Capítulo 12

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Acordei com lágrimas nos olhos.

Porque estou a chorar?

Tentei lembrar-me do motivo mas não consegui. Dei-me conta que nem sequer me lembrava de quem eu era.

As únicas coisas que sabia era o meu nome, a minha idade e pequenos dados como estes.

Não me sabia muito acerca da minha infância,adolescência e por ai fora.

Eu era apenas uma página em branco com pequenas frases escritas.

Arranjei coragem para por aquele assunto de parte e arranjar-me para ir para a escola. Os exames estavam quase a chegar e eu preciso de tentar tirar notas razoáveis.

Claro que não seria um dia normal se não houvesse revisão. A minha primeira aula seria de História. Faltavam apenas cinco minutos para o toque e decidi ir até à minha sala de aula.

Entrei e todos olharam para mim como se eu fosse uma novidade para eles. Dei os bons dias, ignorando aquele desconforto e sentei-me.

Se foi estranho?

Podes crer que sim.

A companhia irritante começou a tocar, indicando o início das aulas.

A porta abre-se e o Sensei entra na sala.

-Bom dia alunos-disse.

Ele parecia deprimido. Adorava saber o porquê de ter um olhar tão triste.

O que era estranho era o facto de ele olhar para mim como se eu fosse uma parte dele.

Arrepiei-me de imediato.

De vez em quando eu e Sensei olhávamos um para o outro mas sempre desviávamos, quando ficávamos mais de cinco segundos a olhar.

A aula continuava e mais matéria ia se acumulando. Eu não sabia como havia de aprender aquilo tudo para o exame.

Estava feito ao bife. Tinha de arranjar ajuda em algum lado, mas onde?

A aula terminou, finalmente poderia ir apanhar um pouco de ar. O clima naquela sala estava um pouco pesado.

-Eren Jaeger-chamou o Sensei.

Vem ai bomba de certeza.

-Sim Sensei-respondi.

Assim que o olhei nos olhos fiquei novamente hipnotizado. Por mais que eu quisesse desviar o olhar não conseguia.

Ele foi-se aproximando, eu nem me mexi nem ousei deixar de olhar para os seus belos olhos.

-...as notas....não irás....

-Oi, Eren estás a ouvir-me?

-Desculpe Sensei, mas não.

Ele suspirou.

-Eren cada vez mais as tuas notas estão a baixar, se continuares assim não poderás acabar o ano.

-Eu sei Sensei,eu só não tenho vontade para estudar e como não entendo a matéria pior.

Eu vi ele assentir e começar a pensar.

-Eu sei que é muito estranho da minha parte dizer isto mas irei dizer, está bem?

Eu disse que sim usando a cabeça para me expressar.

-Se quiseres eu poderei te dar explicações sobre História e tentar ajudar-te nas outras disciplinas.

Seria uma óptima ideia. Assim recebia ajuda que eu necessito.

-Sensei, eu agradeço, mas isso seria pedir demais.

Afinal ele tinha a sua própria vida,não teria tempo para andar a gastá-lo comigo.

-Eu não me importo-disse ele sorrindo um pouco.

Eu fiquei maravilhado com aquele sorriso mas os seus olhos continuavam na mesma.

-Já que insiste eu irei aceitar, preciso mesmo de levantar as notas.

-Que bom que poderei ajudar-disse ele.

Eu dei o meu melhor sorriso. Ele sorriu também, mas foi mais um sorriso triste do que alegre.

Algo se passa com o Sensei e eu irei descobrir.

-Quando é que quer começar as explicações?-perguntei.

-Se tudo estiver bem para ti Eren, poderei começar hoje.

Eu não tinha nada planeado por isso poderia ser hoje.

-Combinado.

Eu já ia embora quando me lembrei que o Sensei não sabia a minha morada.

-Sensei, antes que me esqueça, a minha morada é....

-Não te preocupes Eren, eu sei onde moras.

Ele o quê?

-Como?

Estranho.

-Devido aos papeis da sala de professores.

Fiquei aliviado com a resposta.

-Então fica marcado para as 19:30 horas?

Ele assentiu.

Saí da sala e fui sentar-me nos bancos que haviam ali perto e pôs-me a pensar.

O que eu faço em relação às minhas memórias?

Eu sinto que perdi algo importante para mim mas o quê?

Não sei por quanto tempo consigo fingir que estou bem e que a perda de memória não me afecta em nada.

O sinal volta a tocar e a minha rotina contínua. Quando as aulas acabaram corri o mais depressa que pude para casa.

Limpei aquela casa o melhor que pude.

Eu não precisava de tanto cuidado, então por que é que limpei a casa?

Será que lá por a mente não se lembrar o meu corpo age por instinto?

SenseiOnde histórias criam vida. Descubra agora