34 _ Croassaint

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Oliver

Dois dias depois do encontro no hospital com Louise o assunto ainda era pauta na minha casa.

— Você deveria procurar ela e conversar. Está agitado demais desde que terminaram. — Leo insistiu e eu revirei os olhos.

— Eu já te expliquei tudo. Não tínhamos nada de verdade. Era apenas um trato.

— Cara, desde que você terminou o seu "trato", entrou em escândalo atrás de escândalo.

— Quanto à Mila tudo está praticamente resolvido. Eu já tenho o laudo comprovando que fui dopado naquela noite. Agora o detive está conseguindo todas as evidências que comprovam que foi uma armação dela junto com o imbecil do Nicolas. Eu não irei descansar enquanto não acabar com aqueles dois.

— Fico aliviado em saber que esse pesadelo está perto do fim, mas eu quero falar com você sobre Louise.

— Eu não não tenho nada para falar sobre isso. Você, minha avó e o Jean têm que parar com essa mania de achar que eu tenho que me acertar com ela.

— Me diz sinceramente que não quer isso? — Pediu me olhando nos olhos e eu desviei o olhar.

— Louise terá um filho do cara que está tentando me ferrar.

— Não sei, não. Essa história é toda muito estranha para o meu gosto. A própria Louise sempre disse que nunca fez programa. Que era apenas acompanhante.

— Eu já não sei mais o que pensar. Tem as fotos nos jornais, tem a vez que ouvi uma idosa no asilo falando que Louise estava se arrumando para encontrar o Nicolas, e fora isso já vi os dois juntos e... Eu não não sei mais o que pensar.

— De qualquer forma uma hora a verdade irá aparecer.

— Assim espero.

— Querido, fiz croassaint para a Louise. Pode me levar até a casa dela? — Minha avó surgiu na sala ostentando uma pequena cesta repleta de croassaint.

— Pode fazer esse favor para mim? — Pedi esperançoso e Leo balançou a cabeça em negativa.

— Nem pensar. Tenho que jogar vídeogame com meu sobrinho favorito. Além do mais, talvez seja bom para você ver um certo alguém. — Insinuou e eu respirei fundo.

— Oliver, por favor! — Minha avó insistiu e Leo cruzou os braços, satisfeito.

— OK, mas eu não vou entrar na casa dela.

— Tudo bem. — Minha avó respondeu e sorriu cúmplice para o meu cunhado.

Segui contrariado para o carro e ela sentou animada ao meu lado, falando sem parar no quanto Louise estava bonita grávida. E isso era verdade. A barriga já era visível, olhando de relance notei que os seios dela e os quadris pareciam maiores também. Até a pele parecia mais bonita. Não que eu tivesse prestando atenção nela.

Dirigi todo o trajeto pensando no quão ela parecia nervosa ao contar sobre a gravidez complicada. Minha vida tinha saído dos trilhos de forma desgovernada, e eu só conseguia pensar que queria abraçar Louise quando a vi chorando naquela maldita recepção do hospital.

Parei na frente do asilo e minha avó me olhou com expectativa.

— Nem vem! Eu já disse que vou esperar aqui. — Falei de antemão e ela me olhou frustrada, em seguida desceu do carro.

Recostei no banco e respirei fundo. Os minutos passaram incontroláveis e minha avó simplesmente desapareceu dentro da casa. Saí disposto a chamá-la para irmos logo embora. Porém antes de bater na porta minha avó saiu correndo quase esbarrando em mim.

— O que houve?

— Louise está tendo um sangramento. — Contou me deixando alarmado.

Corri passando por ela e entrando na casa. Notei todos agitados pelo caminho, segui até o quarto e a encontrei chorando nervosa, sentada na cama. Usava um vestido longo branco onde era possível ver uma mancha de sangue entre as pernas.

— Calma, vai ficar tudo bem. — Murmurei pegando ela no colo. Seus braços passaram ao redor do meu pescoço e eu senti ela trêmula contra o meu peito.

Corri com ela para o meu carro e minha avó e a mãe dela nos seguiram. Dirigi o mais depressa que pude e assim que chegamos no hospital Louise foi atendida pela emergência.

— Ela está bem, doutor? — Perguntei preocupado assim que ele apareceu na recepção.

— Está estável, mas precisará ficar internada em observação. — Avisou me deixando ainda mais preocupado. — Alguém tem que ficar com ela.

— Eu fico. — Me ofereci e a mãe de Louise me olhou confusa. — Ora, a senhora precisa ficar no asilo, não? — Questionei e ela assentiu.

— Me mantenha informada, por favor! — Ela pediu e minha avó me observou com um sorriso no rosto.

— Vou pedir o Leo para buscar vocês.

Depois que as duas foram embora segui para o quarto onde Louise estava. Encontrei ela deitada passando a mão pela barriga com cuidado, era como se tivesse medo de que um movimento mais brusco pudesse prejudicar o bebê. O olhar dela encontrou o meu e eu sentei na cadeira ao lado da maca. Louise permaneceu me olhando em silêncio.

— Está com dor?

— Não. Por que você está aqui?

— Porque o hospital exige um acompanhante. Quer alguma coisa?

— Croassaint. — Respondeu me furtando um sorriso. — Não pude sequer experimentar o que sua avó levou para mim.

— Assim que puder eu trago para você.

— Obrigada por ter me socorrido.

— Eu jamais deixaria de ajudar alguém que precisa. — Respondi e ela abaixou a cabeça.

Ela parecia exausta, mas ainda assim estava linda. Desejei tocá-la, mas me controlei. Eu não conseguia compreender como ela havia se envolvido com um cara tão inescrupuloso como Nicolas.

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