22 _ O canto da sereia

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Louise

Acordei com o som do meu celular tocando em algum lugar do meu quarto. Levantei preguiçosamente e segui até a cômoda. Na tela o nome de Oliver piscava.

"— Alô?"

"— Oi! Você falou sério quando disse que tinha um compromisso hoje?" — Perguntou direto ao ponto e eu voltei e deitei na cama.

"— Não, por quê?"

"— Então vamos para o mar comigo e o Jean." — Propôs aleatoriamente.

" — Mas eu achei que você não queria que eu fosse."

"— A questão não é essa. Eu só não quero desrespeitar a memória da minha mulher."

"— Entendo. Então por que está me convidando?"

"— Porque o Jean está me deixando louco!" — Contou me fazendo rir.

"— Você quer que eu converse com ele?"

"— Não, eu quero que você venha conosco. Ele gosta muito de você. Quer que esteja presente na nossa tradicional cerimônia."

"Ele". Oliver disse: "ele" gosta muito de você. Não sei porquê, mas isso me incomodou um pouco.

"— Tudo bem." — Aceitei finalizando a ligação pouco depois.

Coloquei um biquíni debaixo da roupa e peguei uma cesta da minha mãe, coloquei algumas frutas, sucos e montei sanduíches leves. Não iria chegar de mãos abandonando.

Me encontrei com eles no calçadão de pedras da praia. Oliver olhou intrigado para minha cesta, porém não perguntou nada.

Jean me abraçou animado e nós seguimos pelo caminho que Oliver indicou. O iate era gigantesco, na minha concepção quase um Titanic. Torci para não afundar, amém!

Entramos e Jean correu para se debruçar na grade e olhar o mar. Larguei minhas coisas e segui me abaixando ao lado dele. Oliver ligou o iate e pilotou observando sério o horizonte.

As águas esverdeadas ainda estavam bem tranquilas, as ondas se desfaziam umas nas outras até que atracamos longe da praia.

Os dois em silêncio jogaram pétalas de tulipas, a flor preferida de Emma, no mar. Observei tudo em silêncio. A consternação de Oliver dava pena. Ele realmente estava mal com a situação. Jean olhava triste para a água. Não parecia mais o menino falante e sorridente de poucos minutos atrás. Após eles terminarem sua cerimônia Oliver anunciou que iríamos voltar.

— Mas nem nadamos ainda! — Protestei e ele me olhou incrédulo.

— Não viemos nadar. Não estamos aqui para comemorar.

— Isso não é comemorar. É exatamente homenagear a Emma. Vocês mesmos não disseram que ela amava o mar? Então, viver o que ela gostava e o que você gostaria de viver com ela. — O relembrei e ele ficou pensativo.

— Posso pular na água, pai?

— Não trouxemos roupas próprias para isso.

— Não precisam disso. Estamos longe da praia. Além do mais com esse sol rapidinho seca. — Propus e Jean olhou ansioso para o pai.

— Tudo bem. Vão!

Comemoramos e nos livramos das nossas roupas. Eu saltei primeiro e Jean desceu com cuidado usando uma bóia.

— Eu sempre quis pular toda vez que a gente veio aqui. Mas tinha medo do meu pai ficar bravo se eu pedisse. Pena ele não querer pular também. — Ergueu o olhar para o pai que nos olhava atento no iate. — Seria muito legal se ele também aproveitasse.

— Vou fazer ele descer. — Pisquei para Jean que ficou confuso.

Nadei um pouco me afastando de dele e comecei a gritar.

— Câimbra! Câimbra! Socorro! — Encenei fingindo que estava me afogando e logo vi Oliver pular no mar de roupa e tudo.

Ele me abraçou forte me puxando para a superfície e me olhou nos olhos, estava bastante preocupado.

— Brincadeirinha! — Contei e ele fechou a cara.

— Eu achei que estivesse se afogando!

— Ela enganou você, papai. — Jean zombou travesso.

— Enganou, é? — Oliver perguntou sério e me ergueu sobre os ombros me jogando com força na água.

Voltei para a superfície rindo e pulei sobre as costas dele, tentando fazer ele afundar.

— Socorro, estou sendo atacado pelo monstro do mar! — Gritou fazendo Jean gargalhar. Então puxou meus braços me tirando de suas costas e me virando de frente para ele. — Acho que na verdade é uma sereia.

Eu pisquei um tempo confusa e ele me soltou, batendo a mão na água, jogando água no meu rosto.

— Fecha os olhos, Jean! Agora é guerra de água! — Avisei e ele sorriu tapando os olhos.

Oliver e eu jogamos água um no outro e Jean ria horrores com a água que acertava nele. Brincamos por um longo tempo até Oliver começar a ensinar o filho a nadar.

Observei os dois tão fofos juntos e então decidi sair da água. Estava faminta.

— Eu trouxe lanche para nós. — Contei e logo os dois subiram de volta.

Jean estava eufórico e sentou ao meu lado já se servindo com os sanduíches. Oliver sentou na minha frente, os longos cabelos e a pele pingando. A camisa branca colocada ao corpo evidenciando os músculos. Pegou um sanduíche e me olhou nos olhos.

— Obrigado, Louise!

Eu que agradeço. Que visão maravilhosa! Ah, o mar também estava lindo.

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