gonna hold you so close… — Ele cantou bem desafinado e ainda abafado pelo uso da máscara e eu caí na gargalhada. — Cause in the daylight we'll be on our own, but tonight I need to hold you so close.

Seus olhos pareciam felizes naquele momento e dava pra perceber pela sua voz que ele estava sorrindo um pouco. Comecei a cantar junto com ele e aumentamos o volume da música. 

— Ah, quer saber? Eu vou tirar essa máscara. — Falei puxando o elástico para o lado e deixando o pequeno pedaço de pano pendurado na orelha. Me preparei para cantar a ponte da música: — I never wanted to stop because I don't wanna start all over, start all over…

Não me preocupei com afinação nesse momento e apenas cantei a plenos pulmões. Minha voz deve ter saído bem esganiçada pois Jackson deu uma gargalhada semelhante a que eu dei quando ele começou a cantar, mas em seguida também tirou sua máscara e cantou, meio que gritando as palavras. Estávamos com os vidros abertos e a rua deserta pelo isolamento nos deixava mais à vontade para nos expressar. 

— I was afraid of the dark, but now it's all that I want, all that I want, all that I waaaaant!

— And when the dayyyliiiiight — Eu e Jackson cantamos o refrão como se estivéssemos vivendo para aquilo. Ríamos enquanto aproveitávamos aquele momento para nos distrair de toda dor que rodeava nossa rotina. 

A música acabou e nós agradecemos um falso público pela atenção e pelas palmas imaginárias. 

— Isso foi a coisa mais legal que aconteceu nos últimos dias. — Ele disse sorrindo quando chegamos no estacionamento do prédio. Eu concordei ainda rindo e me inclinando para pegar a bolsa no banco de trás. 

Subimos conversando sobre como Maroon 5 era uma banda que marcou nossa juventude e também discutindo sobre outros clássicos do quinteto como One more Night e This Love. 

— Olha, quer ir jantar comigo lá no apartamento hoje? Não vai ser nada demais, provavelmente um macarrão com frango, pois sem saco para cozinhar. — Nós rimos. — Achei que talvez pudéssemos estender esse momento legal mais um pouco. 

— Eu achei a ideia excelente. — Ele falou quando chegamos no seu andar. — Já já eu desço lá, só vou tomar um banho. Vou levar um vinho. 

Assenti e ele saiu do elevador. 

[...]

Tomei um banho pensando se tinha feito a escolha certa ao convidar Avery para jantar. Não que a gente nunca tivesse jantado junto, mas, sei lá, fiquei meio paranoica por ter tomado a iniciativa. Orei a Deus para que ele não tivesse entendido minha atitude como estando recheada de segundas intenções e vesti uma roupa simples para que ele não achasse que aquilo era um encontro. 

Voltei para a cozinha e coloquei o macarrão no fogo. Já tinha o frango desfiado e temperado na geladeira, então rapidinho esquentei a proteína e reservei. Enquanto preparava o molho ouvi a porta e dei um grito para que ele esperasse. Abaixei o fogo para não queimar e corri para destrancar a porta, sorrindo para ele e voltando para o molho. 

— Vou entrando, tá? — Ele sorriu ao me perceber correndo de volta pra cozinha. 

— Não vai querer um molho queimado, né? — Jackson caminhou até onde eu estava e depositou a garrafa de vinho branco em cima da bancada. 

— Tá com um cheiro bom. — Ele disse fazendo um biquinho para cheirar a comida. — Onde você guarda suas taças? 

— Ali em cima. — Apontei para a parte superior do armário e ele foi até lá pegar as taças. Serviu o vinho e me entregou uma delas enquanto eu ainda estava cozinhando. 

Beberiquei um pouco do vinho e tinha um gosto muito bom. Jackson sentou em uma das cadeiras altas perto da bancada.

— Eu sempre me surpreendo com você. — Ele falou do nada e eu olhei para ele, desligando o fogo do molho e retirando a panela do fogão.

— Como assim? — Falei arrumando uma travessa de vidro para despejar o macarrão.

— Ah, você tem atitudes que eu não esperava de uma pessoa como você.

— Uma pessoa como eu? — Perguntei levantando uma das sobrancelhas.

— É. Tipo, uma cristã. Eu sempre achei que tudo no cristianismo se resumisse à regras e mais regras e pessoas que são reprimidas por um Deus mandão que as obriga a obedecer. — Ele fez uma pausa e bebeu mais um pouco de vinho. — Mas você não é assim. Você é leve. Você transmite paz e misericórdia nos seus atos.

Fiquei surpresa e ainda estava confusa. O que ele queria dizer com isso? De que atos ele estava falando? Ah, se realmente eu quem dirigisse ele saberia que eu não sou nenhum pouco leve.

— Wilson me contou sobre como você conversou com aquele senhor lá que teve um infarto.

— Ah... — Eu falei envergonhada e acabei de ajeitar o molho por cima do macarrão. Caminhei até o armário e retirei dois pratos. Jackson levantou e me ajudou com os talheres.

— Eu fiquei pensando: como uma pessoa de luto, triste com a morte da amiga, consegue lidar daquela forma com uma situação desagradável dessas? Ainda mais, eu me perguntei como você pode ser tão paciente e amável com aquele imbecil.

Ele olhou para mim como se não entendesse minha atitude. Eu sabia que esse era um bom momento para expor algumas verdades para ele, mas sabia que não podia ser de qualquer jeito. Então desviei momentaneamente do assunto.

— Vamos comer lá na varanda. Leva essas coisas aí que eu pego o macarrão. — Fomos caminhando até a varanda e ajeitamos a pequena mesa com nosso jantar. Nos sentamos e eu dei um longo suspiro. Ficamos algum tempo em silêncio, mas ainda não começamos a comer.

Jackson observava o céu estrelado, enquanto esperava que eu dissesse alguma coisa. Eu, por minha vez, me inclinei para ele depois de pensar um pouco.

— Sabe, Jackson, nem sempre foi assim. Essa paciência e amabilidade que você diz que observou em mim é apenas um reflexo de Alguém muito maior que eu. Sem Ele eu também sou uma grande imbecil.

A nova chefe do TraumaOnde histórias criam vida. Descubra agora