Capítulo 13

55 13 0
                                    


Sensei devia estar quase a chegar. Estava sentado o sofá como se fosse um menino à espera do Pai Natal.

Será que ele realmente vinha?

Será que sim, será que não?

Os meus pensamentos agiam como se eu estivesse a brincar com um malmequer.

Dei um pulo do sofá assim que ouvi a campainha tocar.

Ele tinha chegado. Corri até a porta, recompôs-me e abri-a.

-Entre-disse dando espaço para ele passar.

Ele assentiu. Assim que entrou dirigiu-se até a sala e sentou-se no sofá.

-Eren, se não for muito incomodo podes me trazer...

-Chá-disse.

Ele assentiu um pouco admirado com o que eu tinha falado. Voltei a achar estranho, o facto de eu saber o que o Sensei costuma beber, sendo que é a primeira vez que vem aqui em casa.

Assim que acabei de preparar levei-o para a sala. Mal entrei, vi-o sentado com a perna cruzada e os braços esticados na parte de cima do sofá.

Os meus batimentos cardíacos aumentaram. Era uma boa sensação.

-Até quando vais ficar aí parado a olhar para mim?-perguntou ele.

Eu corei. Estou estranho desde que o Sensei falou comigo na aula de História.

De que forma?

Fico a olhar feito parvo para ele, os nossos olhos não se desviam quando há contacto e sinto-me nervoso ao pé dele e por agora é só.

E se eu...

Tirei rapidamente aquele pensamento da cabeça e sentei-me ao pé dele.

Sensei pegou na caneca e levou-a a boca.

Meu deus, até a maneira de como ele bebe chá é sexy.

É o quê?

Bati com as minhas duas mãos nas bochechas e consegui voltar a raciocinar direito.

-Eren, por onde queres começar a estudar?

-Do inicio-disse inocente.

Ele não ficou surpreso.

-Parece que temos muito trabalho pela frente.

-Sim-disse, abaixando a cabeça para ele não ver que me sentia envergonhado por não saber a matéria.

A mão do Sensei foi até ao meu queixo fazendo com que eu olhá-se para ele.

-Não precisas de ficar assim. Todo temos obstáculos na vida.

-Eu sei, mas... – desviei o olhar e mordi o lábio de forma a controlar a vontade de chorar que tinha naquele momento.

Senti ele se mexer no sofá. Sensei estava a ficar muito perto de mim. A sua mão continuava no mesmo sitio.

Quando seu joelho bateu no meu eu olhei para ele. A sua boca estava um pouco aberta, os olhos estavam entreabertos.

Será que ele...?

Os seus lábios estava quase a tocar nos meus, mas ele desviou a rota e colocou a sua testa no meu ombro direito.

-Tsc-disse ele.

-S... Sensei-tentei falar.

-Por favor, Eren, só um pouco. Deixa-me ficar assim mais um pouco.

Eu não iria dizer que não. Só não queria que ele ouvisse os meus batimentos cardíacos.

O que eu deveria fazer num momentos como este?

Quando dei por mim, os meus braços moveram-se sozinhos e abraçaram o pequeno corpo contra mim.

Não era uma sensação estranha. Parecia que eu já tinha sentido aquele contacto antes.

Sensei estremeceu, logo que sentiu os meus braços ampararem-no contra mim.

Eu senti-me bem.

Talvez tenha gostado de ter-lhe provocado aquilo? Por tê-lo nos meus baços?

Os dois?

Cada vez ficava mais confuso.

-Sensei?-chamei.

Ele ficou na mesma. Voltei a tentar e nada.

Com cuidado desencostei-o do meu ombro e reparei que ele tinha adormecido.

Verifiquei que ele tinha sombras negras debaixo dos seus olhos. Sensei não andava a dormi nada de jeito.

Levantei-me peguei nele ao colo e voltei-me a sentar. Tê-lo ali tão perto fez ficar tão feliz.

Ele ficava tão fofo naquela posição. A minha cabeça começou a doer.

Não consegui entender o que via, era tudo preto ou coberto de névoa.

Rapidamente voltei à realidade.

O que acabou de acontecer?

Apesar de não ter conseguido ver nada, senti bastante dor.

Olhei para o Sensei.

-O que aconteceu na minha vida, para que eu esteja a sofrer estas consequências todas?-sussurrei.

Fiquei mais algum tempo a olhar para o Sensei.

Ele iria ficar com dores no corpo se continuar a dormir ali. Imagino só a cara que ele não iria fazer se acordar-se e ele ainda estiver dormir em cima de mim.

Peguei-o novamente ao colo e levei-o até ao quarto. Deitei-o na minha cama.

E olhem só, ele ficava tão bem nela. Não aguentei ficar em outro lugar, senão ao pé do Sensei, então deite-me ao pé dele.

Mal ele sentiu o meu contacto contra o corpo dele, agarrou-se a mim e acabei por adormecer também.

SenseiOnde histórias criam vida. Descubra agora