Quanto Cu$ta O Amor

12 _ Atenção involuntária

Oliver

— Ei, vai ficar encarando a mesa do casal até quando? — Leo perguntou e só então eu me dei conta que havia o deixado falando sozinho.

Me surpreendi ao encontrar Louise no restaurante dançando com um senhor de idade avançada. Ela parecia tão à vontade com ele que acabou inexplicavelmente prendendo minha atenção.

— Eles não são um casal.

— Provavelmente não, mas o velho está inteiro ainda. Viu como ele dançou? Uma energia que eu aos vinte e sete não tenho. — Rebateu me fazendo sorrir. — É a stripper que você pediu para ver o resto do show. — Reconheceu e eu concordei com a cabeça. — Ela é muito linda!

— E está acompanhada por um homem quatro vezes mais velho.

— Na profissão dela acho que não dá muito para escolher.

— Eles parecem se divertir, mas não é estranho como não estão agindo como um casal? — Perguntei baixo e ele olhou para trás.

— Bom, tirando a parte que não seria de bom tom fazerem algo explícito em público, é verdade. Não agem como um casal de amantes.

— Mas ela parece ter afeto por ele. Olha como sorri o olhando nos olhos. — Comentei observando a interação deles.

— OK. Já vi que vamos passar a noite analisando o encontro de um velho rico e uma jovem bonita. — Leo debochou colocando o guardanapo no colo.

O senhor beijou a mão de Louise e ela retribuiu o beijo com aparente carinho. Era muito estranho vê-la assim. Dois antes estávamos em Paris passeando na Disney, e ela agindo com a mesma alegria de Jean. Já ali estava com um exuberante vestido longo esbanjando simpatia para um cliente.

— Espera, você está interessado nela. — Leo afirmou sorrindo e eu o olhei enfurecido.

— Claro que não. Jamais me interessarei por qualquer mulher nesse mundo. Eu amo sua irmã.

— OK, desculpa! Mas é o que parece. — Insistiu e eu baixei o olhar para o cardápio, impaciente. — Só acho que depois daqui podíamos ir para uma boate. — Propôs e eu ergui o olhar novamente, desviando involuntariamente para a mesa ao lado, notando que brindavam algo. — Ei! Oliver, está me ouvindo?

— O que foi?

— Acho que o intuito dessa nossa saída era conversar, mas o assunto está bem unilateral aqui. — Zombou e eu o encarei. — Que tal então irmos à caça hoje?

— Eu não vou caçar.

— Vai desperdiçar essa sua cara de predador?

— Idiota! — Retruquei e ele riu chamando o garçom. Fizemos os pedidos após sermos servidos ele me olhou novamente.

— Pensou no que eu e vovó Etienne te dissemos?

— Eu não vou arrumar nenhuma namorada. Parem com isso! Ninguém vai tomar o lugar de Emma. — Rebati irritado. Ele ergueu as mãos na defensiva.

Não falamos mais nada por um longo tempo. Jantamos e após a sobremesa eu respirei fundo decidindo ir embora.

— Desculpa! — Ouvi Leo pedir sem jeito.

— Eu que preciso pedir desculpa, sei que vocês só querem o meu bem, mas... Eu não quero ninguém na minha vida. Jamais conseguiria gostar de alguém como era com Emma. Como ainda é.

— Minha irmã não irá voltar. — Ele disse e suas palavras esfaquearam meu peito.

— Eu sei que não. — Minha voz soou vacilante. — As vezes eu acordo e espero ela entrar no quarto chegando cansada de mais um show como antes, quando eu a abraçava e ela sempre contava como havia sido. E eu sempre dormia no meio de suas histórias e ela ficava brava comigo. — Relembrei nostálgico sentindo um nó se formar na minha garganta. — Ela sempre voltava, entende? Mas meu amor por ela continua exatamente igual. É como se ela nunca tivesse partido. As vezes fecho os olhos e sinto que ao abrir poderia vê-la sorrindo, vindo na minha direção para me dar os abraços apertados que ela adorava dar. Por isso, exatamente por isso, ninguém pode ficar no lugar dela.

— Ninguém no mundo jamais irá substituir o lugar dela em nossas vidas. Nunca. Não estamos falando para você substituir minha irmã, estamos falando apenas para você redescobrir a vida. Ela se foi, você não.

Eu o observei por um tempo atordoado com suas palavras. Senti meu corpo todo retesar, mergulhar na tristeza implacável de saber que ela se foi e me deixou para trás.

— Vamos embora. — Pedi e ele assentiu.

Chamados o garçom, fiz questão de pagar a conta e antes de levantar ouvi as risadas animadas que Louise e o senhor estavam dando ao lado.

Inesperadamente ela acenou para mim e eu apenas comprimi os lábios num quase sorriso. Esperava internamente que ela não tivesse notado que eu havia observado quase todo seu encontro.