40 _ É necessário desapegar

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Três meses depois...
Oliver

— Está pronta? — Perguntei e Louise assentiu. Me abaixei colocando as sapatilhas em seus pés e depois me ergui estendendo as mãos, ajudando ela a levantar cuidadosamente da maca. Ela apertou os lábios me deixando preocupado. — Está sentindo dor?

— Só uma fisgada nos pontos. — Respondeu pousando lentamente os pés no chão.

— Vem cá! — Chamei a pegando com cuidado ouvindo sua risada ecoar pelo quarto.

— Oliver, não precisa me pegar no colo. Eu posso perfeitamente ir andando.

— Nem pensar. Se você sentiu fisgada levantando, vai sentir dor andando também. — Rebati e ela sorriu abraçando meu pescoço e me olhando nos olhos.

— E como você vai fazer para pegar nosso filho no colo comigo nos seus braços? — Ironizou e eu beijei o rosto dela.

— Uma coisa de cada vez. Agora vamos ver nosso garoto. — Respondi seguindo para o berçário.

Eu podia ver a ansiedade de Louise crescer a cada passo que eu dava, seus olhos ficaram mais brilhantes quando finalmente cheguei na enorme janela que dava visão às encubadoras.

— Ali! — Mostrei para a última encubadora para onde ela já estava olhando. Já havia o reconhecido mesmo de longe, com seu instinto materno.

— Ele é tão lindo! — Comentou pela milésima com a voz embargada e eu concordei. — É grandinho para um bebê prematuro.

— É forte e saudável apesar de tudo. O médico disse que daqui um mês ele já poderá receber alta.

— Parte meu coração vê-lo aqui. — Ela disse com lágrimas nos olhos.

— Foi necessário fazer o parto antes da hora. Foi melhor para ele. — Insisti e ela assentiu deixando algumas lágrimas caírem. — Não fique assim. Vamos voltar para o quarto agora para você poder descansar.

— Só mais um minuto. — Pediu olhando pelo vidro. Piscou lentamente e mais lágrimas caíram violando seu rosto. — Eu quero tanto pegá-lo.

— Na hora da amamentação você poderá pegá-lo novamente. — Respondi e ela suspirou pesarosa.

Eu sabia o quanto era difícil para ela aceitar ter hora certa para pegar o nosso filho, mas infelizmente as coisas não eram como nos partos normais. Nosso menino nasceu de cesariana no sétimo mês de gestação, por isso precisava ficar na incubadora. Mas graças a Deus apesar de ser tão frágil ele estava bem.

Quando Louise finalmente aceitou a levei de volta para o quarto, encontrando o médico à nossa espera.

— Tenho ótimas notícias! Você irá receber alta hoje. — Ele avisou e eu coloquei Louise sentada na maca.

— Mas e Stephan? Como vou amamentá-lo? — Ela questionou preocupada.

— Você terá horas especiais para visitar ele. Além do mais a enfermeira vai te explicar como tirar o leite para deixar de reserva.

Louise abaixou a cabeça entristecida, eu peguei na mão dela tentando dar força quando eu também estava arrasado por ter que deixá-lo ali.

— Ele vai ficar bem. — Falei e ela assentiu sem dizer nada. — Vou te levar em um lugar especial para mim. Depois voltamos para você amamentar nosso pequeno.

— Que lugar especial?

— Um lugar que as pessoas desejam evitar, mas que infelizmente não tem jeito. — Expliquei e ela me olhou interrogativa.

O médico assinou a alta dela e mesmo sob protestos eu a levei no colo para o carro.

— Já disse que não precisa fazer isso. — Ela insistiu e eu a beijei colocando o cinto de segurança nela.

— Me deixa te mimar um pouco. Você me deu meu pequeno, jamais poderei retribuir esse presente. — Pedi e ela segurou meu rosto, nos beijamos mais intensamente.

— Tudo bem então. Pode me mimar à vontade. — Respondeu sorridente.

Me afastei e fechei a porta. Respirei ansioso e segui para o meu lugar no banco do motorista. Dirigi em silêncio e a todo momento à vi de relance me encarando com expectativa palpável. Então parei na frente do portão do cemitério e ela me olhou confusa.

— Chegamos! — Avisei saindo do carro e indo até ela, a tirei com cuidado. Louise olhou para o cemitério em seguida me olhou interrogativa. — Você já vai entender. Vamos! — Falei a pegando novamente no colo. Dessa vez ela não reclamou. Segui com ela para dentro do local silencioso e com um belo jardim cuidado. Caminhei pelas placas até chegar em uma que eu conhecia muito bem. Pousei cuidadosamente Louise no chão e o olhar dela imediatamente identificou a lápide de Emma. — Aqui está enterrada a pessoa que eu escolhi para ser minha eterna companheira, amiga, amante e que infelizmente teve a vida ceifada cedo demais, levando com ela meu coração por longos anos. Porém agora eu o tenho novamente aqui comigo. E também tenho uma nova companheira com quem quero dividir minha vida. Sei que não é o melhor lugar para fazer isso, mas aqui, diante do meu antigo amor quero pedir meu novo amor para ficar comigo. Quero que Emma descanse em paz na certeza que sempre terá um lugar importante tanto na minha vida quanto na vida de Jean. E que saiba que agora temos você conosco. E eu quero ter você para sempre ao meu lado. Por isso eu queria te fazer uma pergunta muito importante, Louise Fontainelles, você aceita casar comigo?

Ela me olhou surpresa quando eu tirei a minha aliança com o nome de Emma do dedo e guardei em um bolso. E do outro bolso tirei uma caixinha aveludada com duas novas alianças douradas.

— Eu... Não esperava por isso... É claro que eu aceito me casar com você, Oliver. — Respondeu emocionada e eu tirei uma aliança e coloquei em seu dedo. Ela sorriu e repetiu o mesmo em mim.

— Então aqui e agora, eu encerro definitivamente uma história e nós dois começamos a nossa. — Falei e ela sorriu me abraçando.

Era tão incrivelmente linda que eu não resisti sua proximidade. Segurei seu rosto delicado com as duas mãos e a beijei intensamente nos lábios.

— Agora vamos ver nosso menino, futura senhora Bresson! — Convidei e ela sorriu animada.

— Vamos logo! — Chamou entusiasmada e eu a peguei no colo novamente, furtando risadas deliciosas e mais beijos. Afinal, também não sou de ferro.

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