11 _ Entre no ritmo

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Louise

No final do nosso show de strip-tease sentei no camarim diante do espelho e tirei a maquiagem, fazendo outra mais leve.

— Me diz uma coisa. — Lea pediu sentando ao meu lado. Fazendo cachos com os dedos nos longos cabelos louros. — Qual é o nome do cara que te levou para a Disney?

— Oliver Bresson. — Respondi enquanto fazia o delineado no meus olhos, pelo espelho notei ela com os olhos arregalados.

No mesmo instante Mila que estava sentada mais distante, engasgou com a água que estava bebendo e disparou a tossir. Eu a olhei preocupada.

— O que foi?

— Eu sei o que foi, amiga. — Lea respondeu por Mila. — Você está saindo simplesmente com o número um da fórmula um. — Respondeu rindo da sua própria piada e eu franzi a testa.

— Como é?

— Isso mesmo que você ouviu. Oliver Bresson, o maior campeão que esse esporte já viu. — Sorriu naturalmente e eu continuei incrédula.

— Como conseguiu isso? — Mila perguntou curiosa quando finalmente conseguiu se recompor da tosse.

— Destino que chama. — Lea zombou olhando ela pelo espelho.

Mila revirou os olhos e seguiu até onde estava a bolsa dela, enquanto pelas costas Lea fazia sinal para ela ir embora logo. Rimos cúmplices e a morena de cabelo curto estreitou o olhar para nós, desconfiada.

— Eu não fazia ideia disso. — Falei quando Mila finalmente foi embora.

— Agora sabe. Está saindo com o poderoso piloto. — Piscou maliciosa e eu apertei os lábios após passar o gloss.

— Não estamos saindo exatamente. — Respondi guardando as maquiagens em seus devidos lugares.

— E estão o que então?

— Indo em lugares juntos. —  Respondi atrapalhada. Lea revirou os olhos e eu sorri. — Quero dizer que não são encontros.

— Sabe o que eu acho? — Ela começou a dizer e parou de falar subitamente, olhando nada amistosa para trás de mim.

Procurei pelo motivo de seu silêncio e notei que Mila tinha voltado.

— Depois a gente continua. Tem muita gente por aqui.

— Só tem nós três. — Mila argumentou.

— Mas um elefante incomoda muita gente. — Lea rebateu deixando nossa colega de palco revoltada.

Ri terminando de me arrumar para encontrar com meu mais antigo e adorado cliente. Senhor Liam. Liguei para ele confirmando que já estava pronta e permaneci esperando. Mila não arredou o pé do camarim, o que era estranho, pois ela sempre era a primeira a ir embora.

Segui para a porta do Club e no mesmo instante um carro luxuoso parou e eu esperei. Senhor Liam saiu beijou a minha mão e abriu a porta para eu entrar.

Seguimos para jantar no restaurante de sempre. Fomos bem recebidos e Liam pediu um bom vinho para tomarmos.

— Amber amava o sabor desse vinho. Lembro quando ganhamos uma garrafa dele no verão da década de setenta, sentamos no telhado da nossa casa no interior do estado e bebemos admirando o céu. Éramos dois fracos para bebida. Dormimos no relento e acordamos resfriados no dia seguinte, além da nossa grande primeira ressaca. Então rimos e passamos o dia todo jogados no tapete da sala. Ela era tão divertida, tornava tudo mais leve, até mesmo a maior ressaca da minha vida. — Contou sorrindo nostálgico. — Eu sinto falta até das nossas discussões. Da implicância dela quando eu esquecia a toalha molhada sobre a cama. Ou como ela odiava quando eu insistia em subir no telhado da casa para arrumar a antena. Ela tinha medo que eu caísse. — Comentou com um sorriso que pouco a pouco se desfez. — No entanto quem caiu foi ela. O mar parecia tão tranquilo aquela manhã. Jamais imaginei que um lugar tão lindo e amado como aquele fosse tirar a vida de Amber. E de certa forma, a minha também. — Suspirou pesaroso. — Eu sinto tanta saudade dela que chega a doer. Louise, aproveite o amor enquanto ainda o tiver. Porque um dia ele acaba e você nunca mais o recupera.— Toquei carinhosamente na mão dele.

— Mas você tem o meu amor, Liam.

— Eu também te amo, minha filha. Se não fosse por você ouvir meus lamentos, eu já teria enlouquecido.

— Estarei sempre aqui por você. — Prometi e ele sorriu fraco. — Só um minuto.

Segui até a banda que tocava no fundo do restaurante e pedi para tocarem uma música especial de Johnny Cash. Voltei para a mesa e encontrei Liam sorrindo agitado.

— A música preferida de Amber! — Reconheceu instantaneamente.

— Sim. Vamos dançar? — Estendi a mão para ele. — Vamos, entre no ritmo, quando você se deprimir. Sim, um ritmo agitado faz você se sentir bem. — Cantei a música e ele sorriu aceitando.

Seguimos entre as mesas e dançamos ali mesmo o som do rock animado. Liam parecia uma criança de tão feliz ao dançar. Sorri junto com ele quando ao olhar para o lado me deparei com Oliver entrando no restaurante, acompanhado do mesmo homem de sempre.

Trocamos breves olhares e eu voltei minha atenção para Liam que me girou devagar. Dançamos até o final e ele me abraçou ternamente.

— Obrigado por fazer minha vida melhor, minha amiga! — Agradeceu beijando o topo da minha cabeça.

Sorri para ele e voltamos de braços dados para a mesa. Tomamos mais do vinho favorito de Amber enquanto ele me contava suas milhares de histórias com a falecida esposa. Foi uma noite divertidamente agradável.

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